Depois que o parlamento da Austrália apresentou um projeto de lei para proibir a venda de memorabilia nazista, na semana passada, as maiores lojas militares do país registraram uma “avalanche” na procura por objetos ligados ao Terceiro Reich, reportou a mídia local nesta sexta-feira, 23. Organizações judaicas do país também apontaram um aumento nos leilões de fotografias autografadas por figuras como Adof Hitler, Heinrich Himmler e Johannes Rommel.
A nova regulamentação propõe proibir a exibição e a venda de símbolos nazistas; qualquer lucro com esse tipo de material se tornaria crime. No entanto, o texto não prevê a proibição da propriedade privada ou a transferência sem fins lucrativos – como presente ou doação – dos artefatos.
A JB Military Antiques, maior loja de antiguidades militares da Austrália Ocidental, disse ao jornal britânico The Guardian que a demanda por memorabilia nazista nunca foi tão alta.
“É uma avalanche. Trabalho com comércio em tempo integral há 14 anos e nunca vi esse número de pessoas ligando, enviando e-mails ou comprando de nossa loja”, disse o proprietário Jamey Blewitt. “É como se o posto de gasolina estivesse prestes a ficar sem combustível, então todos estão abastecendo”, completou.
+ Austrália se prepara para receber ciclone capaz de levantar carros
A coleção de artigos militares alemãos de Blewitt consistia em mais de 200 itens, incluindo insígnias, capacetes, uniformes, adagas, medalhas e quepes, a maioria inscritos com a suástica. Grande parte dos objetos já foi vendida.
A JB Military Antiques também vai realizar um leilão neste final de semana, onde vários artefatos nazistas estarão à venda, incluindo distintivos com a suástica e uniformes nazistas. Além disso, outras casas de leilão farão eventos semelhantes.
Também ao Guardian, Henry Fijolek, proprietário da loja Henry’s Military Collectables, afirmou, contudo que o projeto de lei tem suas falhas. Segundo o comerciante, os principais compradores de artefatos militares alemães não são “simpatizantes do nazismo”, e sim colecionadores.
+ Morte em massa de peixes atinge rio australiano; veja vídeo
“Algumas coleções valem milhares ou centenas de milhares de dólares. Neonazistas, por sua vez, compram as imitações baratas”, argumentou Fijolek, acrescentando que, enquanto apoia o banimento de exibições públicas de símbolos nazistas, a proibição das vendas pode abrir um mercado clandestino.
Alguns especialistas criticaram a corrida para capitalizar sobre a proibição iminente. Dvir Abramovich, presidente da Comissão Antidifamação, chamou a situação de “um caso claro de dinheiro acima da ética”.
“A obsessão distorcida e o apetite crescente pela parafernália do Terceiro Reich na Austrália são perturbadores. O fato de que a maioria dos itens está sendo vendida por casas de leilões tradicionais é mais uma prova de que esse fenômeno doentio está prosperando”, criticou Abramovich.
+ Apenas 13 países e territórios registraram ar ‘saudável’ em 2022
De acordo com o diretor administrativo de uma das casas de leilões envolvidas na venda de memorabilia nazista, Dustin Sweeny, políticos estavam entre os compradores. Entretanto, ninguém assumiu as alegações.
Por enquanto, tudo indica que o projeto de lei do governo deve ser aprovado, assim que o parlamento voltar das férias de inverno, em agosto. Além disso, uma emenda para proibir a saudação nazista deve ser adicionada ao texto.
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login
O Brasil está mudando. O tempo todo.
Acompanhe por VEJA e também tenha acesso aos conteúdos digitais de todos os outros títulos Abril*
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
*Acesso digital ilimitado aos sites e às edições das revistas digitais nos apps: Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH. * Pagamento anual de R$ 96, equivalente a R$ 2 por semana.
Fonte: Veja