Uma equipe de cientistas analisou um recipiente para “drinks” do Antigo Egito, que revelou uma bebida “inusitada”. O coquetel era feito com plantas alucinógenas e fluídos corporais, como sangue humano e muco bucal ou vaginal. A primeira versão do estudo foi publicada na plataforma Research Square, em 31 de maio.
“Nossas análises revelaram vestígios de Peganum harmala, Nimphaea nouchali e Nimphaea caerulea, e uma planta do gênero Cleome, todas tradicionalmente comprovadas como tendo propriedades psicotrópicas e medicinais”, escrevem os pesquisadores.
Os autores do estudo também descobriram que a bebida continha vestígios de um líquido alcoólico derivado de frutas fermentadas, bem como mel ou geleia real. No entanto, o que mais chocou os cientistas foi a “alta presença de proteínas humanas”, todas provavelmente adicionadas para fins cerimoniais. “Isso inclui fluidos como leite materno, fluidos mucosos (oral ou vaginal) e sangue”, registram os autores.
Os pesquisadores disseram que os fluidos humanos sugerem o envolvimento direto dos egípcios em rituais. “Essas descobertas contribuem para nossa compreensão dos antigos sistemas de crenças, práticas culturais e a utilização de recursos naturais”, explicaram os cientistas.
Sobre o ‘drink egípcio’
A planta P. harmala é popularmente conhecida como arruda síria. De acordo com os cientistas, as sementes dessa planta produzem grandes quantidades de compostos chamados alcaloides (harmina e harmalina), que induzem a visões oníricas. Os pesquisadores informam que “a evidência mais antiga do uso humano de P. harmala no Egito pode ser rastreada até o período pré-dinástico através da descoberta de sementes datadas de 3700 a 3500 a.C.”.
A bebida teria sido ingerida por membros de um culto de adoração ao deus egípcio Bes, o protetor de grávidas e crianças. Esse deus possuía uma forma de gato. De acordo com o portal IFLScience, o recipiente onde estava a bebida tinha o formato da cabeça de Bes, descrito como “parte anão, parte felino”.
Os fiéis acreditavam que a bebida poderia fornecer “proteção contra o perigo, ao mesmo tempo em que evitava danos e era capaz de prevenir o mal com seu poder”. Os membros do culto de Bes tomavam o drink em vasos de cerâmica decorados com a efígie ou a cabeça do deus, conhecidos como “vasos de Bes”. Um dos copos data do século 2 a.C.
Fonte: revistaoeste