Os geólogos ainda não decidiram se os impactos humanos causados no planeta devem ou não marcar uma nova era geológica, mas as mudanças climáticas oriundas desses impactos são um fato. Em mais um exemplo que mostra a realidade dessas consequências, uma pesquisa mostrou que a primavera pode estar chegando um pouco mais cedo do que o previsto.
Os pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo e da Universidade de Sevilha estudaram o Parque Nacional de Doñana, no extremo sudoeste da Espanha, e chegaram a um resultado preocupante. Várias flores do parque estão florescendo algumas semanas mais cedo do que o normal, graças ao aumento das temperaturas.
Os pesquisadores analisaram dados de floração de 51 espécies de arbustos e árvores presentes no parque, em um período de 35 anos. Os resultados mostraram, que em média, as flores estão florescendo pelo menos 22 dias mais cedo do que costumavam florescer na década de 1990, quando os dados começaram a ser registrados.
A mudança do período de floração varia a cada espécie, mas 80% das plantas estudadas começaram a florescer antes, com 68% também encerrando seu período de floração antes do previsto. Plantas como o alecrim (Salvia rosmarinus) foram as que mais sofreram mudanças. Elas estão dando flores 92 dias mais cedo do que antigamente.
Pode parecer pouco, mas o aumento de 1º C ou 2º C na média das temperaturas pode gerar um grande efeito dominó. O aumento das temperaturas faz com que a neve do inverno passe a derreter mais rápido e mais cedo, de forma que as flores também comecem a florescer antes, e assim sucessivamente.
O problema é que isso pode afetar o ciclo dos animais polinizadores. Os insetos, que também servem de alimento para as aves, se alimentam das plantas, e também as ajudam a se reproduzir.
Mas o parque também é um local de parada para diversas espécies de aves durante o seu período de migração. Assim, quaisquer mudanças na agenda de florescimento das plantas podem afetar a distribuição dos insetos, que por sua vez, poderá afetar também as populações de aves que passam por ali.
Para os pesquisadores, os estudos na região do Mediterrâneo podem ser ótimos como parâmetro para os efeitos das mudanças climáticas em todo o globo. Isso porque os efeitos das alterações climáticas por lá são mais fortes do que a média em todo o planeta.
Fonte: abril