Estamos vivendo tempos sombrios no cinema de terror.
Até a estreia de “A Primeira Profecia” na semana que vem (4 de abril), os fãs se decepcionam com estreias nada empolgantes.
Entre elas “Imaginário – Brinquedo Diabólico”.
O filme conta a história de uma mulher que retorna à casa onde cresceu. Agora, mãe, ela vê a filha encontrar um ursinho de pelúcia no sótão. A menina passa a ter uma relação próxima ao bichinho.
Claro, pra todos os personagens, é só um amigo imaginário. Mas se fosse só isso, não teria graça, né?
Pois bem.
A coluna desta semana não é sobre esse filme. Mas ele está inserido no novo conceito que vem surgindo no cinema de horror.
Filmes que são feitos para crianças. Sim. Há pais malucos que levam os filhos para tomar sustos no cinema. (Graças a Deus!!!!)
Esse do ursinho é claramente um deles. Vi uma crítica muito bem colocada dizendo que é um “filme de terror da Disney”, apesar de ter sido produzido por outro estúdio.
É bem isso.
É bem o que é “Five Nights at Freddy´s – O Pesadelo Sem Fim (FNAT)”, filme de 2023, que falamos aqui na coluna do dia 17 de novembro do ano passado. Se quiser rever, clique aqui.
Filmes leves com temática sobrenatural.
É como um aquecimento pra nova geração.
Começa com Scooby Doo, passa para filmes de brinquedos e chega no que vale a pena, mesmo.
Bons programas para pais que desejam, no futuro, compartilhar o lugar do sofá ou o assento do cinema com seus pimpolhos crescidos.
A minha filha, com 20 anos, só agora começa a me acompanhar. Assistimos, juntos, nas últimas férias, à toda a filmografia de Pânico. Por enquanto, esse é o limite dela. Se não tiver sobrenatural, me acompanha.
Apareceu um fantasma, já era. Acabou a brincadeira.
Por isso, esses filmes de terror pra criança, apesar de decepcionar os adultos, mostram-se um grande investimento para uma família unida na escuridão.
Agora, tem um filme que diverte crianças e adultos.
É desses filmes que de tão ruins se tornam deliciosos.
“Willie´s Wonderland: Parque Maldito” é cópia deslavada e sem autorização de FNAF.
Mas como isso é possível?
Simples. A película de 2021, segundo o diretor Kevin Lewis, é baseada num curta-metragem de 2015 chamado Wally´s Wonderland. O videogame surgiu em 2014. Tirem suas conclusões.
Nicholas Cage ficou atento à essa polêmica e resolveu produzir a película de olho, claro, em money, money, money.
E quer saber?
Eu curti muito mais o filme de Nicholas Cage que o estrelado no ano passado por Josh Hutcherson.
Virou cult.
Canastrão como sempre, o ator não diz uma única palavra em todo o filme! É incrível isso.
Em entrevista, durante o lançamento, ele disse teve a ideia de ficar mudo durante uma conversa com o diretor.
“Os diálogos do meu personagem em Willy´s Wonderland eram muito esparsos, então, eu decidi com o Kevin, o diretor, dar uma de Harpo Marx e suprimir todo o diálogo porque eu pensei que seria um exercício divertido de atuação ver o quanto eu conseguiria me comunicar sem palavras, só com movimentos e expressões faciais. Estou muito feliz com os resultados de Willy’s Wonderland. Foi uma boa experiência.”
Cage, infelizmente (alerta de ironia!) sem nova indicação ao oscar, interpreta um sujeito durão que passa com seu carrão envenenado na estrada que cruza a pequena cidade de Heysville, na Carolina do Norte.
Algo acontece e os pneus furam.
Por “sorte”, surge um mecânico com um guincho e leva veículo e motorista para a única oficina da cidade.
O conserto vai ficar caro. Mil dólares. Mas o visitante parece ter crédito na praça e saca o cartão de imediato. Que pena. O local não passa cartão e na cidade não há caixas eletrônicos.
Acostumado com a situação, o mecânico benevolente tem uma ideia. Chama um empresário amigo para resolver o problema.
O homem é dono de um buffet infantil abandonado, o tal Willie´s Wonderland. Em tempos áureos, o local era lotado de crianças e pais felizes em poder bancar uma festa pros filhos com animatronics que cantam e tocam instrumentos para alegrar a garotada.
Mas, como está abandonado, precisa de faxinas de tempos em tempos. Uma faxina de 1.000 dólares. Sem opção, o forasteiro aceita e, a partir disso, é conhecido como The Janitor (o zelador) – pois é, ninguém sabe o nome dele no filme.
É muito cópia de Five Nights. Não importa o que disseram os envolvidos.
Mas ao contrário do protagonista de FNAF, que é apenas um desempregado em busca de sustentar a irmã, Cage parece ter uma carga de experiências passadas que o prepararam para enfrentar qualquer tipo de ameaça.
Até com as mãos amarradas atrás das costas!
A preguiça que lidera a banda dos animatronics não sabe em que se meteu.
Ela devia ter visto o zelador jogando pinball, dançando e bebendo energético de hora em hora antes de confrontar o cara.
É muito engraçado como o zelador, apesar do que presencia no parque, continua obstinado por cumprir a missão.
Assim que arrebenta um dos vilões, precisa refazer a faxina para remover a graxa que se espalha novamente pelo salão.
A camiseta de uniforme que ele troca a cada morte até hoje é vendida em feiras geeks. Eu adoraria ter uma!
Um a um, os animatronics vão ganhando vida e, tirando uma única boneca que mais parece um ser humano fantasiado, é até difícil acreditar que os demais têm mobilidade para matar alguém.
Faltou orçamento.
Produção barata como muitas outras que Cage estrelou nos últimos anos.
Ver o homem calado distribuindo porrada sem dó nos bichos é muito legal.
Ah! Tem um roteirozinho também. Que envolve uma adolescente da cidade adotada pela chefe de polícia.
Não é spoiler dizer que os destinos dela e do zelador vão se cruzar na luta contra a maldição do parque do Wiilie.
Um filme pra não ser levado a sério.
Mas para ser curtido com um balde de pipoca ao lado dos filhos ou dos sobrinhos.
Desde que eles façam como o zelador.
Não falem uma palavra sequer durante o filme.
Afinal, é de pequeno que se aprende que cinema não é lugar pra conversar.
Fonte: primeirapagina