O presidente Lula (PT) intensificou a crise diplomática com Israel, no domingo 18, ao , no qual os nazistas mataram 6 milhões de judeus. Para o jornal O Estado de S. Paulo, o petista errou, e de forma grave, ao relativizar o massacre.
Especialistas ouvidos pelo Estadão disseram que a declaração “estremece a relação já delicada com Tel-Aviv” e coloca o Brasil em uma posição “ainda mais distante da mediação do conflito”.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico”, afirmou Lula aos jornalistas em Adis Abeba, na Etiópia. “Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”, comparou, enquanto participava como convidado da cúpula anual da União Africana.
Os principais veículos de imprensa do planeta repercutiram a gravidade das declarações, que retiram o Brasil da posição de pacificador na guerra.
O presidente atraiu a ira das autoridades israelenses. Imediatamente, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu afirmou que Lula “atravessou uma linha vermelha”.
Para Karina Stange Calandrin, pesquisadora e colaboradora do Instituto Brasil-Israel, a fala do chefe do Executivo brasileiro é “problemática” do ponto de vista da política externa. “Essa não é uma posição de um país que busca ser um mediador”, argumenta.
“O presidente não escolheu fazer a comparação com o genocídio que aconteceu em Ruanda, com o genocídio armênio ou com o genocídio na guerra da Bósnia; ele escolheu fazer com genocídio dos judeus no Holocausto, então isso coloca os judeus agora na posição de algozes”, diz Karina.
Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice) e ex-embaixador do Brasil em Londres, Rubens Barbosa concorda com Karina. Na opinião dele, a declaração de Lula passou dos limites. “Ele tem sido consistente nas críticas à guerra, mas agora ataca o Estado, e não o governo”, analisou o ex-embaixador.
Ao Estadão, Barbosa ressalta que essa posição prejudica a percepção externa sobre o Brasil, que deve ter posição de independência, e não de “ideologização política”.
Para Daniel Buarque, doutor em relações internacionais pelo King’s College London e autor do livro Brazil’s International Status and Recognition as an Emerging Power, Lula assumiu um risco.
“Tomar partido de forma tão contundente é sempre uma aposta arriscada, e o risco principal nesse processo é que os governos americano e de países da Europa se alinhem a Israel e isolem o Brasil de discussões políticas importantes, não só sobre a atual guerra, mas sobre grandes questões globais”, avaliou Buarque. “Isso seria um problema para o país”.
A resposta de Tel-Aviv foi rápida. Na manhã desta segunda-feira, 19, o Ministério das Relações Exteriores de Israel informou que .
Em comunicado, o chanceler Israel Katz condenou as declarações do petista. “Não esqueceremos nem perdoaremos.”
Fonte: revistaoeste