O presidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou na sexta-feira que enviou armas nucleares para a Belarus, um importante aliado regional na guerra contra a Ucrânia. Em discurso no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, Putin disse, no entanto, que não vê necessidade de recorrer a armas nucleares, por enquanto. O conflito acontece desde 2014, quando o governo russo anexou a Crimeia e começou a armar e incitar separatistas na região de Donbass, no sudeste do país.
“As primeiras ogivas nucleares foram entregues ao território da Belarus”, afirmou Putin. “Apenas as primeiras, a primeira parte. Faremos esse trabalho completamente no fim do verão (do hemisfério norte) ou no fim do ano.”
Segundo o presidente russo, a instalação do arsenal nuclear na Belarus, a primeira movimentação estratégica dessa natureza desde o fim da União Soviética, tem a intenção de ser um aviso ao Ocidente que apoia incondicionalmente a Ucrânia. “É precisamente um elemento de dissuasão para que todos aqueles que estão pensando em nos infligir uma derrota estratégica não sejam alheios a esta circunstância”, disse ele, em uma linguagem diplomática muito fácil de ser traduzida.
O líder russo anunciou em março que havia concordado em instalar armas nucleares na Belarus, lembrando que os Estados Unidos fizeram o mesmo movimento em vários países europeus ao longo de muitas décadas. O presidente bielorrusso, Aleksander Lukashenko, disse na terça-feira que algumas das ogivas enviadas são até três vezes mais poderosas do que as bombas atômicas que os americanos lançaram sobre o Japão em 1945.
O presidente da Rússia também alertou contra a normalização das conversas sobre o uso de armas nucleares, alertando que “o próprio fato de discutir esse tópico já reduz o limite para seu uso”. Ao mesmo tempo, Putin rejeitou a ideia de se envolver em qualquer negociação de desarmamento nuclear com o Ocidente. “Possuímos mais armamento desse tipo do que os países da Otan”, disse. “Eles sabem disso e estão sempre tentando nos persuadir a iniciar negociações sobre redução.”
Fonte: Veja