Os aficionados por adrenalina não hesitam em sair de Orlando para percorrer os 136 quilômetros que a separam de Tampa, cidade que virou sinônimo de montanhas-russas radicais graças ao parque Busch Gardens. Mas basta haver uma criança ou um adulto mais medroso no grupo para bater a dúvida: será que vale a pena incluir esse bate e volta na viagem? Considerando que o parque oferece transporte gratuito desde Orlando, daria para dizer que sim, mas é provável que isso não seja motivo o suficiente.
Não há como negar que os brinquedos de arrepiar são o ponto forte do Busch Gardens, mas o parque não se resume a eles. O que vou mostrar agora é a possibilidade de se montar um roteiro de forma que uma parte do grupo consiga ir naquela montanha-russa que deixa a pessoa rouca de tanto gritar, enquanto a outra parte curte aquele brinquedo mais “diboa” que fica logo ao lado. Vem comigo:
CHEETAH HUNT e COBRA’S CURSE
Ao entrar no Busch Gardens, basta virar à esquerda para dar de cara com a Cheetah Hunt. A montanha-russa mais extensa do parque, com um quilômetro de percurso, é inspirada nos movimentos do guepardo, o felino mais rápido do mundo e que pode alcançar os 100km/h em menos de três segundos ao investir sobre uma presa.
Na Cheetah Hunt isso se traduz em um brinquedo bem rápido e emocionante, com três momentos de lançamento ao longo do caminho, mas que ao mesmo tempo a turma inteira vai gostar porque não tem essa de virar de ponta-cabeça em nenhum momento. Foi minha favorita do parque e com certeza é uma ótima opção para o grupo começar o dia junto. A altura mínima para poder embarcar é de 1,20m.
Daqui pra frente, uma possibilidade é se separar caso o nível de adrenalina que o grupo busca seja variado. Enquanto uns se divertem na Cobra’s Curse, outros encaram a Montu. A Cobra’s Curse (altura mínima para embarcar: 1,06m) pode não ser radical, mas também está longe de ser bobinha: os carrinhos são içados por um elevador e depois lançados para uma queda e uma sequência de curvas. Minha surpresa foi descobrir que os carrinhos giram ao longo do percurso: quando dei por mim estava indo ladeira abaixo de ré, amei! Espia só o vídeo a seguir:
MONTU
A Montu (1,37m), mais intensa, tem os trilhos na parte de cima e deixa você com os pés pendurados durante uma sequência que é pura loucura: são sete inversões no total, entre mergulhos profundos, torções, loopings e até uma torção com looping simultâneos. Não, eu não fui. Olha só:
SERENGETI PLAIN
Você logo vai perceber que o Busch Gardens é um parque grande, que exige longas caminhadas entre uma atração e outra. Para ter ideia, ali dentro há uma área de 26 hectares onde vivem zebras, girafas, rinocerontes, avestruzes e outras espécies africanas.
O espaço pode ser percorrido na carroceria de um caminhão em um passeio chamado de Serengeti Safari. A sensação de fato é a de estar fazendo um safári, e não visitando um zoológico: além de quase não existir grades, os animais circulam livremente por áreas grandes e algumas espécies até convivem entre si (por motivos óbvios, predadores e presas são mantidos separados).
Ao longo do caminho, um guia faz explicações sobre as espécies e fornece dados curiosos. Aprendi, por exemplo, que as zebras não são pretas e brancas, e sim marrons e brancas, e que os rinocerontes machos precisam vencer as fêmeas em uma batalha se quiserem acasalar com elas.
O ponto alto do passeio é o encontro com as girafas. A gente recebeu folhas de alface, elas vieram até o caminhão e enfiaram seus longos pescoços dentro da traseira do caminhão. Não há garantia de que as girafas vão chegar perto para comer. No dia da minha visita, duas se aproximaram e foi divertido vê-las sacar suas línguonas para alcançar o alface na minha mão. Levar uma babada faz parte do pacote.
A experiência deve ser paga à parte: custa a partir de US$ 39,99 e dura cerca de 30 minutos. Vale a pena para crianças e para quem não curte atrações radicais.
SERENGETI FLYER, FALCON’S FURY e SCORPION
Quem curte atrações radicais pode seguir para uma dupla de brinquedos que não são montanhas-russas, mas proporcionam uma boa dose de adrenalina: a nova Serengeti Flyer, que abriu em fevereiro de 2023, e a Falcon’s Fury.
A Serengeti Flyer (1,22m) é literalmente um balanço gigante: o assento sobe a 41 metros de altura e, no movimento pendular de 180°, pode atingir 109 km/h. Mesmo impactada pela dimensão da atração, achei que seria apenas um balanço. Não poderia estar mais enganada.
A sensação de estar subindo de ré a uma velocidade tão grande já me deu um medinho, intensificado quando o banco atingiu sua altura máxima e me deixou encarando o chão. Depois, ainda tem o frio na barriga da descida e a sensação estranha de estar praticamente deitada de costas quando o balanço completa os 180° do outro lado. Eu não via a hora daquilo acabar, mas a criançada do meu lado ria à beça e já combinava de ir de novo. Confere só:
Depois dessa, confesso que fiquei aliviada em saber que naquele dia a Falcon’s Fury (1,37m) estava fechada para manutenção. O brinquedo é do tipo elevador que despenca, mas tem um diferencialzinho: a ascensão é na vertical, mas ao chegar no topo o carrinho simplesmente gira, você fica de bruços encarando o chão e a coisa desce vertiginosamente do alto de 91 metros, dá só uma olhada:
Se o pessoal avesso aos radicalismos ainda estiver no safári, aproveite para andar na Scorpion (1,22m), montanha-russa que fica logo ao lado e tem um looping vertical de 360°.
CONGO RIVER RAPIDS e STANLEY FALLS FLUME
Sigam juntos até a próxima área do Busch Gardens. Parte do grupo pode conhecer na sequência dois brinquedos de água. Não custa avisar: você vai sair encharcado. A Congo River Rapids (1,06m), mais emocionante, é um bote redondo que passa por corredeiras, cavernas e cachoeiras.
Já a Stanley Falls Flume (1,16m), mais tranquila, é um barco no formato de tronco que sobe e desce por um curso d’água.
KUMBA, TIGRIS e SHEIKRA
Enquanto isso, a turma da adrenalina tem três opções de montanhas-russas nos arredores. Na Kumba (1,37m), os carrinhos começam despencando de uma queda a 41 metros de altura e mergulham em um looping que proporciona três segundos de sensação de gravidade zero.
A Tigris (1,37m) pode parecer pequena, mas não se deixe enganar. Além de irem de frente e de costas, os carrinhos fazem vários giros no próprio eixo a quase 100km/h: um deles me pareceu acontecer bem devagarinho, o que aumenta a aflição da coisa. Saí de lá trançando as pernas.
Por fim, a Sheikra (1,37m) é uma daquelas montanhas-russas gostosas, que dá vontade de ir várias vezes. Inspirada no movimento que o falcão realiza para capturar sua presa, ela tem um carrinho que deixa você com os pés levemente pendurados durante descidas bem íngremes e um looping grande. A sensação é de estar voando.
SESAME STREET
Criança pequena também tem um lugar para chamar de seu no Busch Gardens. A Sesame Street Safari of Fun é uma ampla área temática de Vila Sésamo com brinquedão no formato de casa na árvore, playground aquático, carrosséis de diferentes tipos e até uma mini montanha-russa.
IRON GWAZI
Não muito longe dali, fica a montanha-russa mais temida do Busch Gardens. Do tipo híbrida, feita de aço e madeira, a Iron Gwazi (1,22m) detém o título de mais alta da América do Norte e mais íngreme e rápida do mundo. Depois da queda inicial a 91º, ela chega a 109km/h e tem três inversões. Essa é para encerrar o dia no Busch Gardens com chave de ouro.
Se você tiver seguido meus passos, terá acabado de dar a volta completa no parque, no sentido anti-horário (veja no mapa abaixo). A saída estará logo em frente, mas se tiver sobrado um tempinho, você pode dar uma última volta na Cheetah Hunt ou na Cobra’s Curse, dois brinquedos democráticos que provavelmente a turma toda curtiu.
COMO CHEGAR NO BUSCH GARDENS E TRANSPORTE GRÁTIS
O Busch Gardens fica na cidade de Tampa, a 136 quilômetros de Orlando. O acesso é feito pela rodovia interestadual I-4 e o trajeto dura cerca de duas horas, a depender do trânsito na saída ou na chegada de Orlando.
O que nem todo mundo sabe é que o Busch Gardens oferece transporte gratuito de ida e volta. Há pontos de partida e chegada em diferentes lugares de Orlando, incluindo alguns hotéis (consulte a lista aqui).
Os shuttles costumam sair entre 8h e 9h da manhã e podem fazer até três paradas para pegar passageiros. O horário de chegada à Tampa varia e o site alerta que pode ser que você chegue só às 11h30 (o parque geralmente abre às 10h). Já a volta acontece no horário do fechamento do parque, que varia a depender da época. É preciso reservar o serviço com antecedência pelo site.
O transporte gratuito pode valer a pena até mesmo para quem está com carro alugado: você economiza com a gasolina e com o estacionamento, que custa US$ 30 a diária. A contrapartida é não ter controle do horário de chegada e partida do parque.
INGRESSOS, PLANOS DE ALIMENTAÇÃO E FURA-FILAS
Os preços dos ingressos para o Busch Gardens variam dependendo da época do ano, de US$ 91,99 a US$ 109,99. Pagando US$ 30 a mais, é possível adquirir um plano de alimentação que permite comer e beber o dia inteiro. Funciona assim: a cada 90 minutos, você pode pedir nos restaurantes participantes uma bebida (menos garrafa de água) + um prato principal + um acompanhamento ou uma sobremesa. Se você pretende fazer mais de uma refeição no parque, como o almoço e um lanche da tarde, o plano de alimentação já vale a pena. Esses preços são válidos para compra através do site.
Caso você tenha a intenção de visitar outro parques do grupo — SeaWorld e Aquatica em Orlando — sai mais barato comprar os combos de dois parques (a partir de US$ 104,99) ou três parques (a partir de US$ 159,99). Eles permitem visitar cada parque uma única vez e dão um descontinho no plano de alimentação, que sai a US$ 27,50 por dia. Compre pelo site do SeaWorld.
Agora, se você planeja visitar também o Discovery Cove em Orlando, considere o combo de quatro parques (a partir de US$ 189,70). Ele dá direito a visitar o Discovery Cove uma única vez e o SeaWorld, Aquatica e Busch Gardens quantas vezes quiser durante 14 dias consecutivos. Nesse caso, é preciso comprar pelo site do Discovery Cove.
Ainda que costume ser bem mais vazio que outros parques de Orlando, o Busch Gardens também possui um esquema de fura-filas, que por lá se chama Quick Queue.
O preço varia bastante dependendo da época da visita, entre US$ 29,99 e US$ 129,99. Com esse serviço, você tem acesso prioritário ilimitado em quase todos os brinquedos: Tigris, Falcon’s Fury, Cheetah Hunt, Sheikra, Montu, Kumba, Cobra’s Curse, Scorpion, Stanley Falls Flume e Congo River Rapids. Ou seja, as exceções são a Iron Gwazi e a nova Serengeti Flyer. Parar furar a fila uma única vez nesses brinquedos, é preciso adquirir uma modalidade especial do Quick Queue, que custa entre US$ 29,99 e US$ 189,99.
Sem a mordomia do Quick Queue, uma dica é baixar o aplicativo do Busch Gardens (disponível na App Store e no Google Play), que mostra o tempo de espera na fila de cada atração. Ali também é possível consultar os horários de abertura e fechamento e o mapa do parque.
No vídeo abaixo eu mostro um compilado das montanhas-russas do Busch Gardens:
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Leia uma reportagem sobre o SeaWorld
Fonte: viagemeturismo