Preços da saca que não cobrem o alto custo de produção e a quebra de safra de soja, em decorrência ao clima, são considerados hoje os principais desafios enfrentados pelo setor do agronegócio brasileiro, principalmente de Mato Grosso. O “cenário alarmante”, segundo o Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, afeta não somente aos produtores, mas também traz “impactos devastadores” para toda a cadeia produtiva e de suprimentos.
Em Mato Grosso, a safra 2023/24 de soja deve encolher 15,17% em relação ao ciclo passado. A última estimativa do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) aponta uma produção de 38,443 milhões de toneladas. Para o médio-norte, principal região produtora da oleaginosa, a queda deverá ser 15,22%.
O recuo decorre a forte presença do fenômeno El Niño, que causou ausência de chuvas e altas temperaturas no estado. Tais fatores provocaram o encurtamento de ciclo das variedades precoces, levando os produtores a iniciarem a colheita da oleaginosa cerca de 30 dias antes do previsto e a registrar produtividades, em alguns casos, de quatro a dez sacas por hectare.
A saca de 60 quilos de soja no mercado disponível encerrou a quarta-feira (14) cotada em média a R$ 97,34. Valor este abaixo da média de RS 147,37 registrada na mesma data em 2023 e de R$ 171,22 em 2022, além de bem longe do pico visto em 10 de março de 2022 de R$ 184,74 de média, conforme série histórica do Imea.
“O que está em jogo vai além dos lucros individuais dos produtores. Estamos diante de uma crise que compromete a saúde de nossa terra produtiva e do meio ambiente como um todo”, pontua o presidente Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Marcelo Lupatini, em nota publicada em suas redes sociais.
A entidade salienta ainda que “sem recursos adequados, os agricultores enfrentam dificuldades em manter práticas sustentáveis que são essenciais para a preservação de nossos recursos naturais”.
A nota frisa também que “é crucial que como sociedade, reconheçamos a importância do agronegócio e a urgência de apoiar nossos agricultores neste momento crítico. Precisamos buscar soluções que garantam preços justos para os produtos agrícolas, incentivem práticas sustentáveis e promovam o desenvolvimento econômico e social de nossas comunidades rurais”.
Auxílio do governo federal
Em janeiro a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) encaminhou para o Ministério da Agricultura um ofício apresentando propostas que possam ajudar o produtor mato-grossense a superar os efeitos do clima adverso na safra 2023/24.
A sugestão foi a destinação de R$ 500 milhões do Tesouro para suportar o alongamento das dívidas dos produtores de Mato Grosso, conforme prevê o Manual de Crédito Rural (MCR).
Além disso, a entidade também vem orientando o setor a buscar as instituições financeiras e empresas para renegociar as dívidas.
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Fonte: canalrural