O RNA mensageiro (mRNA) é lido pelos ribossomos, dentro das nossas células, que fabricam proteínas seguindo as instruções genéticas contidas nele.
As vacinas da Covid criadas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna exploram esse mecanismo: elas trazem uma sequência de mRNA que instrui as células a fazerem a proteína spike do coronavírus (que aí é reconhecida pelo nosso sistema imunológico).
Porém, como mostra um estudo (1) publicado pelas universidades de Oxford e Cambridge, essa tradução nem sempre dá certo: em cerca de 8% das vezes, a proteína é gerada incorretamente.
Isso acontece porque, para evitar que o organismo atacasse o mRNA das vacinas, foi necessário trocar um nucleosídeo (“letra” genética) dele, a uridina (U), por pseudouridina (Ψ).
O novo estudo revelou que essa mudança pode atrapalhar os ribossomos, que às vezes acabam pulando uma letra – um fenômeno conhecido como frameshifting. Isso significa que, além de fazer a proteína spike, eles também geram outras, malformadas.
Segundo os autores do estudo, a descoberta não coloca em dúvida a segurança das vacinas atuais, mas a questão deve ser levada em conta no desenvolvimento de outros produtos baseados em mRNA, como vacinas anticâncer.
Fonte 1. N1-methylpseudouridylation of mRNA causes +1 ribosomal frameshifting. AE Willis e outros, 2023.
Fonte: abril