O vice-líder da seção política do grupo terrorista islâmico palestino Hamas, Saleh al-Arouri, foi morto nesta terça-feira, 2, em um ataque israelense em um subúrbio de Beirute.
Arouri era o número dois do conselho do Hamas, atrás apenas do chefe supremo, Ismail Haniyeh.
Além disso, Arouri era chefe da divisão de operações do Hamas na Cisjordânia.
O palestino era considerado uma figura poderosa e influente na organização terrorista, especialmente devido às suas tentativas de estabelecer uma presença imponente de terroristas na Cisjordânia.
Arouri tinha dois papeis. O primeiro público, quando viajava entre turquia, Líbano, Catar, dando entrevistas e declarações, sempre fazendo anúncios duros contra Israel.
Ele era o rosto e a voz do Hamas para explicar as posições do grupo terrorista, para ditar as condições de liberação dos reféns, para relançar retoricamente o grande desafio ao inimigo israelense.
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O segundo papel, mais discreto, era ligado com a liderança do Hamas que permanecia na Faixa de Gaza, em particular Yahia Sinwar e Mohammed Deif, o estrategista das Brigadas Ezzedine al Qassam, para a realização de ações militares.
Mas Arouri era famos também porque vivia em Beirute, onde mantinha contatos estreitos com o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
Líder do Hamas já ordenou o sequestro e o assassinato de crianças
Em 2014, Arouri anunciou o sequestro e o assassinato de três crianças israelenses, Gilad Sha’ar, Naftali Frankel e Eyal Yafarah, e definiu a ação como um “ato heróico”.
Os Estados Unidos declararam Arouri um terrorista global em setembro de 2015, congelando todos seus bens e proibindo os cidadãos americanos de realizarem qualquer tipo de transação com ele.
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Em 2018, Washington anunciou uma recompensa de US$ 5 milhões (cerca de R$ 20 milhões) para quem fornecesse informações sobre o terrorista.
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, Arouri trabalhava com o poderoso Qassem Soleimani, chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária do Irã, os Pasdaran.
Soleimani foi morto em uma operação americana em 2020 em Bagdá, no Iraque.
Israel está caçando os líderes do Hamas
Após os ataques do dia 7 de outubro, Israel criou uma força-tarefa chamada “Nili” para caçar os líderes do Hamas, juntando as informações dos serviços de inteligência interno e externo, Shin Bet e Mossad e da inteligência militar para atuar nos Territórios Palestinos e em qualquer país do Oriente Médio.
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Tel-Aviv recursos econômicos importantes para recrutar espiões e evocou uma “nova Munique” aludindo à vingança contra os responsáveis pelo massacre nos Jogos Olímpicos da Alemanha, em 1972.
Os países amigos do Hamas levaram a sério as declarações do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A Turquia, onde al Arouri passava muito tempo com outros membros do Hamas, reagiu realizando ataques contra supostos “colaboradores” do Mossad e ameaçou retaliar pesadamente.
O Catar, importante para as negociações diplomáticas, teria pedido a Israel que não atacasse os líderes palestinos presentes no país.
Portanto, não é de estranhar que o ataque tenha ocorrido em Beirute, que sempre foi uma arena sangrenta, com um Estado fraco e condições favoráveis para esses tipos de operações.
Foi assim mesmo depois de Munique e durante anos.
A eliminação de Al Arouri é uma ferida grave para o Hamas, mesmo que ninguém seja insubstituível, e o grupo esteja acostumado a sofrer baixas.
Ao mesmo tempo, é um sinal para o Hezbollah, a realidade dominante no Líbano e um parceiro sólido do Hamas. O drone israelense encontrou o alvo em seu território.
Fonte: revistaoeste