O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem procurado realizar uma tenebrosa viagem “no túnel do tempo”, com intenções de ressuscitar um passado que trouxe prejuízos ao país. Em artigo no jornal O Estado de S. Paulo, José Fucs critica a postura do governo em retomar uma série de planos e projetos adotados em gestões anteriores do PT.
O jornalista destaca que Lula tem se oposto a tudo o que veio depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, para reequilibrar as finanças públicas e melhorar a governança das estatais, que foram lesadas nos governos petistas, e para tornar o ambiente de negócios mais amigável para os empreendedores.
O presidente tem procurado resgatar projetos malsucedidos no passado, como a ampliação da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que terá investimentos de até R$ 8 bilhões da Petrobras.
O artigo ressalta que Lula tenta impulsionar à força o crescimento econômico usando estatais para interferir na gestão de empresas privadas como a Vale, além da retomada do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e incentivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para gastança sem fim.
+ Leia as últimas notícias sobre Política no site de Oeste
Essas medidas, nas gestões petistas anteriores, como apontou Fucs, “jogaram o país na maior recessão de que se tem notícia em todos os tempos”.
Como se não bastasse, há uma tentativa de promover um “revogaço” de medidas de melhoria da gestão pública adotadas nos governos Temer e Bolsonaro, como a autonomia do Banco Central, a Lei das Estatais, o novo marco do saneamento, que tornou mais atraentes a realização de investimentos na área pela iniciativa privada, e a privatização da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras).
Fucs lembrou uma declaração do economista Marcos Mendes, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), uma escola de negócios, direito e engenharia de São Paulo.
Em entrevista ao Estadão, Mendes disse que “o PT e a maioria das lideranças do partido e da esquerda não admitem que as políticas adotadas atrás foram a causa da grande recessão de 2014 a 2016″.
O economista ressaltou que o PT e as demais siglas da esquerda acham que tudo estava indo muito bem até a Operação Lava Jato e o processo de impeachment de Dilma que “atrapalhou o projeto deles”.
“É natural, portanto, que, ao voltar ao poder, retomem aquelas políticas que eles acreditam que estavam indo bem”, acrescentou.
Lula tem acusado a Lava Jato, sem nenhuma prova, de ter agido em conluio com o governo dos Estados Unidos para prejudicar a Petrobras.
Na declaração dada na retomada dos investimentos em Abreu e Lima, o presidente ignorou que os crimes apurados pela Lava Jato jamais foram contestados, apesar dos “problemas processuais”, que levaram o Supremo Tribunal Federal (STF) a tirá-lo da prisão e a anular decisões judiciais tomadas no âmbito da operação.
Fucs também salienta que o governo enfrenta dificuldades no para tocar os seus planos estatizantes.
Mesmo com o aumento de gastos sem lastro proposto pelo presidente, a maioria dos parlamentares da atual legislatura é de centro, centro-direita e direita, e não tem se mostrado disposta até agora apoiar o “revogaço” proposto pelo governo.
Foi assim, por exemplo, com as tentativas de revogar o novo marco do saneamento, a medida que liberava o trabalho aos domingos no comércio e as propostas para rever a autonomia do Banco Central e a privatização da Eletrobras, que foram rejeitadas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
Lira afirmou em maio de 2023 que a principal reforma que o Congresso terá que brigar diariamente é a de “não deixar retroceder tudo o que já foi aprovado no Brasil no sentido da amplitude do que é mais liberal”.
Mesmo assim, o governo ainda tem uma margem de manobra considerável para reviver políticas nocivas, independentemente do aval do Congresso, como o investimento da Petrobras em Abreu Lima.
Eleito com um discurso voltado para a “pacificação” do país, Lula só reforçou a polarização política e impôs a velha agenda estatista do PT à sociedade.
Na conclusão do artigo, Fucs afirma que, “pelo que já se vê em pouco mais de um ano de governo, o discurso de campanha de Lula foi apenas isso – discurso de campanha, para enganar os incautos e voltar ao poder”.
A expectativa é de que o Congresso continue a minimizar os danos da volta ao passado, como um “trem fantasma” do presidente e o povo se preparar pelo que vem pela frente.
Fonte: revistaoeste