Entre eles, o produtor de mandioca na comunidade Praia Grande, em Várzea Grande, Clênio de Souza Casarim, 45 anos. Ele conta que a experiência de participar do encontro foi fantástica e agregou muito conhecimento. “Desde os sete anos já trabalho na roça com meu pai e sempre achando que sei de tudo, mas é oportunidade como está que abre nosso horizonte”.
Segundo ele o que mais chamou sua atenção de tudo que aprendeu foi a possibilidade de tornar a maniva silagem. “Já estou pensando em reservar uma área de três hectares para isso. Será mais uma renda agregada a produção de mandioca”.
Em sua propriedade, a produção da cultura está em 12 hectares e colhendo entre 37 a 40 toneladas mês. Clênio conta que a colheita começou em maio e foi até julho. “Agora no mês de novembro vamos começar o plantio e aproveitar o início das chuvas já que minha área não é irrigada”, destaca Clênio.
Sobre o Encontro
Os assuntos abordados foram desde o início do plantio, como o planejamento da cultura iniciando com a realização da análise de solo para recomendações de calagem e adubação, uso de materiais de boa qualidade, manivas sadias livres de doenças e pragas, sendo estes, importantes para o sucesso da lavoura evitando que ocorram problemas que venham afetar o desenvolvimento das plantas e, de forma que não aumente o custo de produção, evitando assim, o uso de defensivos na lavoura.
De acordo com a especialista no assunto, a pesquisadora da Empaer, engenheira agrônoma e doutora Dolorice Moreti, em sua explanação sobre plantio e colheita ela frisou o controle cultural na cultura da mandioca que é de fundamental importância, uma vez que, o seu cultivo, na maioria, ainda é de forma manual do plantio a colheita e os produtores, na maioria, não dispõe de máquinas e implementos que auxiliem nas atividades durante o cultivo da mesma.
“Cito entre os tipos de controle cultural, as manivas sadias e de alto vigor, variedades resistentes a doenças e pragas, rotação de culturas, erradicação de plantas doentes ou com pragas. É importante evitar áreas e ferramentas contaminadas, realizar pousio, evitar áreas encharcadas entre outras”, explica.
Segundo a pesquisadora, nos trabalhos de avaliações realizadas nos campos experimentais da Empaer de Acorizal, Cáceres e Tangará da Serra – tanto para a mandioca de mesa como para indústria, tem sido analisada a produtividade, teor de amido, cocção (materiais de mesa) e outros que auxilia no planejamento de plantio e colheita em cada sistema de produção. Partes desses resultados foram demonstradas no encontro e, com isso, os produtores tenham conhecimento da importância dessas características no planejamento”, reforça Dolorice.
Sobre o potencial da mandioca e subprodutos na alimentação animal, o técnico da Empaer, zootecnista Antônio Rômulo Fava, destacou como de grande importância, pois as raízes são ricas em carboidratos e a parte aérea rica em proteínas e podem fazer parte como ingredientes na formulação das rações, silagem ou feno para bovinos, suínos aves e outros. Portanto, a mandioca pode ser utilizada de diversas formas e sendo aproveitada como um todo.
Outro assunto abordado na ocasião foi referente ao custo de produção que é variável para cada área a ser cultivada, pois, as quantidades de insumos, como corretivos, adubos e outros insumos são diferentes para cada sistema de produção.
Segundo o palestrante, Eliel Ferreira que também é produtor de mandioca, a cultura pode trazer um retorno em torno de 70%, se for utilizada as técnicas recomendadas para a implantação da cultura, sendo esta uma boa opção de investimento, por ser um alimento muito importante na mesa de cada cidadão, nas diversas formas de consumo e também na alimentação de animais.
Ele reforçou que no planejamento da implantação da cultura, o produtor já terá que ter definido como será o sistema de comercialização, pois, é necessário fazer o estudo de mercado, seja para venda de mandioca in natura, congelada ou processada (farinha ou fécula), de forma que atenda o hábito alimentar do consumidor, mantenha a qualidade do produto e a constância de produção.
“Importante também verificar a logística para não encarecer o custo de transporte. Caso a raiz de mandioca seja comercializada de forma processada ou congelada, apesar da necessidade de infraestrutura para isso, há agregação de valor na produção, tornando-a mais rentável”, reforça Eliel.
Sobre procedimentos para instalação de agroindústria da mandioca, a médica veterinária Priscilla Karine Gevaerd Corrêa, ressaltou a importância do credenciamento e ter uma estrutura adequada. Ela pontua que a regularização da agroindústria são três etapas.
“A primeira a regularização fiscal, onde o produtor precisa se informar sobre qual tipo jurídico é mais interessante para o seu caso. Pois pode vir a perder a condição de segurado especial. A segunda é a regularização ambiental. E hoje temos uma legislação nova que atende as agroindústrias com produção de baixo risco, diferenciadamente junto as licenças ambientais LAC e a LAS. O terceiro passo é a regularização sanitária, que pode ser feita na prefeitura, junto a vigilância sanitária do município caso já esteja descentralizado. Caso não esteja, procurar o escritório Regional de Saúde do Estado mais próximo. Para consulta, os endereços estão no site da Secretária Estadual de Saúde. Sugere as cartilhas do ISPN – Instituto Sociedade População e Natureza como fonte de informações”, explica Priscila.
Foram parceiros no encontro, a Prefeitura de Tangará da Serra, Embrapa e Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf). O encontro aconteceu na quinta-feira (26.10)
Fonte: @empaer_mt