Uma densa rede de cidades foi descoberta por arqueólogos no Vale do Upano, localizado na Amazônia do Equador. De acordo com o estudo, os assentamentos têm pelo menos 2,5 mil anos.
A pesquisa foi publicada na revista Science na última quinta-feira, 11. O trabalho revela “mais de 6 mil plataformas de terra conectadas por estradas, com paisagens agrícolas e drenagens fluviais.”
Stéphen Rostain, arqueólogo da agência nacional de pesquisa da França (CNRS), começou as escavações no vale há 30 anos. Ele e sua equipe exploraram grandes assentamentos, chamados Sangay e Kilamope.
Eles acharam cerâmica decorada com tinta e linhas incisas, além de grandes jarras que continham restos da tradicional cerveja de milho — até hoje feita no Equador e conhecida como chicha.
O vale pode ter sido ocupado por volta de 500 a.C. até 300 d.C. e 600 d.C.
A pesquisa sugere , aliás, que o Vale do Upano teve ocupação entre 500 a.C. até 600 d.C. “Eu sabia que tínhamos muitos montes, muitas estruturas”, disse Rostain à Science. “Mas não tinha uma visão completa da região.”
Em 2015, entretanto, o Instituto Nacional de Patrimônio Cultural do Equador financiou um levantamento do vale com uma tecnologia de mapeamento a laser, chamada Lidar. O rastreio envolveu aviões que emitiram o laser na floresta.
Havia estruturas para cerimônias
Os pesquisadores identificaram cinco grandes assentamentos e dez menores em uma área de 300 quilômetros quadrados. De acordo com o estudo, todos eram povoados com residências e estruturas para cerimônias.
Além disso, havia campos agrícolas onde existiu plantio de milho, mandioca e batata-doce, encontrados em escavações passadas. “Estamos falando de urbanismo”, ressaltou o coautor do estudo, Fernando Mejía, arqueólogo da Pontifícia Universidade Católica do Equador (). Estima-se que viviam no Vale do Upano cerca de 10 mil habitantes — talvez 15 mil ou 30 mil, em seu auge.
“Sempre houve uma incrível diversidade de pessoas e assentamentos na Amazônia, não apenas uma forma de viver”, afirmou o arqueólogo Antoine Dorison. “Estamos apenas aprendendo mais sobre eles.”
Fonte: revistaoeste