A vitória de Javier Milei nas primárias argentinas, no domingo 13, ganhou destaque no noticiário. Com 30% dos votos, o economista libertário ultrapassou candidatos de forças políticas tradicionais no país, como o macrismo e o kirchnerismo.
Veja como foi: “Candidato da direita vence eleições primárias na Argentina”
Na visão de Milei, tanto o grupo político da ex-presidente Cristina Kirchner quanto o do ex-presidente Mauricio Macri compõem la casta, tratamento pejorativo que o candidato dá a toda a classe política tradicional. A divisão eleitoral do país, portanto, seria ilusória.
Tal discurso “contra o sistema” é uma das características que fizeram a imprensa e parte da opinião pública comparar Javier Milei a Jair Bolsonaro. O ex-presidente brasileiro se pôs, em 2018, como alternativa ao que seria uma falsa oposição entre PT e PSDB.
A vitória nas primárias põe o candidato como favorito para o próximo 22 de outubro, data do primeiro turno das eleições. Em caso de haver segundo turno, os dois candidatos se enfrentam em 19 de novembro. As primárias definiram cinco candidatos.
Conheça os candidatos à Presidência da Argentina
Javier Milei (A Liberdade Avança)
O economista, de 52 anos, tem experiência principalmente no setor privado, em empresas do ramo das finanças. Também deu aulas como professor universitário.
Na vida pública, foi assessor parlamentar e, em 2021, elegeu-se deputado. Diz ser contra a classe política tradicional, a quem trata por la casta. Em sua visão, essa casta seria formada por pessoas que vivem do Estado, à custa da população, em vez de servi-la de fato.
Admirador declarado dos ex-presidentes Donald Trump (Estados Unidos) e Jair Bolsonaro (Brasil), Milei recebeu apoio público do brasileiro ao anunciar que concorreria à presidência da Argentina.
Un fuerte abrazo: “Bolsonaro declara apoio a Javier Milei para a Presidência da Argentina”
Entre suas principais propostas estão a dolarização do peso argentino, como forma de combater a inflação no país, a privatização de estatais e a redução considerável dos gastos públicos.
Sergio Massa (União pela Pátria)
Formado em Direito, iniciou a carreira política em 1999. Foi deputado provincial, prefeito, chefe de gabinete de Cristina Kirchner e deputado nacional. Hoje, é ministro da Economia do governo de Alberto Fernández.
Em sua campanha, destacam-se o uso de “instrumentos estatais para o desenvolvimento com inclusão”, o foco na exportação por meio do complexo agroindustrial argentino e a economia de gastos, fruto da inauguração do Gasoduto Néstor Kirchner e da consequente diminuição da importação do insumo.
Patricia Bullrich (Juntos pela Mudança)
Doutora em ciência política, na juventude foi peronista — principal corrente de esquerda do país. Com o passar do tempo, passou a identificar-se como de centro-direita. Já exerceu mandatos como deputada e foi ministra de Estado, em diferentes momentos e governos.
Apesar de defender cortes nos gastos públicos e reformas tributárias e fiscais no país, a sucessora política de Mauricio Macri não é vista como radical, ao contrário de Milei.
Juan Schiaretti (Fazemos pelo Nosso País)
Contador público, tem 74 anos e hoje é governador da Província de Córdoba. No Legislativo, já cumpriu quatro mandatos como deputado.
É peronista, mas suas críticas não poupam o governo kirchnerista. O candidato culpa o atual governo pela escalada da inflação, comprometendo-se a revertê-la caso seja eleito.
Myriam Bregman (Frente de Esquerda e de Trabalhadores)
Graduada em Direito, já exerceu mandatos legislativos como deputada nacional. Acredita que a crise por que passa a Argentina seja paga “por quem a gerou”, referindo-se declaradamente aos bancos, aos grandes empresários e aos grandes proprietários de terras.
Ela defende o calote na dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a nacionalização de bancos e outras empresas relacionadas ao comércio exterior, com o objetivo de impedir a fuga de capitais do país.
Fonte: revistaoeste