Cerca de 40 milhões de mulheres correm o risco de enfrentar, anualmente, complicações de saúde prolongadas por causa do parto.
Esse dado foi publicado na revista “The Lancet Global Health” no início deste mês, mostrando que uma alta carga de condições pós-natais pode durar por meses ou anos na vida de uma mãe.
Pós-parto e sofrimentos
Muitas condições pós-parto causam sofrimento considerável na vida diária as mulheres, mesmo após o nascimento da criança, de formas emocionais e físicas, como explica um dos autores do estudo, o diretor de Saúde Sexual e Reprodutiva e Investigação da OMS (Organização Mundial da Saúde), Pascale Allotey.
Ainda conforme Pascale, mesmo enfrentando esses fatores, as mulheres ainda são amplamente subestimadas, sub-reconhecidas e subnotificadas.
Dores durante relações sexuais, dor lombar, incontinência urinária, ansiedade, depressão e infertilidade secundária estão entre alguns fatores aos quais as mães são vulneráveis, conforme o estudo.
Cuidados eficazes durante a gravidez e o parto são, também, maneiras importantes de prevenção aos riscos, podendo até evitar complicações duradouras após o nascimento de um filho.
Saúde e realidades negligenciadas
O cuidado com a saúde de uma mãe não se limita à gravidez e ao pós-parto, como defende Pascale no estudo. Para ele, as mulheres precisam de acesso a diversos serviços, não apenas para sobreviverem ao parto, mas para terem a garantia de saúde e qualidade de vida daí em diante.
Por isso, os autores do artigo defendem a necessidade de maior reconhecimentos desses problemas no sistema de saúde nacionais e locais. Contudo, o dados do estudo mostram que esses pontos têm sido amplamente negligenciados na investigação clínica, na prática médica e nas políticas.
Esse cuidado com a saúde na maternidade aponta outra necessidade: a abordagem para além de causas biomédicas. Muitas vezes, as mortes maternas pode estar ligada à condições sociais, econômicas e ambientais mais amplas que afetam a saúde das mulheres.
Desigualdades raciais e de gênero, contexto econômico, nutrição, o saneamento, os riscos ambientais ou a exposição à violência e aos conflitos também fazem parte desse cenário, como mostra a pesquisa.
Sem a atenção devida aos pontos citados acima, 121 dos 185 países não conseguiram ter avanços significativos na redução de mortes maternas nos últimos 20 anos, diz o estudo.
Morte na maternidade
A cada dois minutos, uma mulher morre durante a gravidez ou o parto, de acordo com as últimas estimativas divulgadas no relatório Tendências na Mortalidade Materna, das agências das Nações Unidas.
O relatório rastreia mortes maternas nacionalmente, regional e globalmente, de 2000 a 2020. Dentre os dados, está a estimativa de 287 mil mortes maternas em todo o mundo em 2020.
Outra estimativa, dessa vez levantada pela OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde) é a de que 1 em cada 5 das mortes maternas são por hemorragia (sangramento).
Por fim, o estudo aponta que um terço das mulheres não faz nem quatro dos oito exames pré-natais recomendados ou recebe cuidados pós-natais essenciais, enquanto cerca de 270 milhões de mulheres não têm acesso a métodos modernos de planejamento familiar.
Fonte: primeirapagina