O economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, disse que a possibilidade da alteração da meta fiscal para 2024 preocupa. Ele falou sobre o tema durante entrevista coletiva virtual depois do evento on-line Macro Day.
Segundo ele, a mudança pode enfraquecer a própria argumentação do no Congresso em questões ligadas à área fiscal. O economista afirmou que mudança da meta deveria acontecer no próximo ano.
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“Achamos que a meta fiscal só deveria mudar no ano que vem”, disse o economista-chefe do Itaú.
“Mudar a meta para algo como -0,5% preocupa pela sinalização (…) É como na política monetária”, afirmou Mesquita. “Se você abandona a meta de forma precoce, isso afeta a credibilidade da política monetária. Se você abandona a meta fiscal de forma precoce, também.”
O governo Lula estabeleceu como meta para o Orçamento de 2024 um resultado déficit zero — ou seja, não gastar mais do que a arrecadação. Contudo, no mês passado, o petista afirmou que dificilmente alcançaria esse objeto. Nas palavras o presidente, ele não quer fazer “cortes em investimentos de obras”.
O economista-chefe do Itaú disse que o governo tem se valido da “necessidade de se arrecadar” para cumprir a meta fiscal zero. De acordo com Mesquita, a base aliada atua para convencer parlamentares nas questões das subvenções, transferências para cobrir despesas de custeio e gestão de entidades públicas ou privadas.
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O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, deputado Danilo Forte (União-CE), disse nesta última terça-feira, 7, que o governo avalia a possibilidade de pedir revisão da meta fiscal. Em Brasília, especula-se que a meta pode se tornar um déficit fiscal de 0,25% ou 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Itaú projeta um déficit primário de 0,8% do PIB em 2024, mas desconsiderando o pagamento de precatórios. Com os precatórios, o déficit sobe é para 1,2%.
Mesquita afirma que BC deve manter “postura cautelosa” diante de incerteza global
Mário Mesquita disse o Banco Central (BC) deve manter uma “postura cautelosa” diante da elevada incerteza global, apesar de inflação com comportamento “benigno”.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplos (IPCA) desacelerou em outubro. O indicador subiu 0,24% no mês passado, depois de subir 0,26% em setembro.
“O IPCA de hoje veio um pouco abaixo do esperado”, comentou o economista-chefe do Itaú. “É uma outra leitura benigna da inflação, mas entendo que o BC, diante da incerteza global, adote uma postura cautelosa.”
Fonte: revistaoeste