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Política

Eleitor de Lula tem medo de se manifestar, diz um dos maiores produtores rurais do Brasil

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Apoiador de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputa o segundo turno da eleição para presidente da República, o empresário e produtor rural Carlos Ernesto Augustin disse que o eleitor do petista tem medo de se manifestar, porque teme por represálias por parte de bolsonaristas. Augustin é um dos interlocutores de Lula com o segmento.

Dono da Petrovina Sementes, em Mato Grosso, Augustin disse que existem agricultores que concordam com a eleição de Lula e que não são favoráveis à reeleição de Bolsonaro. Porém, segundo o produtor, pouquíssimos estão dispostos a declarar este apoio. Ele contou que dia desses estava em Rondonópolis e foi questionado: como é que Lula vai ganhar se não se vê nenhum carro com adesivo de Lula. Augustin disse que se colocar o adesivo, o vidro será quebrado.

Um dos maiores produtores e vendedores de sementes de soja do País, Carlos Augustin é gaúcho e irmão do economista Arno Augustin Filho, secretário do Tesouro Nacional no Governo Dilma Rousseff. Em conversa com os jornalistas, ele disse que a falta de liberdade de pensamento leva as pessoas a ficarem com medo.

“A palavra é essa: medo, e tenho certeza que seu eu colocasse um decalque no vidro do meu carro ia aparecer quebrado”, declarou.

“Esse é o nível, por que não tem mais agricultor [se manifestando]? Por medo, estamos vivendo aqui a oficialização do Gabinete do Ódio. Eu fui estudante no regime militar e lá nós tínhamos o Dops [Departamento de Ordem Polícia e Social, que reprimia os opositores ao regime]. A gente era fichado no Dops e agora é fichado no Gabinete do Ódio, que é muito pior”, disse o empresário, produtor de soja e algodão em Mato Grosso, que já foi alvo das miliciais digitais nas redes sociais.

Quando Lula disse em uma entrevista ao Jornal Nacional que parte do agronegócio era fascista, Carlos Augustin foi o primeiro a se manifestar. Ele disse que, embora reconheça que existem grupos radicais dentro do agronegócio, Lula errou na declaração, por entender que o ex-presidente generalizou, e disse que ia sugerir que ele pedisse desculpas ao setor.

“Ele [Lula] deu uma grande entrevista no Canal Rural, que elucidou todos os pontos”, explicou.

Apoio ideológico

Para Augustin, a adesão do agronegócio a Bolsonaro é mais uma questão ideológica, porque não dá para comparar o que os governos petistas (Lula e Dilma) e Bolsonaro fizeram pelo agronegócio

“Não tem termos de comparação, o que foi feito pelo crédito rural em um governo e outro. E eu desafio qualquer agricultor a me mostrar o que é que Bolsonaro fez pela agricultura. Eu não vi nada: plano de safra, taxa de juros, e o agricultor sabe exatamente do que eu estou falando. Mas isso não é o importante [para Bolsonaro]. Ele não está pensando nisso, está pensando em ideologia, este que é o problema”.

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