Como é a dieta para atletas? Consumir muitas calorias é comum? No sexto episódio da sétima temporada do Conexão VivaBem, a nutricionista esportiva Thais Barca fala sobre alimentação e performance no esporte.
O ex-nadador Michael Phelps revelou que consumia 12 mil calorias por dia, incluindo macarrão, ovos fritos, pães e doces. Essa alta quantidade de calorias é comum no mundo dos esportes?
É comum e não tem problema desde que a base da alimentação, aquela rica em carnes magras, frutas, verduras e legumes, esteja adequada, para depois a pessoa partir para as calorias, de acordo com Barca.
“Provavelmente ele [Phelps] poderia comer algumas outras coisas diferentes, como pizza, lanches, sorvete, que eram encaixadas próximo ao horário de treino para aproveitar a janela de absorção”, diz a profissional.
Como você monta as dietas para os atletas? É baseada em quais fatores?
“Primeiramente, faço uma anamnese do paciente para entender qual a realidade dele, o que ele gosta, o que não gosta e suas condições de saúde. A segunda etapa consiste em seguir um protocolo específico para atletas para realizar os cálculos e ter o gasto calórico correto. A partir do gasto, distribuo as quantidades de carboidrato (geralmente de 55% a 65%), proteína, gordura e minerais na dieta. Tem que estar tudo equilibrado.”
Tem algum segredo para a recuperação do treino ser mais rápida?
Sim, depende da modalidade, mas geralmente é fazer uma dieta com carboidratos simples e proteína para facilitar com que a proteína vá para o músculo. Também é indicado investir em alimentos vermelhos, roxos, verdes-escuros que possuem compostos bioativos e ajudam no efeito antioxidante e anti-inflamatório.
O jogador de futebol Lionel Messi segue uma dieta à base de vegetais e sua performance dentro de campo é indiscutível. Dietas vegetarianas, veganas e que tenham algum tipo de restrição são mais desafiadoras para quem é atleta?
Na avaliação de Thais Barca, é mais desafiador para quem calcula a dieta do que para quem segue. Mas de forma geral, o atleta precisa consumir alimentos fontes de proteína vegetal, como leguminosas, todos os tipos de feijões (grão de bico, lentilha), tofu, entre outros.
Que grupos de alimentos são mais indicados para o pré-treino e para o pós-treino?
Para o pré-treino, são alimentos que fornecem energia mais rápido, é o caso dos carboidratos simples, como o pão e macarrão brancos e a torrada com doce de leite.
“São alimentos fáceis de o carboidrato ir mais rápido para a corrente sanguínea e, consequentemente, gerar energia mais rápido”, comenta a nutricionista. Isso vale para os treinos mais intensos e resistidos. Para treinos mais leves, é importante equilibrar carboidrato e um pouco de fibra.
No pós-treino, o ideal é consumir proteína animal devido ao alto valor biológico, uma vez que o nosso corpo absorve melhor e vai ser mais fácil de utilizar isso nos tecidos.
No caso dos vegetarianos e veganos, pode ser feita uma combinação de proteína vegetal e carboidrato, em uma proporção que pode ser 4 de proteína para 1 de carboidrato.
Existe algum alimento que é proibido para a dieta de performance esportiva?
É preciso ter cuidado com a escolha da dieta para o pré-treino. Neste sentido, deve-se evitar alimentos ricos em fibras, como aveia e pães integrais, porque isso aumenta a peristalse intestinal, ou seja, aumenta a vontade de ir ao banheiro, principalmente em esportes com impacto, como a corrida.
Consumir alimentos com muita gordura, como abacate, castanhas e pastas de amendoim, também não são uma boa opção, primeiro porque não são fonte de energia rápida e também porque a gordura pode estimular quem já tem o intestino mais solto e regulado.
“A gordura não é uma fonte de carboidrato, então não vai render performance”, explica a nutricionista.
Fonte: uol
Colunista: @chefcarlosmiranda