O poema mais encantador de Jorge Amado para emocionar você

No universo encantador de “Gabriela, Cravo e Canela“, o escritor Jorge Amado cria uma narrativa que vai além da simplicidade de um romance.

Desdobrando-se em uma crônica social que retrata as transformações marcantes de Ilhéus, o poema é uma linda história de reflexão.

Nesse contexto, emerge o poema “Gabriela, Cravo e Canela”, uma obra que transcende as páginas do livro.

Foi pensando nisso que selecionamos na íntegra o poema “Gabriela, Cravo e Canela” de Jorge Amado para você refletir sobre a vida. Aproveite!

Gabriela, Cravo e Canela de Jorge Amado

Dorme, menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.
No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
Estou presa em meu jardim

Com flores acorrentadas.
Acudam! Vão me afogar.
Acudam! Vão me matar.
Acudam! Vão me casar.

Numa casa me enterrar
Na cozinha a cozinhar
Na arrumação a arrumar
No piano a dedilhar
Na missa a me confessar.
Acudam! Vão me casar
Na cama me engravidar.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
Meu marido, meu senhor
Na minha vida a mandar.
A mandar na minha roupa
No meu perfume a mandar.

A mandar no meu desejo
No meu dormir a mandar.
A mandar nesse meu corpo
Nessa minh’alma a mandar.
Direito meu a chorar.
Direito dele a matar.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar,
Acudam! Me levem embora
Quero marido pra amar
Não quero pra respeitar
Quem seja ele – que importa?

Moço pobre ou moço rico
Bonito, feio, mulato
Me leva embora daqui,
Escrava não quero ser.
Acudam! Me levem embora.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
A navegar partirei
Acompanhada ou sozinha
Abençoada ou maldita
A navegar partirei.

Partirei pra me entregar
A navegar partirei.
Partirei pra trabalhar
A navegar partirei.
Partirei pra me encontrar
Para jamais partirei.

Dorme menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.

Um poema de resistência

A verdade é que o poema ressoa como um hino de resistência. No texto, a personagem Gabriela, símbolo de beleza e vivacidade, ousa quebrar as correntes que a prendem a um destino imposto. 

Com isso, através de versos que transbordam melancolia e desassossego. É incrível o quanto Jorge Amado descreve algumas circunstâncias da vida.

O texto diz:

Dorme, menina dormida
Teu lindo sonho a sonhar.
No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
Estou presa em meu jardim

Com flores acorrentadas.
Acudam! Vão me afogar.
Acudam! Vão me matar.
Acudam! Vão me casar.

Gabriela expressa sua angústia diante da perspectiva de ser moldada pelos padrões sociais que a sufocam. Tenha poderosas reflexões de vida com essas frases de Jorge Amado.

Você tem buscado sua autenticidade?

No texto de Jorge Amado, a metáfora da navegação sugere uma jornada em busca de identidade e autenticidade. 

Com isso, Gabriela, como uma navegante destemida, busca romper as amarras que a prendem ao convencional.

Jorge Amado destaca:

Numa casa me enterrar
Na cozinha a cozinhar
Na arrumação a arrumar
No piano a dedilhar
Na missa a me confessar.
Acudam! Vão me casar
Na cama me engravidar.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
Meu marido, meu senhor
Na minha vida a mandar.
A mandar na minha roupa
No meu perfume a mandar.

Ansiando por um destino onde ela possa ser protagonista de sua própria história, o poema é um grande texto de reflexão de vida.

Os poemas mais populares da humanidade irão abrir sua mente e coração para muitas possibilidades na vida e isso é incrível.

O grito de socorro na repetição de “Acudam!” ecoa como um apelo desesperado por libertação – uma súplica para ser resgatada das expectativas.

Uma vida de dualidade é ter plena liberdade?

A dualidade presente no poema de Jorde Amado, entre o sonho e a realidade, reflete a divisão que permeia a vida de Gabriela. 

Na verdade, enquanto a personagem sonha com uma liberdade plena, é confrontada com a dura realidade de uma sociedade que a trata como propriedade.

Veja o que diz o escritor:

A mandar no meu desejo
No meu dormir a mandar.
A mandar nesse meu corpo
Nessa minh’alma a mandar.
Direito meu a chorar.
Direito dele a matar.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar,
Acudam! Me levem embora
Quero marido pra amar
Não quero pra respeitar
Quem seja ele – que importa?

Além disso, a exploração de temas como casamento forçado, submissão e a busca por autonomia revela a maestria do escritor em abordar questões sociais por meio da poesia.

Um manifesto de empoderamento feminino

Você percebeu que a repetição insistente do verbo “partir” revela a determinação de Gabriela em buscar um destino que vá além das limitações impostas pelo seu tempo?

Na verdade, a personagem anseia não apenas por partir fisicamente, mas por romper com as correntes que a impedem de ser livre em sua essência.

O texto ainda fala:

Moço pobre ou moço rico
Bonito, feio, mulato
Me leva embora daqui,
Escrava não quero ser.
Acudam! Me levem embora.

No teu leito adormecida
Partirás a navegar.
A navegar partirei
Acompanhada ou sozinha
Abençoada ou maldita
A navegar partirei.

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Logo, o poema de Gabriela não é apenas um lamento, mas um manifesto de empoderamento feminino. Reflita também nesses poemas de Gregório de Matos para abrir sua mente.

Podemos observar também que o texto de Jorge Amado é um chamado para a emancipação da mulher em uma sociedade com papéis restritos e subalternos. 

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Você gostou desse lindo poema de Jorge Amado para refletir sobre a vida? Então não perca mais tempo e compartilhe com seus amigos e familiares. Aproveite!