Todo mundo tem uma playlist de músicas marcantes: uma canção que lembra a infância, outra os tempos de adolescentes, aquela intensa do primeiro amor ou do primeiro coração partido, uma que embalou o sono do primeiro filho e muitas outras que de forma direta ou não constroem e embalam diferentes momentos da vida.
Com o tempo, no entanto, parecemos esquecer a letra e até mesmo a melodia de algumas canções. Ou pelo menos é o que pensamos. Um estudo recente publicado na Nature’s Scientific Reports mostrou que a música ajuda a reconectar pacientes idosos com suas memórias.
De acordo com a pesquisadora Psyche Loui, que dirige o Music Imaging and Neural Dynamics Lab, os adultos mais velhos que ouviam algumas de suas músicas favoritas, a conectividade no cérebro aumentava.
Mais especificamente, a equipe multidisciplinar de musicoterapeutas, neurologistas e psiquiatras geriátricos que coordenou os estudos descobriu que a música preencheu a lacuna entre o sistema auditivo do cérebro e o sistema de recompensa, a área que governa a motivação.
“Há algo na música que é essa conectividade funcional entre o sistema auditivo e de recompensa, e é por isso que ela é tão especial e capaz de explorar essas funções cognitivas aparentemente muito gerais que de repente estão muito envolvidas em pessoas com demência”, explicou Psyche.
A ideia para a pesquisa surgiu das próprias experiências de Psyche ao tocar música em asilos. Segundo ela, as pessoas que não conseguiam terminar uma frase ou pensamento de repente se harmonizavam e cantavam junto com uma música que estava tocando no ambiente.
RESPOSTA POSITIVA DO CÉREBRO E DA MEMÓRIA
Os pesquisadores pediram para um grupo de entre 54 e 89 anos de idade que ouvisse uma playlist por uma hora todos os dias durante oito semanas e ao fim de cada dia fizesse um diário sobre sua resposta à música.
A equipe então escaneou os cérebros dos participantes antes e depois de ouvir para medir sua resposta neurológica. A seleção de músicas era bem variada e abrangia diversos ritmos. Os participantes então classificaram cada uma com base no quanto eles gostaram e quão familiar ela era.
O que os pesquisadores descobriram foi incrível: a música basicamente criou um canal direto entre o centro auditivo e o córtex pré-frontal medial, o centro de recompensa do cérebro e uma das áreas que acabam perdendo a sua atividade e conectividade funcional em idosos, especialmente em pessoas com demência. Uau!
Músicas que eram familiares criaram uma tendência a ativar mais as áreas auditivas e de recompensa. No entanto, a música que os participantes selecionaram forneceu uma conexão ainda mais forte entre essas duas áreas do cérebro.
ESTUDOS FUTUROS
Esse é um dos primeiros estudos a documentar mudanças neurológicas da exposição prolongada a uma intervenção baseada em música. A capacidade da música em acalmar idosos e pessoas com doenças mentais está bem documentada, de acordo com a pesquisadora. Mas o que é menos conhecido é como e até que ponto a música pode ajudar a melhorar a memória, a cognição e a função executiva.
Assim, ela espera estender seu estudo para idosos que têm distúrbios cognitivos e neurodegenerativos, pessoas que podem se beneficiar ainda mais dos efeitos da musicoterapia.
Vida longa a esses estudos que buscam sempre melhorar a qualidade de vida das pessoas e de uma maneira que, no fim das contas, é bem divertida!
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Jornalista e redatora. Amante de gatos, livros, moda e receitinhas.