Quem foi Oscar Freire e José Paulino? E o que aconteceu nos dias 25 de março e 9 de julho? O Dicionário de Ruas de São Paulo responde essas e quaisquer perguntas sobre os logradouros da capital paulista. O site é mantido desde 2003 pelo Núcleo de Memória Urbana do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo. Além da origem do nome de todas as ruas, praças e avenidas, o dicionário também guarda um acervo de imagens históricas de São Paulo.
O site possui uma ferramenta de buscas para facilitar a navegação: basta digitar o nome da sua rua e descobrir qual a história por trás dela. Oscar Freire, por exemplo, foi um médico legista, enquanto José Paulino foi um coronel agricultor. O dicionário fornece uma pequena biografia das pessoas homenageadas nas ruas.
Mas se você consultar a Rua Augusta, por exemplo, não vai encontrar uma biografia – porque Augusta não foi uma pessoa. A palavra vem do latim, e significa “magnífica” ou “majestosa”. A ideia era atribuir uma imagem de grandeza ao local.
Os verbetes ainda mostram onde fica o logradouro, quando ele ganhou o nome atual e se houve um nome anterior. É o caso da Avenida Paulista, que se chamava Rua da Real Grandeza até 1891. A avenida mais famosa da cidade quase recebeu o nome “Av. Joaquim Eugênio de Lima”, em homenagem a um empresário da época. Mas o próprio Joaquim recusou a honraria, e sugeriu chamá-la “Av. Paulista”, para homenagear todos os paulistas.
Outro tipo de logradouro comum refere-se a datas. Nesses casos, o dicionário apresenta o que ocorreu naquele dia. Vinte e cinco de março de 1824 foi a data de juramento da primeira constituição do Brasil independente; e em nove de julho de 1932 ocorreu o primeiro conflito entre paulistas e o governo provisório de Getúlio Vargas, dando início à Revolução Constitucionalista.
Esse tipo de história é registrada pelo Departamento de Cultura (atual Secretaria Municipal de Cultura) desde 1930. Nem todas as ruas têm descrições extensas, é claro: em alguns casos, principalmente em ruas menores, as informações são escassas ou podem ter se perdido com o tempo.
Antes do site, as informações dos logradouros eram datilografadas em fichas e guardadas no Arquivo Histórico. Hoje essas fichinhas continuam no arquivo, localizado no Edifício Ramos de Azevedo, no bairro Bom Retiro. Qualquer pessoa pode visitar o local e consultá-las pessoalmente.
A cidade de São Paulo foi fundada em 1554. As ruas eram nomeadas de maneira informal pelos moradores ou pelo poder público. O primeiro nome de logradouro oficializado por ato legislativo ocorreu em 1892: foi a Rua Cristóvão Colombo, localizada na Sé.
Quem escolhe os nomes das ruas?
As propostas de nomes geralmente são feitas pelos vereadores de São Paulo, na forma de um projeto de lei. Ele é votado e encaminhado para o Poder Executivo, onde ainda deve passar pela Secretaria de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) e pelo Arquivo Histórico Municipal, que irão avaliar questões técnicas e emitir o parecer a favor ou contra a proposta de nome.
Existem algumas questões que devem ser avaliadas antes de confirmar a escolha do nome. Primeiro, a prefeitura precisa averiguar que trata-se de uma via pública e que ainda não foi nomeada (trocas de nome também acontecem, mas são mais raras).
A denominação escolhida pode ser o nome de uma pessoa relevante que já morreu; datas ou fatos históricos; acontecimentos cívicos, culturais ou desportivos; obras literárias, musicais, pictóricas, esculturais e arquitetônicas; personagens do folclore; corpos celestes; topônimos; acidentes geográficos; ou espécies da flora e fauna.
O nome não pode estar sendo usado em outro logradouro da cidade, para evitar confusões, e deve ter no máximo 35 caracteres.
Os cidadãos também podem sugerir nomes diretamente ao Poder Executivo, sem passar pelo Legislativo. A solicitação é feita online, pelo Portal SP156.
Ficou curioso para conhecer a história da sua rua? Pesquise o nome no buscador ou navegue pelas ruas de São Paulo aqui.
Fonte: abril