A China anunciou recentemente que vai expandir o plantio de soja e milho geneticamente modificados. Segundo autoridades do Ministério da Agricultura chinês, o intuito é reduzir a dependência de importações.
O anúncio da gigante asiática trouxe para o mercado dúvidas sobre os impactos que tal decisão poderia trazer para o Brasil, um dos maiores produtores de grãos do mundo.
Conforme o diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silveira, as discussões em torno da diminuição de importação por parte da China ocorrem há mais de 15 anos.
“Já fui muitas vezes para a China, participei de fóruns de discussão lá e há 15 anos atrás ela já falava em melhorar a produtividade para diminuir a importação de soja e milho. O que aconteceu nesses últimos 15 anos? Nada. Na verdade, eles aumentaram a importação de milho, que já é transgênico, de soja”.
Brasil não deve ter impacto
Em 2023, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exportou 101,82 milhões de toneladas de soja, das quais 74,4 milhões de toneladas tiveram a China como destino. Em relação ao milho das 55,86 milhões de toneladas enviadas para o exterior, a China foi responsável pela aquisição de 16,1 milhões de toneladas.
O país asiático é, inclusive, o principal cliente de Mato Grosso. Das 28,27 milhões de toneladas de soja exportadas pelo estado, 17,2 milhões de toneladas foram para a China. No caso do milho das 29,13 milhões de toneladas embarcadas, para a gigante da Ásia foram 8 milhões de toneladas.
“Com relação ao Brasil eu não vejo nenhum problema, porque a China tem um problema muito sério estrutural quanto a expansão. Ela já está com toda a sua área agrícola ocupada. Ela tem um modelo. Inclusive, ela tem perdido área produtiva para o aumento das cidades. Os módulos na China, por exemplo, são de um hectare”, diz Glauber Silveira.
O diretor-executivo da Abramilho lembra ainda que situação semelhante de anúncio de reduções de importações ocorrem por parte da Rússia.
“A Rússia eu escuto há 10 anos ela dizendo que o sonho deles é não importar nenhuma carne suína do Brasil. Mas, continua importando. Ou seja, o sonho de qualquer país é não importar, mas infelizmente não é tão simples, pois existe também uma questão de troca. Você quer exportar para outros países? Então você tem que importar dele também”.
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Fonte: canalrural