Rodrigo Amarante está de volta ao Brasil! Bom, ao menos para apresentar a turnê do seu mais recente álbum, o delicado “Drama”. Ele, que integra o line-up do Coala Festival, que acontece neste final de semana em São Paulo, conversou com o POPline em um bate papo exclusivo e falou um pouco mais sobre o disco, turnê com Norah Jones, amizade com Devendra Banhart, trilha sonora de “Narcos”, política e, é claro, Los Hermanos.
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Após cerca de 8 anos, desde o lançamento do elogiado “Cavalo”, seu álbum de estreia em carreira solo, Rodrigo Amarante voltou à cena em 2021 com novo gás. O disco “Drama”, que atravessou a pandemia da COVID-19 em produção, chegou às plataformas de streaming trazendo um som mais leve. Amarante contou como foram os processos iniciais deste trabalho:
“O ‘Cavalo’ foi feito em um estúdio caseiro meu, que melhorou um pouco ao longo dos anos, mas não é como um estúdio profissional. As coisas eram mais simples antigamente. A ideia com o ‘Drama’ era fazer o contrário, gravar ao vivo com a banda tocando, todo mundo junto na mesma sala. Eu comecei assim, as primeiras 5 bases nasceram assim, tudo ao vivo, gravado na fita e só poderiam ser feitos 4 takes de cada música. Desse jeito, não tem muito como editar, tem que aprender a gostar do que foi feito. Era a energia que eu queria!”
Com gravações finalizadas em meio ao caos do coronavírus, o “Drama” sofreu alguns atrasos, principalmente quando relacionado à mixagem, uma vez que o cantor foi obrigado a fazer esta etapa com o engenheiro de som a distância. “Uma coisa que demoraria duas semanas durou dois meses,” comentou Amarante, que ainda confirmou que tinha o álbum pronto por um ano, em espera.
O primeiro single, a ótima “Maré”, finalmente chegou em maio do ano passado, acompanhada de um videoclipe divertido que foi produzido, dirigido e estrelado pelo próprio Rodrigo.
“Eu adoro fazer essas coisas. Eu dirigi todos os vídeos do ‘Drama’. Eu mesmo que produzi, escrevi o story board. Inclusive, no ‘Maré’, eu fui diretor, ator e produtor! Eu que fui alugar as paradas de iluminação, eu que construí os sets. Eu adoro mesmo, porque sempre quis fazer filmes. Trabalhei com um cineasta experimental genial chamado Nilson Primitivo, fiz vários trabalhos com ele.”
De onde vem o “Drama”?
Uma palavra que funciona bem em quase todos os idiomas é a palavra certa para um artista popular em diferentes partes do globo. “Drama” teve e tem este propósito, como contou Rodrigo Amarante:
“O título de um álbum deve ser como uma conversa. Não é simplesmente um nome. Se o título gera uma conversa, então eu acho legal. Esse nome funciona em português, francês, italiano, inglês, espanhol. Drama é drama. E tem um sentido duplo também, o lado do exagero, do ‘fazer drama’, por outro lado tem o teatro. Do drama class ao drama queen.“
A ideia de usar este nome veio junto com a produção da faixa-título, composta por sons de uma plateia de teatro, com risadas e aplausos. “Drama” serve como uma apresentação da tracklist, um verdadeiro “abrir de cortinas” que introduz o que estar por vir; segundo Amarante, um disco mais fantasioso para àqueles que ainda curtem um álbum completo:
“Eu tava fazendo um exercício. Nem era pra entrar no disco, mas tive essa visão de fazer essa sobreposição da plateia reagindo à música de um jeito que não faz nenhum sentido e, com isso, subentende-se que há uma terceira coisa ali que o ouvinte é levado a imaginar. Escrevendo isso foi que me veio essa luz de chamar o álbum de ‘Drama’. Essa faixa é como uma entrada, um presente pra quem ouve disco, né? Pra quem ainda gosta do álbum, da relação das músicas.” explicou.
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O efeito “Narcos”
Assinar uma trilha sonora de sucesso pode realmente mudar o curso da vida de um artista e com Rodrigo Amarante não foi diferente. Mesmo já sendo um artista consagrado no Brasil e no exterior, com suas bandas Los Hermanos, Little Joy e seu projeto solo, ele viu sua música ganhar novos admiradores após o single “Tuyo” ganhar o mundo como tema de abertura da premiada série da Netflix “Narcos”.
A música, que ganhou inclusive um famoso remix do DJ Alok, atraiu um novo público para Amarante, que fez novas turnês pela Europa e Estados Unidos após o sucesso da produção inicialmente protagonizada pelo ator brasileiro Wagner Moura, na pele do traficante colombiano Pablo Escobar.
“Nesses anos todos (entre ‘Cavalo’ e ‘Drama’), quando lançou a música do ‘Narcos’, muita gente descobriu meu disco e ele ganhou uma nova prensagem, um outro público e aí eu fiz mais duas turnês na Europa, fui até a Turquia. Depois fiz mais duas nos Estados Unidos, uma solo e uma com banda. Os agentes me pediam para não lançar disco naquele momento e aproveitar esse público novo, então isso me tomou uns 2 anos. Fiz a trilha de um filme inglês também, mais um ano. E assim vai,” contou Rodrigo.
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Rodrigo Amarante no mundo
Mesmo com todo o sucesso de “Tuyo”, o link de Amarante com o internacional não é de agora. O músico, que mora em Los Angeles há algum tempo, mantém uma relação de amizade há muitos anos com diversas figuras interessantes e importantes da música mundo afora. Uma delas é o cantor Devendra Banhart, que é citado na carta de apresentação do disco “Drama” e com quem já dividiu situações engraçadas, como o fim da “era barbudo” de ambos:
“A gente teve um ritual de cortar a barba, risos! Quando a gente gravou o primeiro disco juntos, ele tinha uma barba enorme e eu também e eu disse ‘cara, vamos tirar essa barba?’ e ele topou. Eu já não fazia a barba há muitos anos e ele também e veio uma fotógrafa amiga nossa para registrar o momento. A gente riu muito, estranhando a própria cara e a cara do outro.”
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Outra parceira de Rodrigo Amarante é a cantora Norah Jones, com quem estava em turnê pelos EUA há poucos meses. “Conheci a Norah em Nova York, na época do Little Joy, e no ano passado ela me chamou para escrever umas músicas. Ele veio pra Los Angeles e escrevemos duas músicas muito rápido. Escrevemos e gravamos tudo em três dias, lá em casa mesmo, e lançamos na semana seguinte. Foi uma coisa muito boa.”
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Ele continuou:
“Depois disso, ela me chamou pra fazer essa turnê nos Estados Unidos e, depois do Brasil, vou para o Japão com ela. Então é uma parceira no sentido clássico da música. No show dela, tocamos uma dessas músicas junto, durante o set dela. Ela inclusive falou para eu tocar uma música minha, ‘The End’, do ‘Drama’, no piano dela. Então ainda pego o piano dela emprestado para fazer essa graça, risos.”
“Drama” no Brasil
Rodrigo Amarante está no Brasil para uma série de shows, que contempla seis cidades: Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde ele se apresentou nos dias 9 e 10 de setembro, respectivamente, São Paulo (14 e 18/9), Porto Alegre (15/9), Curitiba (17/9) e Fortaleza (23/9). O artista chega ao país em meio ao período de campanha eleitoral e ele não nega seu posicionamento político e afirma que não se opõe às manifestações do público:
“Eu acho legal ser aberto, é um assunto nosso, de agora. Não é que eu acho que eu tenho uma importância qualquer ou que devo me manifestar pra poder influenciar ou que minha opinião tenha um valor maior do que de qualquer outro. Não! Mas converso com meus amigos sobre isso e por que não conversar com o público? O único motivo de não fazer isso seria o medo de perder eventuais fãs que não vão votar no Lula ou votariam no Bolsonaro. Então eu falo mesmo, falo o que penso e convido as pessoas a votarem no Lula mesmo, porque acho que é a melhor coisa que podemos fazer.”
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Política à parte, Amarante fará sua turnê nacional acompanhado de um velho conhecido dos fãs do Los Hermanos: Rodrigo Barba estará na bateria! “Pois é, estou super feliz. Adoro tocar com ele, adoro ele como pessoa. Maior saudade,” comemorou o reencontro com o amigo. O cantor ainda falou que os dois haviam conversado ao telefone e Barba lhe trouxe a notícia que Bruno Medina também estava no Brasil, porém voltaria para sua casa, em Londres, antes do show do Rio de Janeiro.
“O Barba falou que o Bruno está aqui, mas não poderá ver o show, porque vai embora antes, mas que ele queria ir no ensaio. Aí eu falei, ‘poxa, vamos convencer ele a ficar, porque com 3 hermanos a gente já pode tocar alguma coisa, risos!’ Ele deu muita risada. A gente brinca assim um com o outro e sempre foi assim. Não vai rolar, porque ele vai embora, mas se o Bruno ficasse para o show do Rio, era capaz da gente fazer alguma maluquice!”
Além de Rodrigo Barba, a banda de Rodrigo Amarante ainda conta com o genial Pedro Sá na guitarra, Alberto Continentino no baixo, que está tocando com o Caetano Veloso também, Nana no teclado e violoncelo e Daniel Castanheira na percussão.
Coala Festival
Rodrigo Amarante se apresenta no Coala Festival neste final de semana. O evento, que volta ao formato físico após a pandemia do COVID-19, acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de setembro, no Memorial da América Latina, em São Paulo. Os ingressos para o festival ainda estão à venda. Há opções de ingressos avulsos e também passaporte para os 3 dias de evento.
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Confira os valores:
Ingresso avulso – Sexta-feira – 16 de setembro (quinto lote)
Meia-entrada: R$ 150,00
Ingresso solidário: R$ 190,00
Inteira: R$ 300,00
Ingresso avulso – Sábado – 17 de setembro (lote extra)
Meia-entrada: R$ 270,00
Ingresso solidário: R$ 325,00
Inteira: R$ 540,00
Ingresso avulso – Domingo – 18 de setembro (lote extra)
Meia-entrada: R$ 270,00
Ingresso solidário: R$ 325,00
Inteira: R$ 540,00