A vaginose bacteriana é considerada a causa mais comum de corrimento vaginal em mulheres em idade reprodutiva no mundo. “É uma infecção genital, causada por bactérias frequentemente anaeróbicas, em que a principal é a Gardnerella vaginalis”, descreve a ginecologista Talitha Alves, especializada em patologias do trato genital inferior e em cirurgia minimamente invasiva da Clínica Alira (SP).
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Essas bactérias já existem no organismo e o desequilíbrio da microbiota vaginal é a causa do seu surgimento, fazendo com que a população delas aumente. Qualquer mulher pode ter o quadro, mesmo que não tenha vida sexual ativa, apesar dela ser mais comum em mulheres que têm feito sexo.
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O que causa vaginose bacteriana?
Muitas pessoas acreditam que a vaginose bacteriana possa ser transmitida. “Apesar de frequente correlação com outras infecções do trato genital, não é considerada uma doença sexualmente transmissível, uma vez que algumas dessas bactérias podem ser encontradas habitualmente na flora vaginal”, explica Alves.
Normalmente, alguns hábitos de vida podem colaborar com o desequilíbrio da flora genital, provocando essa infecção:
- Fazer ducha íntima: usar a ducha na região genital perturba o equilíbrio da microbiota. A vagina normalmente se limpa sozinha, não sendo necessário realizar esse tipo de lavagem interna;
- Alimentação: estudos mostram que o consumo alto de gorduras na alimentação pode favorecer a vaginose bacteriana, enquanto um bom aporte de folato, vitamina A e cálcio pode reduzir a versão grave desse quadro;
- Sexo sem proteção: o sexo sem proteção está mais relacionado a esse tipo de infecção, principalmente se a mulher tem mais de um parceiro ou se está com um parceiro novo;
- Ausência natural de lactobacilos: algumas mulheres não produzem boas bactérias lactobacilos em quantidade suficiente na microbiota vaginal e possuem maior chance de desenvolver vaginose bacteriana.
Sintomas de vaginose bacteriana
Segundo a ginecologista Talitha Alves, a vaginose bacteriana normalmente se manifesta com corrimento vaginal com algumas características:
- Corrimento vaginal fino, nas cores cinza, branco ou verde;
- Odor vaginal fétido, semelhante ao cheiro de peixe;
- Esse odor pode ficar pior após o sexo ou durante a menstruação;
- Coceira vaginal;
- Ardência durante a micção.
Como diferenciar vaginose bacteriana e candidíase?
Muitas mulheres confundem vaginose bacteriana e candidíase, já que o corrimento é característico em ambas as patologias e, inclusive, ambas são causadas por desequilíbrios na flora vaginal. “O odor fétido é o diagnóstico diferencial clinicamente”, explica a ginecologista Alves. Além disso, a candidíase não costuma causar irritação, coceira ou ardência vaginal.
Como é feito o diagnóstico?
É importante ir ao ginecologista em qualquer alteração do corrimento vaginal, que está normal se não tem odor ou coloração. Caso você esteja com vaginose bacteriana, mas demore para tratá-la, isso pode trazer problemas como:
- Maior chance de ter um parto prematuro;
- Infertilidade;
- Maior predisposição de contrair uma doença sexualmente transmissível bacteriana e viral.
Uma estatística norte-americana mostra que apenas um terço das pacientes podem apresentar uma resolução do quadro sem ajuda médica. Mas o ideal é não arriscar, principalmente se você tem sintomas.
Normalmente, o médico vai tomar algumas atitudes, tais como: fazer um exame pélvico em consultório, para perceber se há algum sinal de infecção ou alteração anormal e coletar uma amostra do seu fluido vaginal (o famoso exame papanicolau), para examinar e verificar se há bactérias anaeróbicas (ou seja, que sobrevivem sem oxigênio).
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Tratamento da vaginose bacteriana
Uma vez que a vaginose bacteriana é confirmada pelos exames laboratoriais, o médico indicará o tratamento com antibióticos, seja em pomada vaginal ou comprimidos. “Ambos têm boa resposta”, tranquiliza a ginecologista Thalita Alves.
É muito importante seguir à risca o tratamento durante o tempo indicado pelo médico, mesmo que os sintomas já tenham parado. Também é importante fazer sexo apenas com preservativo nesse período.
O tratamento também é seguro para mulheres grávidas, que devem buscar ajuda médica assim que perceberem mudanças em seu corrimento, já que essa infecção pode trazer problemas à gestação.
A vaginose bacteriana pode voltar e se tornar recorrente?
Algumas pessoas podem apresentar vaginose bacteriana após 12 meses do tratamento. Nesses casos, é importante alertar seu médico que a infecção é recorrente. Para Thalita Alves, a recorrência é muito comum quando a mulher não altera seus hábitos alimentares.
Agora, se você voltar a apresentar sintomas pouco tempo após parar o tratamento, é importante buscar ajuda médica com urgência.
Como prevenir a vaginose bacteriana?
Existem algumas formas simples para evitar a vaginose bacteriana. A ginecologista Talitha Alves recomenda os seguintes cuidados:
- Use preservativo: seu uso durante as relações sexuais evita alterações na flora vaginal causadas pelo contato com o seu parceiro;
- Não faça duchas íntimas: elas desequilibram a microbiota genital e não são necessárias, já que a vagina (parte interna do seu órgão sexual) é autolimpante;
- Minimize irritações vaginais: prefira calcinhas de tecidos naturais para deixar a região arejada e opte por sabonetes neutros para evitar produtos com aromas;
- Tenha uma alimentação equilibrada: com consumo de gorduras boas, carboidratos integrais e proteínas magras, além de muitas frutas, legumes e verduras.
Cuidar da sua flora vaginal é muito importante. Por isso, informe-se também sobre pH vaginal e como equilibrá-lo. Esteja atenta e, sempre que perceber qualquer alteração ou desconforto, procure um médico.