No Brasil, ao fim de 2023, os preços da carne podem ter queda acumulada de mais de 10% no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Os economistas dizem que uma redução anual nessas proporções é incomum quando se olha a série histórica do índice. Porém, a queda não deve compensar o aumento da inflação — que encareceu o churrasco em todo o país.
Até o mês de setembro de 2023, os preço das carnes no Brasil tiveram uma queda de pouco mais de 11% no acumulado de 12 meses no IPCA, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). E segundo as projeções do banco Santander, essa redução deve alcançar cerca de 11% até o fim deste ano.
Maior queda nos preços desde o início do Plano Real
As estimativas indicam que os preços das carnes tendem a fechar 2023 com a maior queda no acumulado até dezembro, isso desde o início do Plano Real. O Real, que substituiu o Cruzeiro Real, entrou em circulação em julho de 1994, o novo plano monetário fazia parte de um esforço para combater a hiperinflação no Brasil.
Desde então, a maior deflação das carnes no acumulado de um ano aconteceu em 1995, quando a baixa foi de aproximadamente 10%. Adriano Valladão, economista do Santander Brasil, disse ao jornal Folha de S.Paulo que a queda da carne neste ano está associada à ampliação da oferta no mercado interno.
“O ciclo pecuário foi bem positivo e se refletiu em uma oferta de carne colossal. Fez despencar o preço do boi gordo, o preço no atacado, e teve repasse para o varejo”.
Fígado e filé-mignon têm maior queda
No índica IPCA, a variação do preço das carnes é calculada a partir de 18 cortes — de maioria bovina. Mas até setembro, 17 acumularam queda de preços em 12 meses. As carnes que registraram as baixas mais significativas foram o fígado, com – 15,83%; o filé-mignon, – 15,52%; e a capa de filé, com – 14,9%.
Influência política
Os apoiadores do presidente Lula vêm usando os índices de redução dos preços das carnes como propaganda positiva do atual governo. Durante as eleições de 2022, o consumo de carne no Brasil tornou-se tema de disputa política. Ainda enquanto candidato, Lula chegou a dizer que o brasileiro deveria voltar a fazer churrasco e comer picanha.
Picanha
A picanha é um dos cortes mais caros nos supermercados. Porém, em 12 meses até setembro, o corte acumulou baixa de 9,56% no índice IPCA. Só na capital paulista, o consumidor pagou pouco mais de R$ 38,00 pelo quilo da picanha em agosto, de acordo com pesquisa da cesta básica do Procon-SP. O preço caiu cerca de 10% em relação ao mesmo período de 2022, quando custava R$ 42,50.
Fonte: revistaoeste