Esse fogo é ilusão.
Acontece o seguinte: seus receptores de calor ficam na pele. O álcool dilata os vasos sanguíneos do corpo e faz mais sangue chegar à pele. Essas terminações nervosas registram o calorzinho extra do sangue e seu cérebro entende que está quente.
Mas é cilada, Bino: a pele mais quente acelera a transpiração e a troca de calor com o ar, e a temperatura corporal cai. Para se manter aquecido, um corpo sóbrio faz o contrário: contrai os vasos da pele e direciona o sangue para os órgãos internos, preservando a temperatura de sistemas vitais.
O álcool inverte esse processo e, graças às terminações nervosas da pele, nos dá a breve (e falsa) sensação de quentinho.
Não só: o álcool também reduz a nossa capacidade de tremer (um mecanismo de emergência do corpo para elevar a sua temperatura). Não à toa, vários estudos mostram que o consumo elevado de álcool pode contribuir para casos de hipotermia.
“Oráculo, e por que a bebida ‘rasga’ a garganta?”
Essa sensação é cortesia de outra característica do álcool: a de bagunçar os nossos receptores de calor (a proteína TRPV1, ativada em temperaturas a partir de 43ºC). A cana (como a pimenta) abaixa o sarrafo da TRPV1, que passa a apitar com 34ºC. O “rasgo”, então, é só a sua goela se tornando sensível aos 37ºC do corpo.
Pergunta de @solrac_hayd, via Instagram
Fonte: artigo “The claim: drinking makes you warmer in winter”, do New York Times; vídeo “Does alcohol really keep you warm?”, do SciShow;
Fonte: abril