Às vésperas da abertura das inscrições para o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), a estudante cuiabana Marcela dos Santos Bertazzo (17) descobriu que foi desclassificada injustamente do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023. Conforme a jovem, outros candidatos que fizeram a prova na mesma sala dela também foram eliminados da mesma maneira.
Em entrevista a um portal de notícias da capital, a estudante disse que foi surpreendida pela notícia de sua eliminação no exame na terça-feira (16) quando foi liberado resultado no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A desclassificação de Marcela ocorreu no 1° dia do Enem 2023, onde foi aplicada a prova das áreas do conhecimento de Linguagens, códigos e suas tecnologias, Ciências Humanas, além da redação.
Marcela disse que, ao consultar o portal do Inep, a justificativa para a desclassificação é a de que ela teria se recusado a entregar o cartão de respostas do exame. No entanto, a adolescente garante ter entregado todos os cartões e rascunho, alegando ainda que ficou entre os três últimos candidatos a finalizar o exame no dia da prova, precisando então assinar uma ata.
Desconfiada que outros dois participantes que permaneceram por último na sala onde foram realizadas as provas também tivessem sido desclassificados, Marcela imediatamente entrou em contato com eles para unir forças e buscar reverter a situação.
Os três fizeram as provas do 1º e 2º dia do Enem na sala 15 da Escola Estadual Leovegildo de Melo, no bairro CPA III, em Cuiabá. No entanto a adolescente garante que a unidade educacional não tem nenhuma responsabilidade no ocorrido, uma vez que apenas cedeu o espaço para aplicação das provas
Uma das candidatas que também ficou por último com Marcela na sala de prova é a jovem Maria Vitória Rodrigues (18). Ambas já se conheciam, pois estudaram anos atrás juntas. O terceiro estudante que também ficou até o final com elas é Marcos Soave, 18 anos, o qual ela conseguiu encontrar por meio de um vídeo, publicado por Marcela na rede social Instagram.
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Na gravação, a estudante conta sobre a desclassificação e a tristeza que ela e os colegas sentiram assim que souberam da má notícia.
“Nós choramos muito, ficamos desesperados, e aparentemente não é só a gente, mas no Brasil inteiro aconteceu isso. Muita gente comentou minha postagem, foram mais de 55 mil visualizações”, disse.
De acordo com a estudante, que pretende cursar História, tanto ela quanto os dois colegas se prepararam muito para as provas, com cursos de redação e em outras áreas, para obterem um bom desempenho e ingressarem na faculdade através do SiSU.
“Estamos totalmente angustiados e tristes. Passamos um ano inteiro estudando, isso é um desrespeito total, é angustiante, não tenho nem palavras. Só sei que estamos desesperados. Meus pais gastaram muito dinheiro, eu fiz curso de redação, matemática, física e eles também fizeram, sem contar a saúde mental desgastada”, destacou.
“Estou muito mal. Já lido com tantas coisas. Já tive depressão diagnosticada, tomo remédio, ‘tô’ muito mal, ansiedade a mil, sensação inexplicável. É difícil demais para acreditar, é muito ruim”, completou.
A candidata afirmou ainda que, em uma verificação no site do INEP, aparentemente nenhuma eliminação foi constatada na ata de Mato Grosso do Enem 2023.
“Já tentei entrar em contato com o Inep, mas a previsão de resposta é para fevereiro. São de difícil acesso, no telefone ninguém atende. Então, vamos buscar um advogado e entrar na Justiça”, afirmou.
A preocupação de Marcela e os outros dois candidatos se torna ainda mais preocupante diante da data das inscrições para o Sisu, que vão da próxima segunda (22) até quinta-feira (25). O sistema, gerido pelo Ministério da Educação (MEC) oferece vagas em cursos de graduação em instituições públicas para participantes do Enem.
“Esse é o nosso direito, não fomos avisados antes, e nem pudemos pedir reaplicação da prova. A gente precisa dessa nota, mesmo que não consigamos passar é uma forma de saber onde precisa melhorar. Eu tenho a esperança que a gente consiga, mas ao mesmo tempo não sei. Tudo isso é uma injustiça”, concluiu.
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Fonte: unicanews