No especial “Visão 2030 Arábia Saudita”, o GazzConecta mergulha na cultura, oportunidades e tendências de um dos países mais ricos do mundo
Pode um país com uma economia centrada em uma única commodity se tornar referência em inovação? Para a Arábia Saudita, ao que tudo indica, a resposta é positiva. Ainda que com uma atividade econômica baseada na extração e exportação de petróleo, o país está ambicioso em relação ao seu futuro — e ele tem tudo para ser mais sustentável.
Fato é que desde os preparativos para sediar a Copa do Mundo de futebol no Catar, país vizinho à Arábia Saudita, o Oriente Médio tem ganhado holofotes globais. A abundância econômica e os padrões luxuosos pouco comuns à grande maioria das nações foram pauta de discussões sobre o potencial de desenvolvimento econômico e social de nações que extrapolam os limites territoriais dos Estados Unidos e China, atuais líderes em tecnologia global.
No caso da Arábia Saudita, parte dessas discussões envolve um investimento maciço em cultura e esportes. Parte desse investimento está tomando forma na capital e maior cidade do país, Riade. O Qiddiya é um megaprojeto de entretenimento, esportes e cultura que está sendo construído desde 2019 no coração da Arábia Saudita.
O país também tem se tornado um epicentro do esporte, atraindo grandes estrelas do futebol global como Cristiano Ronaldo e o francês Karim Benzema, jogadores titulares dos clubes Al-Nassr e Al-Ittihad respectivamente.
“É um caminho que vai muito além do futebol. É algo transformacional que já vimos começar há tempos e que agora ganha força e destaque”, avalia Diogo Ruiz, empreendedor e correspondente do GazzConecta que recentemente esteve no país para acompanhar os bastidores dos projetos ligados ao plano 2030.
Ao trazer grandes craques e atrair a atenção do público, o país também busca suavizar sua visão ante a opinião pública, tornando-se referência em cultura e entretenimento. A Arábia Saudita buscou resumir esse e outros esforços em um robusto plano econômico nomeado de “Saudi Vision 2030”, documento que consolida os objetivos estratégicos e ações em favor do desenvolvimento econômico social e econômico sustentável do país até o final da década.
O plano busca posicionar o país entre os principais players do mundo, investindo em pilares como inovação, sustentabilidade e tecnologia. Na lista de ações para se chegar lá, a Arábia Saudita aposta na diversificação da economia para além dos setores de óleo e gás.
“Diversificar a nossa economia é vital para a sua sustentabilidade. Embora o petróleo e gás sejam pilares essenciais da nossa economia, começamos a expandir os nossos investimentos em setores adicionais. Entendemos que há desafios complicados pela frente, mas temos planos de longo prazo para superá-los”, descreve o documento oficial do Vision 2030.
Na visão de desenvolvimento econômico saudita, o foco está nos investimentos em setores específicos – até então colocados em segundo plano. Entre eles, estão a indústria, turismo e lazer e mineração.
O país afirma que irá apoiar a transição energética da manufatura, além da criação de atrações de entretenimento que sigam padrões internacionais. “Se olharmos para a extensão da Arábia Saudita, faz muito sentido dizer que lá será o próximo destino internacional de viagens de luxo. As opções serão bem mais variadas do que em Dubai, que é, hoje, o principal centro de turismo do Oriente Médio”, avalia Ruiz.
Somados todos os esforços, incluindo a privatização de importantes companhias públicas, como a petrolífera estatal Saudi Aramco, a Arábia Saudita quer, com o Vision 20203, ocupar sua posição entre as 15 maiores economias do mundo.
Atualmente, o país está no top 20. “A clareza em relação a que lugar queremos chegar é o que torna quase impossível não crer que a Arábia Saudita, de fato, vai chegar aonde estabelece. Com disposição e recursos, é uma aposta certa”, conclui.
Luxo sustentável?
O olhar para a sustentabilidade também é o alicerce para o desenvolvimento de megaprojetos arquitetônicos por todo o país. Um exemplo é a emblemática Neom, uma cidade futurista construída em meio ao deserto. O projeto, que custará ao Fundo Soberano no reino o montante de US$ 500 bilhões, tem como objetivo atrair visitantes e investidores de todo o mundo em favor da economia verde e qualidade de vida.
A cidade também conta com projetos paralelos como a Oxagon, cidade flutuante que opera com energia limpa e receberá seus primeiros moradores já em 2024; Trojena, destino turístico nas montanhas com inauguração prevista para 2026 – e que recebe os Jogos de Inverno em 2029; e The Line, cidade vertical de 170 km de extensão construída em meio ao deserto.
Do lado da sustentabilidade, alguns outros projetos ligados ao Vision 2030 também incluem iniciativas como o Green Middle East, de redução dos impactos ambientais causados pelas mudanças climáticas. “Não há dúvida: a Arábia Saudita é o país da próxima década. E que bom que já estamos atentos a essa revolução”, diz.
Novos laços com Brasil
A aproximação da Arábia Saudita com os motes de sustentabilidade e transição energética também cooperam para um estreitamento de laços com o Brasil, uma potência natural em energias renováveis. Para além dos acordos comerciais em frentes como agronegócio e exportação de combustíveis fósseis, os dois países devem estender suas relações em áreas como geração de energia e produção de alimentos.
Na pauta da Arábia Saudita, por exemplo, está a entrada oficial no BRICS, grupo que reúne as principais economias emergentes do mundo – incluindo o Brasil. A incursão do país saudita no seleto grupo é algo que tem sido, inclusive, apoiado pelo novo governo brasileiro, disposto a cooperar com tal movimentação. Já do lado dos sauditas, há também a intenção de se aproximar do Brasil. Nos próximos sete anos, a Arábia Saudita pretende injetar ao menos US$ 9 bilhões no Brasil por meio de seu Fundo Soberano.
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