O Complexo Ferroviário de Campo Grande segue interditado por tempo indeterminado depois que o telhado de um galpão que faz parte do conjunto desabou no último fim de semana. Já existem planos de reforma para o espaço, que deve receber R$ 800 mil do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para elaboração do projeto.
A queda do telhado ocorreu após chuvas fortes que atingiram a cidade no domingo (7). Ninguém se feriu. O coordenador da Defesa Civil Municipal, Adolfo Scipião dos Santos, explica que o objetivo da interdição é evitar que alguém se machuque.
“Nós fizemos a interdição desse espaço para preservar as pessoas que vêm a esse local para tirar uma foto, para às vezes brincar uma criança. Então, nós fizemos a interdição deste galpão e dos outros galpões adjacentes para evitar algum sinistro, alguma coisa com alguma pessoa.”
Apesar de ninguém ter se ferido durante o desabamento de parte do telhado, a estrutura está condenada. Existem projetos de restauração do local, mas do jeito que está no momento não pode ser utilizado.
Os telhados de todos os galpões são muito antigos e, consequentemente, vulneráveis às intempéries como chuva e vento.
“Nós vamos monitorar por tempo indeterminado, até que se tome uma providência. Essa é a determinação da Prefeitura”, enfatizou o coordenador da Defesa Civil Municipal.
A reforma do complexo
O complexo ferroviário da capital é de 1942 e foi tombado como um patrimônio histórico. Para os historiadores, a área da rotunda é considerada como vestígio da Arqueologia Industrial Ferroviária, um item da memória cultural.
Isso explica a importância da revitalização. R$ 800 mil do PAC estão garantidos para a elaboração de projetos executivos para reforma do complexo.
O superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Mato Grosso do Sul, João Henrique dos Santos, explica que a verba é exclusiva para a elaboração do projeto, etapa que antecede as obras.
“Nesse ano, o PAC Seleções junto ao Iphan contemplou 104 projetos de arquitetura e uma dessas ações contempladas foi o complexo ferroviário daqui de Campo Grande. Essa ação foi inscrita pela Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo) em conjunto com os técnicos do Iphan e a gente foi contemplado com esse valor de R$ 800 mil para elaborar o projeto de restauro para essas edificações”.
O superintendente explica que o telhado danificado é de um edifício conhecido como Abrigo de Locomotivas. “Ele foi construído em 1942 justamente para dar suporte a toda essa região do complexo ferroviário. Então aqui nessa edificação era onde ocorria a lavagem de vagões e de locomotivas”.
Segundo ele, o projeto já está pronto e não será alterado em razão desse desabamento. “O que está pronto é a ação que a gente cadastrou no governo federal para ser contemplado com esse recurso. Agora a gente vai contratar uma empresa, a Prefeitura vai abrir uma licitação, vai contratar uma empresa para elaborar o projeto. Nesse projeto a gente vai contemplar aqui o futuro uso, que possivelmente a Prefeitura já tem os seus usos pretendidos para essa área”.
João Santos reforça que a região é importante não só para Campo Grande, mas para todo o estado e explica que estas obras normalmente demoram porque são feitas mediante o cumprimento de algumas regras.
“ É moroso porque a gente tem ritos a serem seguidos, mas eu acho que a gente está num caminho. Infelizmente a gente teve esse sinistro, mas muitos órgãos municipais e federais já atuaram para averiguar, para deixar esse espaço seguro. Essa região é linda, merece a atenção dos órgãos públicos, mas também merece o reconhecimento da própria população, de enxergar que aqui é um espaço que está ligado à nossa memória, à nossa identidade”, disse.
Fonte: primeirapagina