Publicada há cerca de duas semanas, a Medida Provisória (MP) do carro popular trouxe uma série de medidas fiscais para estimular o setor automotivo. O objetivo principal da MP é baratear o preço do chamado carro popular, na tentativa de reaquecer o mercado, mantendo a atividade industrial e milhares de empregos. Os estímulos do governo já estão beneficiando outros setores da economia. Entenda.
Como a MP do carro popular beneficia outros setores da economia
A ideia do governo federal é que estímulos fiscais – com a desoneração de tributos como PIS, Cofins e IPI – fizessem com que os veículos mais baratos chegassem ao consumidor final por valores próximos a R$ 60 mil.
Apontado como um dos setores que mais sofreram alterações na dinâmica logística, de acordo com pesquisa da Associação Brasileira dos Operadores Logísticos (ABOL), a indústria automotiva, de maneira geral, enxerga, nessas ações de incentivo do governo federal, uma expectativa de melhorias em toda a cadeia de distribuição.
“As ações do governo vêm ao encontro de uma mudança de perfil do consumidor, que deseja veículos com maior tecnologia embarcada e segurança para os condutores e passageiros”, analisa Jazeel Santos, diretor da Loghis/Grupo GPS.
“O desafio a ser superado eleva a complexidade das cadeias de suprimentos e estabelece um novo degrau de integração entre os agentes da cadeia e seus respectivos 3PLs [operadores de logística terceirizados] para atendimento aos consumidores, e portanto o aumento das demandas de novas rotas de transporte e novas áreas de armazenamento”, afirma.
Os processos logísticos regem, de maneira geral, o fluxo de produção de um veículo, seja na entrega de peças para a montagem, seja no armazenamento e movimentação necessárias, durante e após a montagem do veículo em si.
Já nos primeiros meses de 2023, com uma expectativa melhor a respeito do setor produtivo automotivo, as operadoras logísticas já vinham realizando novos investimentos em mão de obra e tecnologia de distribuição e gestão de estoques, conforme apontou estudo do Instituto Paulista de Transporte de Cargas (IPTC).
Santos aponta, ainda, que novas estratégias de atendimento ao abastecimento das linhas de montagem serão necessárias, e as parcerias com 3PLs confiáveis serão de fundamental importância para garantir a qualidade e eficiência dos processos logísticos internos e externos. “O uso de tecnologias integradoras é fundamental para criação de diferencial competitivo e também para proporcionar um caminho rápido e confiável para as novas estratégias de atendimento”, afirma.
Segundo o executivo, assim como os incentivos fiscais, o aumento do emprego de tecnologia nos processos logísticos pode causar também uma importante redução nos custos operacionais do processo logístico das montadoras, o que impacta também diretamente no custo final do produto que será entregue ao consumidor.
Além disso, a tecnologia também representa um importante salto na gestão de riscos e diminuição de falhas, gerando menor prejuízo às montadoras e, portanto, também uma expressiva redução, em termos financeiros, que deverá ser refletido no preço final.
Santos esclarece que não somente em termos de preço o cliente será impactado positivamente, mas também na experiência de compra. Segundo o diretor da Loghis, a digitalização globalizada que vivenciamos faz com que todos os processos, inclusive os logísticos, tenham de ser muito mais ágeis e com menos falhas.
Entender, monitorar e mensurar os resultados de toda a cadeia logística, incluindo aspectos relacionados à armazenagem e, principalmente, o transporte de peças, está diretamente relacionado à velocidade com que a montadora poderá produzir um veículo e, consequentemente, disponibilizá-lo no mercado. A digitalização de tudo fez com que o consumidor tivesse pressa, e o emprego de tecnologias na logística automobilística tem se tornado, portanto, cada vez mais indispensável.
“O uso da tecnologia está cada vez mais presente em nosso cotidiano e isso não pode ser diferente nos processos envolvendo as cadeias de suprimentos, sendo que tecnologias como blockchain e smart cities, entre outras, são portas que devem ser mais bem exploradas em nossas cadeias de suprimentos e portos”, explica o executivo.
Fonte: garagem360.com.br