Imagine poder carregar o seu celular apenas o apoiando no chão. Parece ficção científica demais para você? Recentemente, cientistas do MIT(Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e da Universidade do Texas, nos EUA, criaram um cimento que pode armazenar e conduzir energia – e funcionar como uma espécie de grande bateria.
Um “cimento elétrico” parece a receita perfeita para a história de origem de algum vilão do Homem-Aranha – mas a verdade é que os pesquisadores chegaram nesse resultado combinando coisas bem comuns do nosso cotidiano: cimento (dã), água, cloreto de potássio e uma substância chamada de carbono negro.
Carbono negro é um nome genérico dado aos vários tipos impuros do carbono. Eles são o resultado da combustão incompleta de combustíveis fósseis (como o petróleo) ou biomassa (como os incêndios florestais), que geram um material parecido com um carvão bem fino. Pode ser novidade para você, mas essa substância já vem sendo usada pela humanidade há bastante tempo (os Manuscritos do Mar Morto, por exemplo, foram feitos com carbono negro há dois mil anos).
E como a substância funciona?
O cimento absorve a água – e o carbono negro, excelente condutor de eletricidade, preenche as lacunas deixadas pelo líquido. O carbono, então, se ramifica em pequenos “fios”. Já o cloreto de potássio atua como um eletrólito: dissolvido na água, permite a circulação dos íons (átomos carregados eletricamente) entre as duas camadas de eletrodos que formam o material recém-criado.
O objetivo dos cientistas é que a substância funcione como um supercapacitor, armazenando e liberando energia conforme a necessidade. Mas, afinal: de onde viria essa energia?
Alternativa sustentável
Um dos desafios para um futuro mais sustentável é criar formas eficientes de armazenar energia. Vamos explicar.
Fontes de energia renováveis, como a solar e a eólica, possuem algumas limitações. De noite, os painéis solares são inúteis. Quando o vento cessa, as pás também. Em uma eventual escassez de energia, ou quando a demanda por eletricidade aumenta muito, outros setores (como as termelétricas) precisariam ser acionados para solucionar o problema.
É aí que entram as grandes baterias, capazes de estocar energia – e evitar situações como essa. O problema: os modelos atuais, que armazenam volumes cavalares de eletricidade, são caros.
É aí que o cimento entra. Os pesquisadores acreditam que o material pode ser, no futuro, uma solução mais barata para esse problema. Uma casa construída em cima do cimento elétrico poderia passar o dia inteiro armazenando energia de painéis solares e pás eólicas – e guardar o excedente dessa produção “no porão”. Em estradas, carros elétricos poderiam ser recarregados sem nem precisar interromper a viagem.
Ainda é muito cedo para cravar se a tecnologia vai vingar. Mas, convenhamos: iniciativas como essa, que apontam para um futuro mais sustentável, são sempre bem-vindas.
Fonte: abril