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Ciência & Saúde

Elefantes asiáticos têm instinto impressionante: enterram filhotes falecidos para protegê-los

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Os seres humanos aparentemente não são os únicos animais que fazem funerais. Um estudo de dois pesquisadores indianos identificou cinco casos em que elefantes asiáticos enterraram filhotes de sua manada que haviam morrido. O estudo foi publicado no periódico Journal of Threatened Taxa.

A forma como os animais interagem com os mortos e moribundos diz muito sobre sua cognição e emoções. A maioria das espécies não liga muito quando seus parentes morrem. Em espécies com capacidades cognitivas mais “fortes”, existem exemplos de reações comportamentais à morte de um indivíduo.

Corvos, por exemplo, se aglomeram em volta do falecido, provavelmente para investigar a causa de sua morte e entrar em alerta contra possíveis ameaças. Golfinhos e baleias também dão sinais de “comportamento atento pós-morte”, um equivalente do luto no mundo animal. Nesses cetáceos, ele acontecia mais com fêmeas lamentando por seus filhotes.

No caso dos elefantes, o afeto com os filhotes se estende por todo o rebanho. Até mesmo depois da morte dos menores, eles mostram sinais de investimento emocional.

Sinais de luto e funerais em elefantes haviam sido registrados em sua maioria com os elefantes africanos. Neste estudo, a dupla focou em seus parentes: os elefantes asiáticos. Eles identificaram 5 enterros feitos pela espécie na região de Bengal, na Índia, em 2022 e 2023. Não houve interferência humana em nenhum deles.

Os pesquisadores descobriram que, em todos os casos, o rebanho carregava o filhote falecido pelo tronco e pelas patar antes de enterrá-lo. Segundo os pesquisadores, apenas os bezerros são levados para o enterro porque seria muito difícil arrastar um elefante adulto e pesado. 

Uma carcaça de um elefante enterrada.
Os elefantes filhotes são enterrados assim, com as patas para cima, pelos seus companheiros de rebanho. (West Bengal Forest Department/Reprodução)

Eles encontraram pegadas de entre 15 e 20 elefantes ao redor dos túmulos e sobre o solo que cobria os falecidos. Todos os animais morreram de falência múltipla de órgãos, entre três meses e um ano de vida.

Depois do enterro, os elefantes até evitavam a área. Se antes ela era uma de suas rotas de migração, eles passavam a usar caminhos paralelos para se deslocar.

Para os pesquisadores, esse tipo de comportamento, até então mal estudado, vem à tona conforme os habitats dos elefantes são invadidos pelos humanos – e conforme eles também precisam invadir nosso território em meio à escassez de alimento. 

“A Índia tem mais de 60% da população global de elefantes asiáticos, apesar de ser um dos países mais populosos do mundo. A população humana fica cada vez maior, e a pecuária e as terras agrícolas também crescem; somados aos esforços de conservação para aumentar a população de elefantes, a sobreposição entre humanos e não-humanos aumenta”, escrevem em seu artigo. 

Uma carcaça de elefante sendo carregada por um membro do rebanho.
Os elefantes foram vistos arrastando o cadáver de filhotes por vários metros até chegarem ao local em é enterrado. (West Bengal Forest Department/Reprodução)

Atualmente, o elefante asiático é considerado uma espécie ameaçada pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Fonte: abril

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