Na manhã de hoje, 05, um novo veículo se envolveu em acidente após abastecer o cilindro de GNV. De acordo com Federação Nacional da Inspeção Veicular, o GNV é seguro, mas carros precisam passar por inspeção veicular obrigatória e menos de 30% da frota está com a documentação regular.
Novo acidente envolvendo GNV acontece no Rio de Janeiro
Na manhã dessa sexta (05), um veículo Fiorino teve o seu cilindro estourado enquanto abastecia, na zona oeste do Rio de Janeiro. O acidente é semelhante ao que aconteceu há pouco mais de uma semana. As duas situações possuem algo em comum: o cilindro de GNV irregular.
O Brasil tem hoje cerca de 50 milhões de veículos/automóveis em circulação. Destes, quase 2,6 milhões são movidos a gás natural veicular (GNV), de acordo com os dados de junho da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).
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A parcela de veículos convertidos para GNV é pequena diante da frota total, apenas 5%. No entanto, o que preocupa os especialistas em segurança veicular é o fato de que a maior parte desses carros (72%) está circulando irregularmente, sem a documentação em dia.
Um levantamento feito pela Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE), com base nos números da Senatran, mostrou que, até junho de 2022, a frota registrada de carros com GNV o Brasil era de 2.643.755.
Por outro lado, apenas 28% possuem o Certificado de Segurança Veicular (CSV) atualizado – documento exigido pela legislação para que os veículos movidos a GNV possam ter o seu licenciamento anual.
Ou seja, apenas os 739.537 veículos movidos a GNV que passaram pela inspeção periódica poderiam estar em circulação, se a legislação estivesse sendo respeitada no país.
Além disso, pesquisas feitas através do aplicativo GNV Legal, que usa como base o banco de dados dos organismos de inspeção veicular do Brasil, mostrou que de 39.954 veículos analisados em 2022 durante abastecimentos em postos de combustível, menos da metade (41,18%) estava com a inspeção veicular em dia.
Os demais, 41,01% estavam com a inspeção vencida e 17,80% sequer tinham passado por inspeção veicular.
O diretor executivo da FENIVE, Daniel Bassoli, destaca que é esse tipo de cenário de irregularidades, somada à completa falta de fiscalização por parte das autoridades, que acaba colocando a população em risco e colocando o sistema em xeque quando ocorrem episódios como o que resultou na morte do senhor Mário Magalhães da Penha, 67 anos, no final do mês de julho, em um posto de combustíveis na cidade do Rio de Janeiro.
O cilindro de GNV do carro de Magalhães estourou, atingindo-o e deixando feridas outras pessoas no local. Horas depois do episódio, ele morreu em um hospital carioca.
Durante o levantamento preliminar do acidente ocorrido no Rio, especialistas em inspeção veicular que foram até o local verificaram que o cilindro instalado no veículo não era o mesmo que havia sido inspecionado em 2021.
As análises preliminares apontaram que o cilindro que estourou teria sido retirado de um veículo que havia sido roubado em 2016.
“O interior do cilindro mostrava sinais de ter passado por incêndio, foi repintado, adulterado e instalado no veículo. Mas não é possível afirmar se o proprietário do veículo sabia disto. É preciso aguardar o resultado final da perícia para outras conclusões”, comenta o diretor.
Infelizmente situação similar aconteceu hoje (05), em um posto de combustíveis no Rio de Janeiro. Nesse caso, um veículo Fiorino teve o seu cilindro estourado. O veículo estava irregular, pois nunca passou por inspeção e o cilindro não tinha condições de uso devido ao estado precário de conservação. Felizmente não houve vítimas.
A cidade do Rio de Janeiro conta com uma lei municipal que prevê verificação do selo GNV para que o veículo seja abastecido (Lei 7.024/2021). Tudo indica que esta legislação não foi cumprida pelos estabelecimentos onde ocorreram os sinistros, apesar de estar em vigor.
Bassoli ressalta que o sistema GNV é seguro, porém existem procedimentos que são obrigatórios tanto na instalação quanto na manutenção. A inspeção veicular periódica é uma das exigências legais para que o carro que passou pela conversão possa circular regularmente.
Conversão deve ser feita por empresas credenciadas
Em geral, o GNV é instalado nos veículos através de um processo simples de modificação veicular: o cidadão solicita autorização prévia ao Detran, realiza a instalação do kit em oficina homologada pelo Inmetro, para então realizar a inspeção veicular em empresas acreditadas pelo Inmetro e licenciadas pela Senatran (ITL – Instituição Técnica Licenciada).
Após a aprovação na inspeção, o veículo recebe o certificado de segurança veicular (CSV) e o selo GNV, para então ser regularizado no Detran, que inclui o combustível no documento.
Todos os anos os veículos com GNV devem passar por inspeção periódica para verificação do sistema GNV e demais sistemas de segurança do veículo.
Quando aprovado, o proprietário do veículo recebe um novo selo GNV, de porte obrigatório. A cada cinco anos o cilindro deve passar por um processo de requalificação para avaliação das suas características mecânicas.
Com a conversão para GNV, o veículo passa por um processo de alteração de suas características de fábrica, daí a necessidade de um novo CRV.
Bassoli alerta que, para que esse processo de conversão para gás natural veicular ocorra de forma adequada, o proprietário do veículo precisa estar atento a três questões:
- Produtos certificados pelo INMETRO;
- Oficinas registradas para a conversão e a verificação de segurança do veículo em um organismo de inspeção veicular acreditado pelo Instituto de Metrologia,
- Qualidade e Tecnologia (INMETRO).
“O selo GNV é uma forma de evitar a utilização de produtos sucateados, a execução do serviço por pessoas não habilitadas e ainda proporciona a rastreabilidade e a segurança ao dono do veículo”, explica.
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