, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem, que pretende investigar a atuação da petroquímica no afundamento de solo em Maceió, em Alagoas, também deve apurar a conduta da Petrobras e da Odebrech, atualmente chamada de Novodor.
A fala é do senador (Podemos-AL), que pleiteia uma cadeira de membro no colegiado. Em Maceió, os trabalhos da Braskem causaram movimentações no solo, que.
“Essa também vai ser a CPI da Petrobras e da Odebrecht”, declarou Cunha em entrevista a Oeste. “A Petrobras tem 36% das ações da Braskem. O flanco está aberto. Todos vão querer se aprofundar.”
A Petrobras possui 36% das ações da empresa, e a Novodor — antiga Odebrecht –, quase 40%. São, praticamente, as maiores acionistas. A Odebrecht é um dos pivôs do escândalo que ficou conhecido como Petrolão, durante os governos petistas, e revelado a partir de 2014 nas investigações da Operação Lava Jato.
O esquema envolvia uma série de empresas que se beneficiaram de modo ilícito do caixa da Petrobras. Após o afundamento em Maceió, em 21 de julho,
A CPI é de autoria do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que apresentou o requerimento em setembro deste ano e viu o governo orientar os senadores da base a não assinarem o documento.
Ao fim e ao cabo, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), leu o pedido de Renan, apesar de Cunha
“O senador Renan foi presidente da Salgema durante dois anos”, argumentou Cunha em entrevista a Oeste. Entre 1993 e 1994, de fato, Renan comandou a empresa, que, em 1996, passou a se chamar Trikem e, em 2002, se tornou a Braskem.
Entre outras questões abordadas por Cunha sobre a suspeição de Renan, ele mencionou a investigação da Polícia Federal (PF) contra o parlamentar e o ex-senador Romero Jucá (MDB-PR) por supostamente terem recebido pagamento de propina da Odebrecht.
Em agosto de 2022, .
A Oeste, Rodrigo Cunha disse que Renan também possui “interesses políticos” com a CPI da Braskem, sugeriu que a presença do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) no colegiado pode reacender a “relação Odebrech, Petrobras e Renan Calheiros” e muito mais. Confira os principais trechos:
No início deste mês, o senhor apontou a suspeição do senador Renan Calheiros (MDB), autor da CPI. Por quê?
R: São três pontos cabais. Aqui falo, inclusive, da preocupação de ter uma contaminação em todo o processo derivado da investigação da CPI. Primeiro, o senador Renan foi presidente da Salgema durante dois anos. A Salgema foi comprada pela Trikem, depois pela Braskem. A Salgema foi quem começou a exploração do solo do mineral que se chama, inclusive, sal-gema. Não foi de um dia para o outro que ocasionou o problema nos solos dos bairros na capital. Então esse problema pode ter começado bem antes, inclusive os laudos indicam isso. Ou seja, pode ter sido, inclusive, no momento em que ele [Renan] era presidente. Segundo ponto, ele [Renan] foi indiciado pela Polícia Federal em julho de 2021. Na ocasião, o delegado fez um relatório, uma investigação extensa, em que afirma que ele pediu e recebeu propina para beneficiar a Braskem, a empresa que ele está agora querendo investigar. Isso também é muito forte e confunde a figura de investigado com a de investigador. Se não for verdade o indiciamento da Polícia Federal, se ele não recebeu propina, ele pode estar com raiva e querer descontar agora na empresa o ódio. E, se for verdade, pode tentar encobrir de alguma outra forma, ou tentar emacular de alguma outra maneira aquele procedimento que existiu. Terceiro ponto, ele [Renan] é pai do Renan Filho. Foi governador do Brasil durante oito anos. Inclusive durante o ápice da tragédia. E que durante todo esse período deu a permissão para que a empresa Braskem continuasse explorando os bairros afetados. Houve uma completa omissão, pois não havia uma fiscalização.
Por que o senador Renan propôs essa CPI?
O que ele diz para as pessoas mais próximas no Senado é que o objetivo dele é tentar, exatamente com essas palavras, ‘melar’ o acordo que a Braskem firmou com o município de Maceió. Então, além de ter feito acordo com as pessoas que foram afetadas, principalmente o município que foi indenizado, a empresa fez um acordo com valores altos, mas que são valores que devem ser revertidos para a população da cidade de Maceió. Então, como ele não é aliado do atual prefeito, [João Henrique Caldas (PL)], ele quer tentar ‘melar’ o acordo feito com o município. As eleições estão chegando.
Ele estaria tentando prejudicar o prefeito de Maceió?
O acordo é feito para beneficiar as pessoas. O acordo já foi feito, e algumas parcelas já foram pagas pela Braskem, indenizando o município de Maceió pelo prejuízo que causou à mobilidade, à cidade, aos impostos, enfim, às empresas que foram afetadas, que deixaram de ser locomovidas. Então tudo isso tem um prejuízo que foi mensurado e foi feito um acordo. É R$ 1,7 bilhão, e, por exemplo, agora o prefeito comprou um hospital, e ele [Renan] questiona esse hospital, tem um componente político. Não é para ajudar as pessoas, tanto que ele passou cinco anos, que é o período da tragédia… Se você pesquisar no Google não vai ver um discurso dele preocupado com as pessoas afetadas. Não foi ontem que aconteceu [a tragédia], as pessoas já saíram das residências. Em momento nenhum ele falou e, agora, que dizer que está preocupado.
Se a CPI conseguir atingir esse acordo, isso pode afetar as eleições de 2024?
O objetivo dele [Renan] é esse, não fortalecer ainda mais um prefeito que é bem avaliado e que não é refém dele, que ele não comanda.
O senador Renan tem uma grande rivalidade com o presidente Lira. A CPI da Braskem poderia atingir o presidente da Câmara?
Não enxergo isso. Ele quer direcionar ao prefeito de Maceió.
A Novodor, nova Odebrecht, que tem um histórico de corrupção, possui quase 40% da Braskem. Para além da questão ambiental, a CPI da Braskem pode voltar os olhos para a corrupção?
Essa também vai ser a CPI da Petrobras e da Odebrecht. A Petrobras tem 36% das ações da Braskem. O flanco está aberto. Todos vão querer se aprofundar. Existem ainda alguns especialistas nesses assuntos, no qual acho que até a presença do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pode reacender essa relação Odebrech, Petrobras, Renan Calheiros…Todo um fio de novelo que vai ser puxado.
Antes de o presidente Pacheco ler o requerimento da CPI da Braskem, o governo orientou que seus senadores não assinassem o requerimento. Por quê?
A Braskem está à venda, é a maior indústria de plástico do planeta, existem três interessados em comprá-la. A Petrobras é uma das principais acionistas, em uma CPI, todos os sócios são comunicados, gera uma insegurança em possíveis compradores e prejudica a venda… Então o governo vai ser prejudicado sem dúvidas.
A CPI da Braskem pode ser instalada ainda neste ano?
Sim. Exceto caso surja outro fato. Existe um discurso político, mas tem um mais técnico do que político. Conversei com os líderes e acredito que eles vão, sim, se manifestar nas próximas reuniões.
Se o senador Renan for presidente, o senhor vai tentar impedir?
Fiz a minha parte, e são os membros que escolhem o presidente. Vou ficar vigilante para que a CPI não seja usada em benefício particular e que a CPI tenha benefício para a cidade.
Qual deve ser a linha de atuação do senhor na CPI?
Impedir que aconteçam ações não republicanas para chantagear ou apagar qualquer tipo de rastro e que a CPI traga um acalento ao sofrimento de mais de 60 mil pessoas e para a cidade, que foi afetada, na mobilidade, parte cultural, atendimento de serviço público, escolas, praças, igrejas que não funcionam mais. Houve omissão, mas de quem foi essa omissão?
Fonte: revistaoeste