Entre os procedimentos médicos que foram suspensos nesta terça-feira (20) pela MedTrauma Serviços Médicos Especializados Ltda, estava a cirurgia ortopédica eletiva da idosa Amância de Souza Ramos, dona de casa de 93 anos.
Amância aguardava em Cuiabá há 10 dias por uma operação no colo do fêmur. A cirurgia estava marcada para esta terça, porém para surpresa da família, o procedimento não foi realizado.
A filha dela, dona Miguelina de Souza Ramos, conta que a idosa caiu dentro do quarto, quebrou o fêmur e já está internada no HMC (Hospital Municipal de Cuiabá) há 10 dias. Ela vai fazer 94 anos na próxima quinta-feira.
“Ela já tinha feito todos os exames, risco cirúrgico, estava pronta para a cirurgia. A gente está muito apreensivo, porque se demorar muito a cirurgia ela pode não voltar viva pra casa”, disse Miguelina.
Dona Amância está entre os 12 pacientes que tiveram cirurgias ortopédicas suspensas nesta terça-feira (20) no HMC. Além desse procedimentos, 72 consultas com ortopedista também foram canceladas. De acordo com a empresa MedTrauma, a suspensão cumpre o decreto municipal.
“Não deixamos de atender urgências e emergências, apenas as cirurgias eletivas – que são programadas – e atendimentos eletivos que é ambulatorial. As cirurgias eletivas foram suspensas devido ao decreto que foi emitido pela prefeitura, onde suspendia todos os serviços prestados pela empresa. Aí a empresa, infelizmente, não teve como fazer nenhum tipo de atendimento”, afirma o médico da MedTrauma, Vitor Spalatti.
Na segunda-feira (19) a Prefeitura de Cuiabá publicou um decreto que suspende parcialmente o contrato com a MedTrauma.
No entanto, de acordo com o município o decreto não suspende as cirurgias e sim o fornecimento de OPMEs (Órteses, Próteses e Materiais Especiais). A prefeitura disse ainda que tem contrato com outra empresa que distribui esses materiais, com isso, a MedTrauma deve continuar realizando as cirurgias.
O decreto foi publicado após uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, que foi ao ar no último domingo (18), que mostrou como funcionava o suposto esquema de fraudes em procedimentos ortopédicos no sistema de saúde de Mato Grosso e outros dois estados envolvendo a empresa MedTrauma.
Entre as irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União, elaborado pela Unidade de Auditoria Especializada em Contratações, estão diversos indícios de comercialização ilegal da medicina, falta de autorização da ANVISA, superfaturamento.
Além disso, ainda segundo o decreto, outras investigações de participação da empresa em cartel, abandono de contrato, entre outros.
A MedTrauma informou que as cirurgias eletivas e as consultas serão retomadas na quarta-feira (20).
Fonte: primeirapagina
