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Descubra como o balanceamento de planetas pode impactar nossa vida e o futuro da Terra

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No final de junho de 2023 recebi a notícia de que os humanos são causadores de mais uma aberração catastrófica na natureza. Não bastasse sermos acusados de mudar o clima terrestre, causar extinção em massa de espécies, acabar com a água do planeta, sujar o mundo, agora também fomos acusados de “mudar a inclinação do eixo de rotação da Terra”!

A matéria ainda fez uma bagunça com os tipos de “eixos terrestres” e a instrumentação satelital do GPS de forma que a dado momento, não ficou mais claro do que estavam a tratar.

Entenda

De qualquer maneira, a rotação do planeta ocorre em um eixo imaginário que define apenas dois pontos geográficos permanentes e independentes: o Norte e o Sul. Estes definirão um modelo cartesiano esférico, pois criarão a convergência de todos os meridianos da Terra somente sobre eles, como os gomos de uma mexerica. Perpendiculares aos meridianos estão os paralelos, cujo maior é o Equador. Os pontos Leste e Oeste são relativos, portanto dependentes da posição do objeto, e não estão estabelecidos no modelo. Você pode rodar infinitamente para o Leste, assim como para o Oeste. De qualquer forma, este é o nosso modelo que indica a inclinação e rotação do eixo terrestre, definem o Equador, as linhas tropicais, a Eclíptica e as linhas Polares.

Calculando o GPS

O Sistema de Posicionamento Global (GPS) é um rádio-modelo. Tem um histórico muito interessante, mas de maneira resumida, a sua função é criar as mesmas linhas de grade do modelo geográfico ancorado ao eixo terrestre, mas de forma virtual, por ondas de rádio emitidas pelos satélites e calibradas por estações terrestres. Como há um diferencial entre os movimentos coordenados dos satélites e a Terra, todos os dias o sistema é calibrado em seus relógios, sincronizando o rádio-modelo com o modelo geográfico, mantendo as coordenadas estáveis de rádio como espelhos das geográficas. Por curiosidade, o código 09/09/99 era o precursor do processo de calibração do sistema e foi considerado um dos bugs do milênio.

Quanto ao modelo magnético, ele é completamente diferente, pois está atrelado ao campo magnético da Terra que é variável. Em 1957, início do Ano Geofísico Internacional, a França já firmava sua participação no experimento mundial, estabelecendo-se na recém montada estação antártica Jules Dumont d’Urville exatamente onde se encontrava o Pólo Sul Magnético (na costa da Antártida, em 66o39’47”S e 140o00’05”E). Hoje, este mesmo pólo já está a mais de 180 quilômetros da marca de 1957. Como há a possibilidade de grandes variações deste campo, correções são realizadas periodicamente, inclusive em cartas com declinação magnética para o uso de bússolas, tanto as físicas como as digitais, atualizando sistemas computacionais de navegação.

Leia: “O sétimo continente”, texto publicado na edição 169 da Revista Oeste

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Descubra Como O Balanceamento De Planetas Pode Impactar Nossa Vida E O Futuro Da Terra 4

Somos os responsáveis pela “inclinação do eixo da Terra”?

Feita essa pequena introdução, voltemos ao tema principal que aborda a nova mania que tem como fonte, a Coreia do Sul. Ki-Weon Seo e sua equipe de geofísicos da Universidade Nacional de Seul dizem ter descoberto que o uso de água subterrânea para atividades agrícolas e para a sobrevivência dos humanos está mudando a inclinação do eixo do planeta. Ainda conseguiram aliar este fato ao derretimento de geleiras da Groenlândia e da Antártida, bem como o represamento dos fluxos de água por barragens e as mudanças na composição do solo. Segundo eles, seus cálculos são inequívocos e a relação foi muito bem estabelecida. Como sempre, a soberba só faz a refutação e os questionamentos se multiplicarem quando uma pesquisa se apresenta desta forma, em especial, quando tal trabalho foi publicado na Research Geophysical Letters, aparentemente revisto por “pares”. Isto nos lembra os relatórios do IPCC e suas conclusões também inequívocas de que o CO2 humano causa “mudança climática”.

O primeiro questionamento que fazemos é: será que os seus cálculos foram realizados em modelos que trazem todos os elementos de deslocamento de massa que ocorrem no planeta? Petróleo é tirado em proporções gigantescas de poços, minas removem gigatoneladas de minérios pelo mundo, montanhas são removidas para gerar pedriscos e as represas estão espalhadas por todos os lados do planeta. Aqui estamos só citando alguns exemplos humanos de movimentações de massa. Se começarmos a contar os deslocamentos de massa naturais, além de serem impossíveis de controlar, afinal, ninguém nessa Terra controla os fluxos de massa e energia na proporção planetária, os valores mudam para uma escala muito maior que as atividades humanas. Vulcões, espalhamento de magma, deslizamentos de terra, inundações, movimentos dos sedimentos continentais, ajuntamento de nódulos metálicos nos oceanos e uma longa lista já seriam suficientes para bagunçar todas as contas. Além destes, claramente há a dúvida se o geofísico de Seul introduziu o ciclo Nodal da Lua e todas as suas consequências, levando em conta os aspectos e detalhamentos geográficos costeiros.

Este ciclo lunar forma uma composição de ângulos entre uma fase baixa e alta do plano da órbita da Lua com a inclinação do eixo de rotação da Terra durante o ciclo de 28 dias das fases lunares. Em uma explicação mais simples, o eixo do plano de translação da Lua ao redor da Terra também gira ao redor do nosso planeta. Sua ação tem uma amplitude principal de 9,20 segundos de arco de grau e um período médio de apenas 18,6 anos. O campo gravitacional alterado pelas combinações angulares é capaz de deslocar as marés por mais de 1.122km de distância do Equador, tanto para o Norte quanto para o Sul. Em uma situação de oposição, as marés movimentam-se 4.609km para cada hemisfério (9.218km totais em 28 dias), ou seja, 329,21 quilômetros por dia. Em conjunção, o movimento vai para 5.731km para cada hemisfério (11.462km totais em 28 dias), alcançando 409,35 quilômetros por dia, ou seja, um aumento próximo de 25%. É muita alteração de posicionamento de massa!

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De qualquer forma, a premissa utilizada por Seo não é nova. Trata-se da hipótese (e não tese) do balanceamento de roda sendo aplicado ao planeta. No balanceamento de roda, o mecânico faz a roda montada com o pneumático girar em um balancim eletrônico, verificando as oscilações induzidas pelo giro. Em dado momento, o instrumento interrompe o giro, marcando o ponto onde há um desbalanceamento do harmônico. Ali se instala um pequeno contrapeso para compensar a massa desalinhada da roda montada. Claramente a escala envolvida no processo tem algum significado.

Uma roda pode possuir uma massa de 15 a 25 quilos, com raios que podem variar de 30 a 50cm e o contrapeso adicionado pode ter uma massa de 5 a 50g. Assim, num hipotético ajuste de 5g em uma roda de 20 kg haveria uma proporcionalidade de 0,025%, quando fazemos as devidas equiparações de unidades. Para o raio, supondo 5 mm de espessura do contrapeso, em uma roda de 30cm de raio, teríamos uma proporcionalidade de 1,667%, também equiparando unidades. Ambos são bastante baixos, mas suficientes para criar o harmônico necessário que evitará as vibrações, nas devidas limitações, pois as escalas ainda são proporcionais para a proposta em questão

Para o caso de planeta, estamos falando de um raio médio de 6.378km e uma massa surreal gigante. Enquanto isto, se uma fonte subterrânea tiver 100 metros de espessura, já seria uma marca formidável. Aquíferos maiores, como os brasileiros, também são gigantes e 100m de uso de sua água, podem ter certeza, é um oceano que certamente estamos muito longe de consumirmos tudo isto! Mas usemos a marca de 100 metros de coluna d’água contra o raio da Terra. A proporção será de 0,001568%, ou seja, três ordens de grandeza menores que o efeito relatado no balanceamento de roda. Quer ajudá-los na sua hipótese sem fundamento? Coloque um quilômetro de água!

Começa a ficar claro que achar que mudamos o eixo de rotação da Terra porque alteramos algumas fatias irrisórias do Estrato Geográfico não está se sustentando com o vigor propagado na soberba de Seo, mas vamos piorar para o lado deles, pois também elencaram que a perda de gelo das regiões polares tem ajudado neste processo de desbalanceamento do planeta, embora as evidências destes “fatos” não se sustentem.

Uma perda de gelo para ser significativa deveria também se apresentar com enormes variações instantâneas, como pelo menos uns 500 metros de coluna de gelo por uma vasta cobertura espacial, fenômeno este não verificado em lugar algum, em especial porque a equipe de Seo disse ter encontrado uma brusca variação de mudança de eixo. Assim, além de não verificarmos uma perda de gelo de mais de 50 metros de espessura, quando não muito menos que isto nas intercorrências sazonais, pergunta-se como eles conseguiram calcular tal façanha? Se observamos anteriormente que uma coluna d’água de 100 metros não significam nada, então os supostos 10 metros de gelo seriam o que?

Eles definiram que o gelo das montanhas da Groenlândia está a se reduzir, além de calcular uma perda de massa da Antártida. Isto é muito curioso porque na Groenlândia não se reduz 10 metros de coluna de gelo por ano e o gelo antártico, embora apresente alta variabilidade anual, segundo comprovações de dados científicos, ele tem se mostrado estável no seu balanço geral continental, em especial, com grandes carregamentos verificados desde 2007. Dados e imagens podem ser verificadas todos os anos, tanto por satélites, quanto pelas equipes de manutenção das estações meteorológicas automáticas (Automatic Weather Station – AWS) que todos os anos precisam desenterrá-las porque ficam soterradas por 3 a 5 metros de neve! Seo computou todo esse gelo reposto desde então? E o reposto em 2021, ano especialmente frio na região? E as enormes variações anuais? Os questionamentos não se encerram aqui, pois a equipe sul-coreana ainda elencou as represas como fonte de alterações do eixo de rotação. Na continuação deste artigo iremos discutir este ponto, tendo em vista que represas entram no mesmo padrão escalar de aquíferos subterrâneos. Também iremos trazer os questionamentos de pontos de validação de tais cálculos, bem como outros fatores naturais de grande peso para esta questão. Há ainda bastante assunto para discutir sobre este tema que só pretende causar o alarmismo de sempre, acusando as atividades humanas, em especial às agrícolas, de causarem mais um tipo de mazela: que alteramos o eixo de rotação da Terra porque plantamos legumes. Falta pouco para nos convencerem de que a nossa existência e ações no planeta causarão o nascer do Sol.

Leia também: “Incêndios no Canadá e queimadas no Brasil: dois pesos e poucas medidas”, texto publicado na edição 172 da Revista Oeste

Fonte: revistaoeste

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