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Chefe da Ubisoft diz que criar games precisa de “atrito”

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O cofundador e diretor da Ubisoft, Yves Guillemot, disse em entrevista que o desenvolvimento de games precisa “de um pouco de atrito”. A fala foi criticada por funcionários e jornalistas, já que a empresa, criadora de Assassin’s Creed e Far Cry, tem sido denunciada por manter uma cultura tóxica de trabalho por anos.

A declaração foi dada em uma entrevista ao jornal francês La Presse. O executivo disse que a Ubisoft estava “progredindo em um bom ritmo” ao lidar com seus problemas de assédio moral e sexual, mas ressaltou que “criar um jogo não é fácil” e, às vezes, pode gerar “muita tensão” interna.

“Técnicas devem ser implementadas para garantir que todos consigam encontrar seu lugar”, continuou Guillemot. “Para criar, você precisa de um pouco de atrito, porque todo mundo tem que conseguir transmitir sua ideia. É um trabalho que traz muitas recompensas quando você tem sucesso, mas é difícil.”

O Kotaku pediu um posicionamento do executivo, que enviou um comunicado. “Quero deixar claro, como disse antes, que não existe absolutamente nenhum lugar para toxicidade na Ubisoft ou em nossa indústria”, afirmou. “Quando falei haver atrito às vezes, me referia à tensão criativa, comum e vital em empresas inovadores como a nossa, onde as pessoas têm liberdade de desafiar ideias e ter debates acalorados, mas saudáveis”.

Guillemot também disse que houve muitos progressos “para oferecer experiências seguras e excelentes a todas as nossas equipes”. Ele também reforçou que “ambientes de trabalho saudáveis e respeitosos são a nossa principal prioridade”, e que “os membros da nossa equipe têm certeza de que estamos no caminho certo”.

Ubisoft foi denunciada em 2020

Em julho de 2020, foi revelado que o jogo Assassin’s Creed Odyssey teria Kassandra como única personagem jogável, mas o diretor criativo Serge Hascoët vetou a ideia sob o pretexto de que “mulher não vende”. Esse foi o estopim para que várias outras denúncias surgissem, as quais envolvem o CEO, Yves Guillemot, a liderança da empresa e até mesmo o RH.

Desde então, a Ubisoft desligou vários funcionários — incluindo os vice-presidentes Tommy François e Maxime Beland — e criou um portal online para que os funcionários registrem queixas anônimas. No entanto, ainda há muito burburinho sobre o assunto internamente.

Na mesma época, um grupo de 500 funcionários da Ubisoft publicaram uma carta pedindo ações concretas da empresa, incluindo a demissão de abusadores já conhecidos da empresa.

“Já se passou mais de um ano desde as primeiras revelações de discriminação, assédio e bullying sistêmicos dentro da Ubisoft. Na época, vocês ficaram surpresos ao saber desses ocorridos na empresa, e nós demos o benefício da dúvida. Entretanto, nós não vimos nada além de um ano de palavras gentis, promessas vazias e uma incapacidade ou indisposição para remover criminosos conhecidos. Não confiamos mais no compromisso de vocês de resolver esses problemas em suas essências. Vocês precisam fazer mais.”

Eles também prestaram solidariedade aos trabalhadores da Activision Blizzard, processada em 2021 pelo Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, por assédio.

Fonte: Kotaku, La PressePC Gamer

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