📝RESUMO DA MATÉRIA

  • 1 em cada 8 espécies de pássaro está em perigo de extinção em todo o mundo
  • Outras 223 podem desaparecer do planeta, tornando essas espécies criticamente ameaçadas
  • Nos EUA e no Canadá, desde 1970 foi registrado uma perda líquida de 2,9 bilhões de aves, ou seja, 29%
  • Com sua rápida expansão e uso de produtos químicos tóxicos, a agricultura industrial está causando uma baixa de aves em todo o mundo, representando a maior ameaça para as aves atualmente
  • Espalhando sementes e polinizando cerca de 5% das plantas que os humanos consomem para alimentação e remédios, as aves são um elemento vital do nosso ecossistema, agindo no controle de pragas

🩺Por Dr. Mercola

1 em cada 8 espécies de aves está em risco de extinção ao redor do mundo. A diminuição nas populações de aves sinaliza que algo sério está ocorrendo no meio ambiente — habitats estão sendo devastados, pesticidas químicos estão afetando a vida selvagem e muito mais. Devemos nos preocupar muito, pois, como observa a BirdLife International, “as aves são nosso sistema de alerta precoce.”

Uma perda que cortaria profundamente está acontecendo. Já que, 223 espécies de aves estão ameaçadas de modo alarmante e podem desaparecer do planeta. A explicação da BirdLife:

“As pessoas são unidas pelo poder dos pássaros. As nações trabalham juntas motivadas a cada passo do caminho para proteger as muitas espécies que migram grandes distâncias. Para lutar contra as… crises de extinção nos próximos anos. As aves nos mostram os níveis de cooperação mundial necessários. Mais simplesmente do que isso, o amor pelos pássaros é algo que todos podemos compartilhar, independentemente de nossas diferenças.”

Sem pássaros, o mundo não é apenas um lugar que irá perder sua beleza visual e cantos melódicos. Distribuindo sementes e polinizando cerca de 5% das plantas que os humanos usam para comida e remédios. As aves são um elemento indispensável do nosso ecossistema, por controlarem as pragas. A aniquilação de pássaros deve soar um alarme para cada um de nós, exatamente por isso.

Patricia Zurita, CEO da BirdLife, diz o seguinte. “Os pássaros nos falam se nosso ambiente natural está saudável — ignoramos suas mensagens por nossa conta e risco.”

Em 50 anos, 3 bilhões de pássaros norte-americanos simplesmente sumiram

Uma grande ave limícola com pernas longas e bico igualmente longo, o maçarico-de-cauda-preta, é uma das aves em situação terrível. Em uma fazenda de arroz de 115 hectares, último local de nidificação regular conhecido do país para a espécie, o Wired entrevistou Alice Cerutti:

“ Para gerenciar e estudar as valiosas aves que nidificam em áreas que Cerutti reservou para a vida selvagem, ela e sua família trouxeram especialistas. Ao longo dos últimos dez anos, ela e sua família plantaram milhares de árvores e restabeleceram pântanos. O que parece estar dando resultados. Cerutti diz: “Temos essa enorme e maravilhosa responsabilidade”. Cientistas locais acharam o pássaro segurando-se lá mesmo quando sumiu completamente de outros lugares.”

Embora a perspectiva seja sombria, há um pouco de esperança em meio a tudo. Desde 1970, nos EUA e no Canadá, houve uma perda de 29%, ou seja, 2,9 bilhões de aves. Não só aves raras, como também aves comuns de quintal, como toutinegras, tentilhões e pardais. Pesquisadores e colegas do Cornell Lab of Ornithology e aclararam na revista Science:

“Uma rede de radar meteorológico em todo o continente revela um decréscimo elevado também na passagem de biomassa de pássaros migratórios na última década. Uma perda líquida próxima a 3 bilhões de aves foi indicada pela integração de trajetórias populacionais e estimativas de tamanho. Para evitar o colapso futuro da fauna aviária e a perda associada de integridade, função e serviços do ecossistema é necessário estar atento a perda abundante de pássaros, que alerta para uma urgência de se abordar tais ameaças.”

Ken Rosenberg, o principal autor e cientista de conservação, disse à CBS News: “Há uma decadência no número de aves comuns”. Dezenove espécies de aves comuns tiveram uma diminuição de mais de 50 milhões de aves durante a duração da pesquisa.“Esperávamos observar a diminuição contínua de espécies ameaçadas”, disse ele. “Os resultados também mostraram declínio generalizado entre aves comuns em todos os habitats. Porém, pela primeira vez, aves de quintal estavam entre as perdas.”

Diminuição de aves na Europa

A ameaça não está pairando apenas sobre as aves da América do Norte. A Bird Life International relatou que: “Mais de 600 milhões na União Europeia se perderam desde 1980, uma área cinco vezes menor.” Metade das 10.000 espécies de aves mundiais estão sofrendo declínio. 73 milhões de aves sumiram na Grã-Bretanha, desde 1970, uma perda de quase um terço.

As aves afetadas incluíram espécies comuns e raras, da mesma forma que nos EUA, compreendendo uma diminuição de 2 milhões de melros, quase 30 milhões de pardais domésticos, 20 milhões de estorninhos e 4 milhões de cotovias. O British Trust for Ornithology (BTO), que conduziu o estudo, disse:

“114 milhões de indivíduos (ou 57 milhões de casais aptos a reprodução) foram as perdas totais estimadas. O aumento de algumas outras espécies disfarçam as perdas de outras, abrangendo alguns recém-chegados (por exemplo, garça-branca-pequena e toutinegra-de-cetti) e residentes familiares (por exemplo, carriça, pombo-torcaz e toutinegra).

O aumento da população de tais espécies, que significam um ganho de 41 milhões de aves, que não contrabalanceiam as perdas globais absurdas, resultando em uma severa perda de 73 milhões de aves.”

A população de aves das montanhas europeias também está sumindo. Alterações no uso humano do solo, assim como pressão de pastagem e reflorestamento, podem ser em parte responsáveis pela diminuição populacional de 7% em 44 espécies de pássaros monitorados de 2002 a 2014, segundo revelaram pesquisadores da BTO e colegas.

Outra categoria em apuros são as aves europeias que comem insetos, as chamadas insetívoras. Elas representam 13% da diminuição na Europa e 28% na Dinamarca de 1990 a 2015 ou 2016, nessa ordem. Segundo os pesquisadores: “O declínio dos insetívoros está ligado principalmente ao aumento da atividade agrícola e à perda de habitat de pastagens, segundo o sugerido por nossas descobertas.”

94% de algumas espécies de aves já desapareceram

Em adesão as 1.409 espécies de pássaros sob ameaça de extinção, o relatório demonstrou que somente 6% das espécies têm populações em crescimento. O relatório State of the World’s Bird da BirdLife International demonstra tais dados a cada quatro anos, mais recentemente em 2022.

Entretanto, mais de 160 espécies de aves foram dizimadas na última metade do século. Segundo Lucy Haskell, oficial de ciências da BirdLifea, a taxa de extinção está aumentando exponencialmente.

A ameaça majoritária à extinção das aves é a agricultura industrial

Com seu rápido aumento e uso de químicos tóxicos, a agricultura industrial representa a maior ameaça para as aves, tornando-se assim a principal causa de perdas em todo o mundo. O relatório da BirdLife afirmou que:

“As aves são afligidas mundialmente por uma cadeia de ameaças diferentes, com predominância das causadas por humanos. Portanto, a agricultura é o principal risco às espécies de aves, afetando no mínimo 73% das ameaçadas – tanto por estar se expandindo em habitats imprescindíveis, quanto pelo uso emergente de máquinas e químicos à medida que vão crescendo.”

A Environment Canada sugere em sua pequisa que somente os pesticidas agrícolas podem levar à morte de 2,7 milhões de pássaros todos os anos. Segundo a pesquisa, a sobrevivência e reprodução das aves expostas aos pesticidas neurotóxicos acumulam menos massa e gordura corporal por se alimentarem de uma dieta pobre, atrasando a migração e pondo tais espécies em risco.

O decaimento e a deterioração do habitat também são preocupações importantes. Quando a terra é convertida para outros usos, configura-se a perda do habitat. O habita pode não sumir por completo, mas se altera, se fragmenta, ou acaba sendo comprometido gravemente, tornando-se incapaz de sustentar a vida da população de pássaros. O habitat para as aves está desaparecendo assustadoramente rápido devido à intensificação da atividade agrícola. Segundo a BirdLife:

“Desde 1980, na Europa, o resultado foi um declínio de metade na abundância de pássaros agrícolas do continente. Já em Liben Lark, mais ao sul, as pastagens que se tornaram em terras cultivadas resultaram em uma queda de 80 por cento (perigo crítico) em somente 15 anos.”

Outra ameaça que se agiganta é a extração de madeira. Segundo a BirdLife, “mais de 7 milhões de hectares (17.297.376,7 acres) de Floresta se perdem anualmente — isso é o equivalente a uma área maior do que a Irlanda — quase cinquenta por cento das espécies de aves sofrem por conta dessa ameaça.

A Harpy Eagle está inclusa, por ser dependente das árvores mais antigas — as quais são 90% das cobiçadas para o corte em florestas tropicais da América do Sul. Ameaças causadas pelo homem às aves, além da perda de habitat e uso de pesticidas, incluem:

Gatos

Colisões com janelas

Veículos

Linhas de energia

Torres de comunicação

Turbinas eólicas

Contudo, muitos estão tentando mudar positivamente. Na fazenda de Cerutti, medidas foram tomadas para evitar agrotóxicos que são prejudiciais aos pássaros, como explicou a Wired:

“Em Cerutti, permitiu-se que a vegetação úmida voltasse a crescer com a dispensa do uso de pesticidas. Lá, existem espécies em declínio, como ouriços, quero-queros e maçaricos-de-cauda-preta.

Mesmo que ela não ganhe tanto dinheiro, como poderia, se usasse os mesmos espaços agora preservados. Não tem importância. Segundo ela, “é importante fazer o que fazemos, e, embora nem todo agricultor o possa, é preciso fazer algo.” Cerutti incentivou positivamente sua vizinha, que parou com a pulverização de um herbicida muito poderoso, o glifosato. ‘Eu penso que seja um grande passo’, diz Cerutti.”

Com o desaparecimento dos pássaros, o que perdemos?

Além de agir como predares naturais e comerem também animais mortos, as aves polinizam as plantas espalhando suas sementes. Porém, a profundidade da relação entre homem e pássaro vai mais além. No Reino Unido, membros da Roal Society para a Proteção dos Pássaros somam mais de 1,3 milhões, significando uma soma maior do que todos os membros de partidos políticos do país juntos.

Ao mesmo tempo que observadores de pássaros ao redor do mundo estão se habituando a procurar novas espécies de aves constantemente nos EUA, a observação de pássaros é a atividade de lazer predileta de mais de 70 milhões de cidadãos. Os avistamentos de pássaros trazem consigo toda uma experiência envolvendo sentidos variados, como som e visão. Interagir com os pássaros no dia-a-dia podem ser o bastante para produzir uma mudança duradoura e positiva de humor.

O canto das aves proporciona um crescimento nos efeitos mentais benéficos de se estar em contato com a natureza. Os humanos podem apreciar melhor o cantar das aves, porque sempre estiveram presentes ao longo da evolução. E nas estações de primavera e verão, o canto das aves demonstram que o clima está agradável. Tudo isso pode ser perdido se não forem feitas mudanças para proteger essas criaturas vulneráveis.

Veja 7 formas simples de ajudar nossas aves

Uma delas é a agricultura de regeneração, esta modalidade tem sido a salvação para várias espécies, incluindo além das aves, insetos e outras espécies em todo o mundo. Apoiar fazendas de animais terminados a pasto que preservam a variedade e não precisam de químicos artificialmente produzidos é o melhor tipo de ação, pois reduz os malefícios que a agricultura industrial traz, como, por exemplo, a perda do habitat das aves e outros animais que sofrem com a agricultura intensiva.

Neste ínterim, se todos nos envolvermos para ajudar, podemos colaborar para um mundo mais seguro para os pássaros. Algumas sugestões feitas pela 3 Billion Birds, uma parceria entre instituições como Audubon, American Bird Conservancy, Bird Conservancy of the Rockies, Georgetown Environment Initiative, Cornell Lab of Ornithology e Smithsonian dizem que sete ações podem ser de grande ajuda para evitar que a quantidade populacional das aves decaia ainda mais:

1. Janelas mais seguras — ⁣Instalar telas ou refletores de proteção, pintar ou utilizar barbantes para impedir que as aves batam contra as janelas.

2. Gatos dentro de casa — Gatos soltos caçam aves; enriqueça o ambiente do seu gato, construa um catio, um ambiente externo, porém cercado, onde seus animais podem brincar sem causar danos aos pássaros.

3. Invista em plantas nativas em detrimento de gramados — Plantas nativas trazem subsistência para os pássaros, além de proporcionar áreas para nidificação e um abrigo.

4. Nada de pesticidas — Além da toxicidade para as aves, eles diminuem a população de insetos que serviriam de alimento para as aves. Use compostos orgânicos e biodinâmicos em seu jardim.

5. Dê preferência ao café cultivado na sombra — O grão cultivado à sombra mantém as florestas e colabora com as aves migratórias para sobreviverem no inverno. Já o café cultivado ao sol é aliado da destruição da floresta por utilizar pesticidas e fertilizantes.

6. Tente evitar o uso do plástico — Evitar qualquer forma de plástico, como canudos, utensílios, garrafas e embalagens, faz grande diferença. O Plástico é um dos grandes vilões poluidores de oceanos. Ele destrói a vida selvagem, incluindo aves marinhas.

7. Observe os pássaros — Monitorar aves as protege e salva, portanto, é uma ação importante. A 3 Billion Birds explicou: “as pessoas não notaram o quão rápido o pombo-passageiro, a ave mais populosa do mundo, estava sumindo, até que não tivesse mais como salvá-la da extinção.”

É de suma importância que os cientistas e cidadãos ajudem, relatando o que observam para os pesquisadores. Para que você ajude na causa observando as aves do seu próprio quintal, há inúmeros projetos em andamento, como o eBird, Project FeederWatch e Christmas Bird Count.