Depois de fechar um acordo para confeccionar peças para a Shein, gigante chinês do varejo, a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas) anunciou uma demissão em massa de funcionários — ainda neste mês.
Os cortes afetam a unidade de Blumenau, em Santa Catarina. A informação foi confirmada em um ofício encaminhado pela empresa ao sindicato da categoria.
Segundo a empresa, aproximadamente 700 trabalhadores devem ser afetados pelas demissões a partir da próxima semana. A força total de trabalho é de pouco mais de 1,2 mil pessoas.
O documento enviado aos trabalhadores do setor afetado informa que a Coteminas pretende parcelar as rescisões em até 15 vezes.
Funcionários reagem à demissão em massa
Durante assembleia realizada na segunda-feira 3, funcionários afirmaram que não aceitaram o parcelamento da rescisão em 15 prestações. Os trabalhadores criaram uma comissão para acompanhar as discussões com a empresa.
A categoria citou a parceria recente com a Shein para afirmar que houve um aumento nas ações da empresa, movimento que não justificaria a realização dos cortes.
A situação da Coteminas
Desde o início do ano, a Coteminas passa por uma crise financeira e já havia anunciado a necessidade de realizar uma reestruturação da operação. O sindicato afirma que, em janeiro e abril deste ano, a empresa atrasou salários dos trabalhadores.
A empresa pertence a Josué Gomes da Silva, ex-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Gomes sofreu um processo de impeachment e foi removido do cargo em janeiro de 2023. Josué Gomes é filho do ex-vice-presidente José de Alencar.
Na época do acordo, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) disse que isso é uma “recompensa” ao presidente da Fiesp. O parlamentar argumentou que a parceria foi parte de uma “triangulação” mediada por Josué Gomes, com a viagem da comitiva brasileira à China, em abril deste ano.
Fonte: revistaoeste