Precisamos lembrar que a Terra faz dois movimentos quase independentes, caro leitor: a rotação, que são as voltas do planeta em torno de si mesmo, e a translação, que são as voltas em torno do Sol. Uma rotação corresponde um dia, uma translação corresponde a um ano.
Cada rotação dura exatamente 24 horas, de modo que nosso relógio nunca sai de compasso com as piruetas da Terra. Já uma translação, como o caro leitor apontou, leva 365 dias mais um chorinho que os astrônomos arredondam para 6 horas – o tamanho exato varia ligeiramente: 5h51 em um ano, 5h53 em outro, e por aí vai.
Quando a Terra chega ao ponto exato para recomeçar uma volta em torno do Sol – ou seja, quando completa uma translação –, ela pode estar em qualquer ponto da rotação. Podemos comemorar o ano-novo à meia-noite, a Terra na verdade completará sua volta em torno da estrela às 5h37 da manhã, e tudo bem: a manhã chegará no mesmo horário de sempre.
O giro do planeta em torno de si mesmo, que faz o Sol nascer e se pôr, não está atrelado à órbita em si, que tem a ver com fenômenos de escala muito mais longa, como as estações do ano.
De quatro em quatro anos, há um ano bissexto, com um dia a mais. Quando o ano bissexto acaba, a sincronia entre a rotação e a translação se reestabelece. E então, na festa da virada, a volta da Terra ao redor do Sol de fato se completa muito perto da meia-noite.
(Na verdade, não é tão simples assim: existem dias solares e dias siderais. Os solares consideram o Sol como ponto de referência, os siderais consideram as outras estrelas no céu noturno. Dias solares variam ligeiramente de duração ao longo do ano, enquanto os siderais duram sempre exatas 23 horas, 56 minutos e 4 segundos. Ignoramos esta minúcia para fins didáticos.)
Pergunta de @marciomcpiaui, via Instagram
Fonte: abril