Um estudo inédito do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que as micro e pequenas empresas do país tiveram prejuízo de pelo menos R$ 24 bilhões nos primeiros seis meses de 2020, logo depois do início da pandemia de covid-19.
Entre março e junho de 2020, 716 mil pequenos negócios fecharam as portas no Brasil. Desses, mais de 98% eram micro e pequenas empresas.
“A crise econômica decorrente do isolamento social imposto pela pandemia de covid-19 atingiu profundamente o tecido produtivo do país, levando parte considerável das empresas a fecharem de maneira definitiva suas portas”, informa o estudo Covid deixa sequelas: a destruição do estoque de capital das micro e pequenas empresas como consequência da pandemia de covid-19, feito com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O levantamento do Sebrae e do Ipea segue afirmando que as micro e pequenas empresas, devido à sua fragilidade econômica, foram as mais duramente atingidas. “Como consequência, parte significativa dos ativos fixos dessas empresas foi destruída, por não poder ser reaproveitada em outra atividade produtiva.”
Um dos autores do estudo, Rafael Moreira, assessor do Sebrae, explicou, em nota, que os setores de comércio e serviços foram os mais afetados e que o real impacto da pandemia pode ser ainda pior. “Aa tendência é que as perdas tenham sido maiores. A grande maioria das empresas ficou mais de dois anos com o faturamento muito abaixo do normal, mas tendo que seguir honrando seus compromissos com fornecedores, empregados e credores, com muitos dos custos subindo por conta da forte inflação de 2021 e 2022. Esse é um quadro que nos preocupa”, afirmou.
Os pesquisadores afirmam que “serão necessários, caso não sobrevenha nenhum apoio governamental nesse sentido, entre 1 e 3 anos para total recomposição” do estoque de capital perdido no período.
Ao concluir a análise dos dados, o estudo afirma que é “evidente a necessidade de políticas públicas especificamente direcionadas para a recomposição do estoque de capital desse segmento a fim de permitir uma retomada mais consistente da atividade econômica, especialmente aquelas políticas relacionadas aos instrumentos de crédito”.
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Fonte: revistaoeste