Nas inspiradores palavras de Oswald de Andrade, encontramos a simplicidade da vida cotidiana imortalizada em versos de poemas.
O poema âBalada do Esplanadaâ Ă© um texto que convida os leitores a olhar para o comum e encontrar a beleza escondida nos lugares mais simples.Â
Além disso, nele, o escritor expressa o desejo de rotinas matinais e toda a sua vida, mesmo que comum, em algo extraordinårio através da poesia.
Por isso, para abrilhantar ainda mais sua vida, confira na Ăntegra o poema de Oswald de Andrade e entenda o quanto a literatura brasileira Ă© enriquecedora.
Poema âBalada do Esplanadaâ de Oswald de Andrade
Ontem Ă noite
Eu procurei
Ver se aprendia
Como Ă© que se fazia
Uma balada
Antes de ir
Pro meu hotel.Ă que este
Coração
JĂĄ se cansou
De viver sĂł
E quer entĂŁo
Morar contigo
No Esplanada.Eu quâria
Poder
Encher
Este papel
De versos lindos
Ă tĂŁo distinto
Ser menestrelNo futuro
As geraçÔes
Que passariam
Diriam
Ă o hotel
Do menestrelPra mâinspirar
Abro a janela
Como um jornal
Vou fazer
A balada
Do Esplanada
E ficar sendo
O menestrel
De meu hotelMas nĂŁo hĂĄ poesia
Num hotel
Mesmo sendo
âSplanada
Ou Grand-HotelHĂĄ poesia
Na dor
Na flo
No beija-flor
No elevador
Um poema que fala sobre descobertasÂ
O texto de Oswald de Andrade começa com a busca de quem ler por aprender a arte da balada. Apesar de ser uma analogia especĂfica, podemos aprender muito sobre a vida nesse poema.
Podemos observar que a pessoa no poema quer compor uma canção antes de se recolher no seu hotel: o Esplanada.Â
Essa caminhada poética, assim como o objetivo do autor, é motivada pelo:
- Anseio de escapar da solidĂŁo;
- Compartilhar a vida com alguém.
Com isso, o hotel se torna o sĂmbolo desse desejo. Assim, Oswald de Andrade mostra aos seus leitores a capacidade da poesia de transformar o mundano em algo sublime.Â
A vida Ă© ainda mais colorida com poesia
Ă importante destacar no poema de Oswald de Andrade que o eu lĂrico deseja encher o papel de versos lindos.
AlĂ©m disso, podemos acompanhar no texto que tambĂ©m ele almeja ser um menestrel, um contador de histĂłrias que destaca momentos da vida.Â
No entanto, para tornar a leitura mais curiosa, Oswald de Andrade também alerta para a dificuldade de encontrar poesia em um ambiente tão comum como um hotel.
Logo, a poesia e suas caracterĂsticas Ășnicas podem nos fazer refletir sobre vĂĄrios aspectos da vida, assim como encaixar realidades atravĂ©s dos textos.
Outros poemas de Oswald de Andrade
Confira a seguir mais algumas obras escritas de Oswald de Andrade para vocĂȘ refletir sobre a vida e entender o quanto ele Ă© importante entre os literatura brasileira.
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1 â Canto de regresso Ă pĂĄtria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
NĂŁo cantam como os de lĂĄ
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lĂĄ
NĂŁo permita Deus que eu morra
Sem que volte para lĂĄ
NĂŁo permita Deus que eu morra
Sem que volte pra SĂŁo Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de SĂŁo Paulo.
2 â A descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Påscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E nĂŁo queriam por a mĂŁo
E depois a tomaram como espantados
primeiro chĂĄ
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram trĂȘs ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espĂĄduas
E suas vergonhas tĂŁo altas e tĂŁo saradinhas
Que de nĂłs as muito bem olharmos
NĂŁo tĂnhamos nenhuma vergonha.
3 â Oferta
Quem sabe
Se algum dia
Traria
O elevador
Até aqui
O teu amor
4 â Pronominais
DĂȘ-me um cigarro
Diz a gramĂĄtica
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dĂĄ um cigarro.
đ„č O poema mais lindo de Augusto dos Anjos Ă© de fazer chorar đ„č
5 â VĂcio na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem miĂł
Para pior piĂł
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vĂŁo fazendo telhados
6 â O gramĂĄtico
Os negros discutiam
Que o cavalo sipantou
Mas o que mais sabia
Disse que era
Sipantarrou.
7 â O capoeira
â QuĂ© apanhĂĄ sordado?
â O quĂȘ?
â QuĂ© apanhĂĄ?
Pernas e cabeças na calçada.
8 â Erro de portuguĂȘs
Quando o portuguĂȘs chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o Ăndio
Que pena!
Fosse uma manhĂŁ de sol
O Ăndio tinha despido
O portuguĂȘs.
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Fonte: awebic