A Embaixada da em Santa Fé reagiu à sugestão do papa Francisco de que Kiev deveria “levantar uma bandeira branca” para pôr fim ao conflito com a Rússia. A diplomacia publicou um comunicado nas redes sociais neste domingo, 10, e comparou Vladimir Putin ao nazista Adolf Hitler. A invasão da Ucrânia pela Rússia completou dois anos em 24 de fevereiro.
O papa concedeu uma entrevista à emissora suíça RSI, que vai ao ar em 20 de março. Porém, a agência de notícias Reuters teve acesso antecipado às falas do pontífice. Na ocasião, ele disse que as conversas entre o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e da Rússia, Putin, deveriam ser realizadas com a ajuda de potências internacionais.
“Penso que o melhor é aquele que olha para a situação, pensa no povo e tem a coragem da bandeira branca e negociar”, disse Francisco. “A palavra negociar é uma palavra corajosa. Quando você vê que está derrotado, que as coisas não vão bem, é preciso ter coragem para negociar.”
“Podemos sentir vergonha, mas com quantos mortos [a guerra] terminará?”, perguntou o papa. “[Deveríamos] negociar a tempo, encontrar um país que possa ser um mediador.”
O papa ainda disse que uma negociação “nunca é uma rendição”, mas sim a “coragem para não levar o país ao suicídio”.
Ucrânia responde ao papa
A sede diplomática disse que é preciso aprender as “lições da Segunda Guerra Mundial”. O órgão comparou Putin com Hitler para refutar as falas do pontífice.
“Na época, alguém falou seriamente em negociações de paz com Hitler e de bandeira branca para satisfazê-lo?”, informou a embaixada. “Se quisermos acabar a guerra, precisamos fazer de tudo para matar o dragão.”
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, respondeu com uma publicação no Twitter/X. “Nossa bandeira é amarela e azul. Esta é a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfaremos. Nunca levantaremos outras bandeiras”, disse
O presidente da Associação Cristã dos Ucranianos na Itália, Oles Horodetskyy, também comentou as afirmações do papa. Ele classificou as falas como “chocantes, embaraçosas e profundamente ofensivas contra o povo que há mais de 2 anos tenta sobreviver à terrível agressão russa”.
“Ao pedido de nos render ao carrasco do Kremlin, respondemos com resistência. Jamais teríamos imaginado receber esse pedido do nosso Papa. Para um cristão, é inaceitável se render ao mal e ao pecado representados pela Rússia de Vladimir Putin”, disse Horodetskyy.
A agência de notícias Ansa questionou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, que respondeu por meio da porta-voz, Maria Zakharova. Ela disse que as palavras do papa são voltadas ao “Ocidente” e que Moscou “nunca bloqueou as tratativas”. “Qualquer especialista, político ou diplomata, entende que a Ucrânia está em um beco sem saída”, completou.
Fonte: revistaoeste