(*) por Antonio Carlos Porto Gonçalves
O Produto Interno Bruto (PIB) real do Brasil deve ter crescido, em 2023, 3% em relação a 2022, pelas estimativas de economistas que acompanham o assunto. Tal variação nĂŁo ocorreu de modo uniforme, pois no primeiro semestre de 2023, a expansĂŁo foi de 2.5%, e, no restante do ano, a economia do paĂs ficou meio parada.
O que explica esse crescimento, concentrado no primeiro semestre, foi o resultado muito positivo do agronegĂłcio na primeira metade do ano, pelo lado da oferta. E, pelo lado da demanda, o crescimento da procura por bens de consumo decorrente dos gastos pĂșblicos ligados Ă PEC de transição.
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Em 2023, porĂ©m, os gastos de investimento dos setores pĂșblico e privado, somados, sofreram uma queda de 2% a 3% com relação a 2022. Ou seja, o crescimento brasileiro em 2023 decorreu de fatores favorĂĄveis e fortuitos ligados ao agronegĂłcio e Ă âexplosĂŁoâ de consumo promovida pelo gasto pĂșblico.
Em contrapartida, o aumento da capacidade de produção do paĂs, a formação de capital fixo, o investimento, declinaram percentualmente. E as perspectivas de recuperação do investimento em 2024 nĂŁo sĂŁo lĂĄ muito boas, devido Ă falta de recursos orçamentĂĄrios do setor pĂșblico e a importantes incertezas econĂŽmicas que atingem as empresas privadas.
A principal dĂșvida decorre da reforma tributĂĄria recentemente aprovada em suas linhas gerais. Enquanto as novas prĂĄticas tributĂĄrias nĂŁo forem bem definidas, pelas leis complementares que estabeleçam com maior precisĂŁo os impostos devidos pelas empresas, teremos um poderoso inibidor do investimento privado atuando na economia.


HĂĄ tambĂ©m outras dĂșvidas que precisam ser esclarecidas, como, por exemplo: o arcabouço fiscal recentemente aprovado, para propiciar o equilĂbrio orçamentĂĄrio do setor pĂșblico, vai resistir Ă s necessidades polĂticas decorrentes das eleiçÔes municipais no segundo semestre de 2024? Outro exemplo: o Banco Central (BC), com a sucessĂŁo do atual presidente, que termina seu mandato em 2024, vai continuar seguindo as regras de metas de inflação estabilizadoras da economia brasileira ou teremos a volta do pesadelo inflacionĂĄrio?
Tais decisĂ”es sĂŁo muito importantes; provavelmente vĂŁo influenciar a economia do paĂs nos prĂłximos cinco, talvez dez anos. Se nĂŁo mais!
(*) Antonio Carlos Porto Gonçalves Ă© conselheiro superior do Instituto Liberal, graduado em engenharia industrial e metalĂșrgica pelo Instituto Militar de Engenharia e mestre e doutor em economia pela Universidade de Chicago
Fonte: revistaoeste