Sophia @princesinhamt
Educação

Adolescência e Religião: Como a Religiosidade Impacta os Jovens

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Sempre me ocupei de prover saúde a filho. Mãe atenta e, sim, um tanto exagerada nos cuidados com meu bebê, me dediquei a suprir suas necessidades essenciais, tais como alimentação e educação com esmero. Anos passavam e, enquanto isso, via o milagre da vida acontecer bem diante de mim transformando a criança dependente em homem autônomo; porém, sem religiosidade.

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Formar filho por completo

As invariáveis adversidades foram se apresentando: fracassos, frustrações, perdas, lutos. A vida como ela é começou a me cobrar respostas e foi na religiosidade que encontrei força e coragem para persegui-las com esperança e confiança de que não estou só tampouco sou autossuficiente para encontrá-las.

Precisei cair muitas vezes antes de despertar para o valor da religiosidade. Depois de várias quedas, enfim, a certeza: ser adulto realmente saudável exige também espírito fortalecido. Assim, de corpo e alma fortes, descobri o que até então me era não tanto desconhecido mas adormecido: a religiosidade.

Frente a estarrecedoras notícias e estatísticas sobre nossos jovens vulneráveis a doenças ditas “da atualidade” como ansiedade e depressão passei a nutrir filho também espiritualmente pela religiosidade. Aprendi – e constatei – por experiência própria, que só assim o homem cresce continuamente… e por completo.

O poder da religiosidade

Essencial ao homem, a religiosidade é semente rica em nutrientes para a alma, parte fundamental do ser humano. Tão vital quanto suprir o corpo para um crescimento saudável, nutrir a alma com a religiosidade completa o homem em formação.

Espírito forte nos capacita a enxergar o mundo por uma lente além do óbvio e material; nos fortalece para encarar as vicissitudes da vida com esperança por dias melhores; nos inspira a crer em alguém superior a nós, meros humanos. Espírito forte nos põe em nosso lugar nos enxergando limitados, a não nos fazer de Deus mas necessitados e dependentes dele.

Sobre o alicerce da religiosidade, descobri força para viver as dores da vida com perseverança e, sobretudo, confiança de que Deus me capacita para vencê-las… com Ele. Pela religiosidade finalmente me foi desvendado o sentido de minha existência e de minha missão de vida.

A religiosidade forma caráter

A ciência também se curva ao mesmo entendimento. Segundo pesquisa do Journal of Adolescent Health (2006), quanto maior a religiosidade:

Em suma: espírito nutrido aumenta – significativamente (palavra minha) – as chances de formar adulto saudável – e completo (palavra também minha) – para o mundo.

Danos da falta de religiosidade

Em um mundo tão necessitado de saúde – em todos os sentidos – compomos sociedade doente e carente sobretudo de sabedoria e esperança. Dragados pela ágil e dinâmica modernidade, arriscamos viver relações superficiais em prol de uma dita “evolução” que nos afoga e deprime em dores do mundo até conhecidas mas ameaçadoramente difíceis ao ser humano.

Sempre ocupados demais “não termos tempo para nada” – como muitos se justificam às vezes de forma até orgulhosa – abdicamos de cultivar a espiritualidade e nos aprofundar em uma fiel e verdadeira religiosidade. Rasos e sem tempo “para tanto”, perecemos no ostracismo perene nos tornando verdadeiros “nanicos espirituais”, ou seja, seres limitados ao (e pelo) materialismo.

Freneticamente envolvidos em deveres e afazeres, distrações e inúmeras atividades, vamos negligentemente distanciando de nossa essência até, enfim desatentos, nos perdermos do que verdadeiramente nos sustenta e é vital.

Gradativamente vamos nos tornando seres demasiadamente ocupados, inquietantemente aflitos e excessivamente angustiados por uma realidade meramente humana; vamos nos deformando e perdendo a humanidade prezando o efêmero em detrimento ao essencial. Homens que somos, desapercebidamente desconectamos corpo da alma; esquecemos que crescer saudável é se aprimorar por completo.

Livre arbítrio mal usado

Quando escuto pais e mães deturparem o livre arbítrio para se eximirem de iniciar filho em uma religiosidade, me pergunto:

— Como não enxergar a valorosa e vital necessidade de incluir a espiritualidade na formação de um adulto saudável?

De repente, a afirmativa comumente repetida de que “somos corpo e alma” seja só mais uma retórica inconsciente que, como muitos outros clichês, não leva a uma mudança capaz de ampliar a leitura – e prática – sobre o óbvio.

Usar a liberdade de escolha como justificativa para a privação de uma religiosidade, limita pais a uma missão incompleta. Ater-se a necessidades biológicas e intelectuais do filho como dever suficiente ao seu desenvolvimento é missão tão básica como deficiente.

Cegos e negligentes, formamos iguais cegos espiritualmente capengas:

— Daniel é livre para escolher a religião que quiser e quando quiser. Não acho certo lhe impor uma crença ou qualquer religião – disse certa mãe em um grupo.

Como ela, muitas outras compartilharam da mesma opinião. Talvez porque não tivessem sido elas mesmas nutridas espiritualmente e, por isso, desacreditassem do valor na prática. Independente do motivo, a maioria desdenhou do cultivo à religiosidade com a superficialidade humana de quem enxerga – e só se permite enxergar – o que os olhos veem.

A religiosidade é essencial ao ser humano

O presunçoso e, a meu ver, pobre discurso calcado no livre arbítrio como fundamento à abstenção de uma educação religiosa me soa no mínimo irresponsável para não dizer, preguiçoso. Livre arbítrio é premissa indiscutível e usá-la como bengala a uma negligente atuação sobre nossos filhos, é contestável.

Nos dias “de hoje”, muitos se ocupam em apontar as mazelas da atualidade desconsiderando o efeito nocivo de uma liberdade descontrolada e desvirtuada, quase instintiva e meramente animal. Usar do livre arbítrio para escolher “quando e o que quiser” não nos torna livres mas inclinados ao permissivo individualismo egoísta e manipulador.

A cômoda decisão de delegar ao filho a responsabilidade de descobrir no futuro – se assim conseguir e sabe-se lá como – o árduo caminho da espiritualidade negligenciada desde seu nascimento é compactuar com uma formação pobre de quem nos foi confiado. Cultivar a religiosidade em filho é indispensável.

Terreno não semeado, não frutifica. Sabemos que logo fará suas próprias escolhas mas a chance de fazê-las a partir de um corpo e alma fortes, o torna capaz de decidir com sabedoria, humildade e esperança especialmente em tempos difíceis… como por exemplo o atual que hoje vivemos.

Os frutos do cultivo da religiosidade

Fui adolescente distante da religiosidade como meu filho hoje mas, a semente jogada em terreno fértil quando criança fez toda a diferença na minha vida adulta. Tão logo precisei, não precisei percorrer diferentes caminhos; soube a qual retomar para mudar, me fortalecer e seguir adiante mais forte e melhor do que antes.

Hoje mãe e tendo passado por inúmeras provações, valorizo a religiosidade na formação do filho imensamente. Por isso persisto neste desafio continuamente. Paciente, constante e perseverante, continuo semeando com a fidelidade de quem se compromete a formar adulto saudável por completo.

Convencida da importância da religiosidade semeada e nutrida em filho, sei que os frutos, no tempo certo, virão e arrisco afirmar que aparecem inesperadamente. Como àquele dia em que me surpreendi com filho quando prestes a sair:

— Mãe, espera! Vou contigo à Igreja. meio bolado com umas coisas aí… acho que vai me ajudar parar para rezar… me sinto bem quando volto de lá…

A religiosidade completa

Filho ainda não sabe, mas persistir neste cultivo gera frutos ainda melhores e maiores do que “se sentir bem”. A grandeza de quem se dedica a verdadeiramente nutrir o espírito está no fincar alicerces sólidos para uma vida com sentido que capacita a viver os invariáveis desafios com a confiança de que não nos bastamos mas, conectados de corpo e alma, somos livres para receber a sabedoria que só deus é capaz de prover e inspirar.

*Xila Damian é escritora, palestrante e criadora do blog Minha mãe é um saco!, espaço em que conta as situações cotidianas e comuns que vive sendo mãe de adolescentes, buscando desmistificar clichês sobre essa fase dos filhos, para transformá-la em um tempo de aprendizado.

Fonte: semprefamilia.com.br

Sobre o autor

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Fábio Neves

Jornalista DRT 0003133/MT - O universo de cada um, se resume no tamanho do seu saber. Vamos ser a mudança que, queremos ver no Mundo