Foi lá que o garoto nasceu e brincou na Praça Barão, Praça Duque, na Sete de Setembro, na Cavalhada, na Cohab e, claro, foi vendo o pôr do sol no cais da Duque e na Praia do Daveron que ele conheceu artistas como Guapo, Rocco Martins, Emerson Dorado e Adãozinho da Harpa.
Apaixonado por música pantaneira, Henrique se formou músico pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e logo passou a pesquisar sobre a música feita em Cáceres. Foi então que ele descobriu o rasqueado cacerense, ritmo irmão do rasqueado cuiabano, com a diferença de ser algo mais lento, que fala sobre a imensidão do Rio Paraguai, das vazantes, e da vida simples em uma cidade do interior. Durante 10 anos, o músico pesquisou sobre o ritmo e agora lança o seu primeiro trabalho, a “”.
O “disco pesquisa”, como ele próprio denomina, é resultado da tese de mestrado em história que ele começou em 2021. No disco, lançado em mídia digital e em todas as plataformas de streaming nesta quinta-feira (24), Henrique faz muito mais do que interpretar o clássico ritmo cacerense, ele reúne diversos artistas de Mato Grosso para cantar e tocar nesta obra que promete se tornar atemporal.
“Esse é o trabalho de uma vida. O Henrique que as pessoas conhecem da noite, ele toca de tudo, anima festivais e casamentos. E Henrique continua, mas eu precisava de um sentido artístico na minha vida que pulsasse a minha arte, minhas vibrações e poder encontra isso nas minhas origens, na minha cidade, nas coisas que me transbordaram a vida toda e eu não tinha percebido. Hoje eu posso canalizar meu prazer artístico e poético em algo que é da terra, que é regional e que é mundial”, conta com emoção o artista.
Em conversa com o Entretê, Henrique afirma que o disco pesquisa veio de uma “teimosia” sua. Há mais de 10 anos muitos pesquisadores disseram que ele iria ter muita dificuldade pela falta de registro desses artistas. Algo que poderia desanimar qualquer um serviu como incentivo para que ele pesquisasse a fundo o rasqueado vindo de Cáceres.
“Minha pesquisa de mestrado parte da obra do Guapo que foi a primeira canção gravada em 1984 e aí vou passando na ordem cronológica por outros músicos como Emerson Dorado, Adão da Harpa, Rocco Martins, até chegar em mim. É uma pesquisa etno-musical, antropológica e historiográfica que serve como provocação de ‘o que é a cultura mato-grossense?’. Minha maior dificuldade foi na literatura, em achar escritos acadêmicos e autores que abordavam a cultura de fronteira da região de Cáceres. O que achei foi questão geopolítica, até hoje as literaturas mais solidas são concentradas em pesquisas de Mato Grosso do Sul onde achei maior referência, mas levei muito em consideração autores da Unemat”, conta Henrique.
Com 13 músicas compostas por artistas cacerenses que começam no ano de 1984 e vão até 2022, a “1ª Coletânea de Rasqueado Cacerense” já está disponível em todas as plataformas de streaming e também em mídia física que pode ser adquirido diretamente na página oficial do artista.
A obra conta a participação de 30 artistas das mais variadas vertentes e idades, que vão desde os veteranos Guapo e Adãozinho da Harpa, até Lorena Ly, Macaco Bong Joelson Conceição, Maestro Fabrício Carvalho, entre outros. A arte foi um presente que Henrique recebeu do cacerense Sálvio Júnior.
O disco é uma parceria da Secretaria de Estado, Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso; Assembleia Legislativa; Instituto Ciranda; Instituto Realize; Universidade do Estado de Mato Grosso e Lei Aldir Blanc.
Para comemorar o lançamento do disco, Henrique Maluf e a Orquestra Ciranda Mundo se unem nesta quinta-feira (24) em uma apresentação única no Teatro Zulmira Canavarros, às 20h, em Cuiabá. O espetáculo conta com participação de Guapo, Emerson Dorado, Adãozinho da Harpa e Rocco Martins.
A entrada custa R$ 2 mais 1 kg de alimento não perecível. É bom chegar cedo para garantir lugar.
Fonte: leiagora