Via @cnnbrasil | Uma juíza de Oklahoma pode ser forçada a renunciar por supostamente ter trocado mais de 500 mensagens de texto com um oficial de Justiça, nas quais ela zombou dos participantes do julgamento e falou de forma agressiva sobre procuradores de Estado, de acordo com uma petição apresentada na última terça-feira (14).
O fato ocorreu enquanto ela presidia um julgamento de assassinato em junho.
Os textos citados no processo descreviam a juíza do condado de Lincoln, Traci Soderstrom, zombando de advogados, jurados e testemunhas, mostrando parcialidade contra os promotores estaduais, enquanto mostrava viés a favor do réu e elogiava o advogado de defesa, afirmou o processo.
A petição surgiu depois que o celular da juíza foi examinado pelo Conselho de Reclamações Judiciais.
O advogado de Soderstrom não respondeu ao pedido de comentários da CNN.
De acordo com a petição, Soderstrom conduzia um julgamento por homicídio em primeiro grau. O réu foi considerado culpado de homicídio culposo em segundo grau, veredito que Soderstrom aceitou e impôs uma sentença de quatro anos, tempo cumprido, sem nenhuma pena adicional.
A petição dizia que o corréu, que aceitou um acordo judicial para uma acusação de permitir o abuso infantil, recebeu uma sentença de 25 anos de prisão.
Em uma mensagem de texto para o oficial de Justiça, Soderstrom escreveu que o promotor distrital estava “suando no casaco”. Em outra, ela perguntou: “Por que ele tem mãos de bebê?… Elas são tão estranhas”, alegou no processo o presidente do tribunal, M. John Kane IV.
Quando o advogado de defesa se dirigiu ao júri, a juíza mandou mensagem ao oficial de Justiça: “Ela é ótima”. Em outro momento, Soderstrom a elogiou novamente, perguntando: “Posso bater palmas para ela?”, dizia a petição.
De acordo com o processo, Soderstrom também enviou uma mensagem afirmando que um policial que depôs era “bonito”, acrescentando: “Poderia ficar olhando para ele o dia todo”.
Em outras mensagens, Soderstrom usou um palavrão para chamar um vídeo exibido para uma testemunha de “chato”, especulou se um jurado estava usando peruca e opinou que, devido à falta de evidências de DNA contra o réu, “não haveria como ser culpado de assassinato”, dizia a petição.
Após o julgamento, um vice-xerife disse ao gabinete do promotor distrital que Soderstrom foi vista usando o telefone durante o julgamento. Um trecho da câmera do tribunal, de 51 minutos, revelou “uma quantidade excessiva de tempo no telefone”, afirmou a petição.
Quando a juíza testemunhou sobre o uso do telefone em uma audiência presencial perante o Conselho de Reclamações Judiciais, ela disse que estava enviando mensagens de texto sobre coisas que, provavelmente, poderiam ter sido enviadas depois.
Questionada se achava que os textos eram inapropriados, ela disse: “[Eu] estava tipo, ‘Oh, isso é engraçado’”, acrescentou o processo.
O Conselho de Reclamações Judiciais considerou os textos de Soderstrom uma das múltiplas violações do código de conduta judicial, observou a petição.
A petição cita outros casos em que Soderstrom é acusada de falar ou agir de forma inadequada tanto no tribunal quanto nas redes sociais, inclusive nas audiências, onde ela “usou a palavra f***** três vezes” nos primeiros seis minutos do depoimento.
O caso contra Soderstrom está programado para o dia 3 de janeiro de 2024, de acordo com documentos judiciais.
Soderstrom assumiu o cargo em janeiro de 2023 como juíza no 23º Distrito Judicial de Oklahoma.
Macie Goldfarb e Chris Boyette
Fonte: @cnnbrasil
