Ao que tudo indica, o Brasil já está prestes a retomar as negociatas climáticas por meio da financeirização do carbono, o chamado “mercado da fumaça”. Isso mesmo embora o gás carbônico (CO2) seja invisível, inodoro e essencial à vida, os burocratas, políticos e toda a sorte de aproveitadores pretendem não só limitar as suas emissões, bem como lucrar — e muito — com elas.
A aprovação de projetos de lei como o 412/2022, entre outros, pretendem dar providências à continuidade da falácia climática de forma cada vez mais institucional. Incluindo-se a cobrança de impostos pelos lucros obtidos pelos títulos emitidos.
Se há mil anos contássemos uma história para as pessoas que falasse que elas teriam que limitar o uso de fogueiras porque o céu cairia sobre suas cabeças, com tormentas e temperaturas escaldantes, mas tudo isto seria devidamente evitado simplesmente se pagássemos algum tipo de tributo, certamente seríamos taxados de loucos, senão exploradores, picaretas e até mesmo bruxos. E com grandes chances de acabarmos na mesma fogueira que problematizávamos.
O Brasil, nação que tem por excelência tudo para disparar neste processo de prosperidade, só não tem uma coisa: políticos patriotas
Pois é. Esta é a mesma situação transcendental que vivemos atualmente, travestida de responsabilidade socioambiental planetária. Uma nova roupagem para a mesma situação hipotética de loucura e estupidez, trazida ao século XXI, justificada por arcabouço dito científico totalmente inexistente. Nesse arcabouço hipóteses sem fundamentação se tornam tese para objetivar cumprir metas de controle e, se possível, com muito lucro.
Lucro este obtido da miséria das pessoas, da venda de um terrorismo climático, do cerceamento de direitos, desde os mais fundamentais aos civis modernos tão aclamados pelo humanismo, além do controle das formas de produção, uso da terra e energia, tentando reter ao máximo o desenvolvimento humano dos países. O Brasil, nação que tem por excelência tudo para disparar neste processo de prosperidade, só não tem uma coisa: políticos patriotas.
A política brasileira, o Protocolo de Kyoto e o mercado do clima
O engajamento do Legislativo federal e, de forma generalizada, por todo o país nas câmaras inferiores mostram o quão míopes estão os responsáveis em conduzir o Brasil. De fato, estão conduzindo-o à ruína de forma oficial. Usam a soberba de suas falas vazias como “Precisamos honrar os compromissos firmados lá fora”, esquecendo que antes precisam honrar os compromissos firmados aqui dentro, com o povo, as forças produtivas e a pátria!
Assim, quanto mais “estufa” e raro ele for, mais “caro” serão os títulos emitidos em certificados. Lindo, não?
O “mercado da fumaça (inexistente)” não é novo. Nasce do Protocolo de Kyoto, que foi tomando forma durante os anos de 1990, estabelecendo-se definitivamente em dezembro de 1997, quando houve a financeirização do carbono e seus equivalentes. Para que isto se torne possível, o Intergovernmental Panel on Climate Change, o painel do clima da Organização das Nações Unidas, por meio de seus relatórios inúteis simplesmente decide qual gás é estufa, atribuindo-lhe um peso neste processo fantasioso. Assim, quanto mais “estufa” e raro ele for, mais “caro” serão os títulos emitidos em certificados. Lindo, não?
De qualquer forma, “Kyoto” estabeleceria a existência de dois grupos. O primeiro grupo de países foi denominado como “Países Partes Anexo I”, chamado, também por grupo A, era constituído pelos países ricos pertencentes à Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Basicamente, nações com grande poderio industrial, bem como pelos países recém saídos da influência do regime soviético, cujo crescimento industrial foi bastante acelerado na última década do século XX, tornando-se assim rapidamente mais prósperos.
Interessante que Liechtenstein, um principado europeu de 150 quilômetros quadrados, fez parte deste grupo de países ricos industrializados. A não ser que castelos sejam considerados fábricas, fica claro então o tamanho do embuste, pois o principado poderia simplesmente intermediar negócios em forma de cotas. Este grupo estaria disposto a comprar títulos de emissão do segundo grupo, os chamados “Países não-Partes Anexo I” (uma forma bacana de dizer que são pobres e atrasados, se não otários).
Essa segunda lista, por sua vez, envolveriam todos os países em desenvolvimento, os quais não possuiriam um compromisso efetivo de redução, mas obrigatoriamente deveriam — manter inventários nacionais de emissões de carbono — detalhadamente atualizado! Para que isto? Para saber o tamanho do filão que poderia ser (e continua sendo) negociado.
Como se deram — e são — as negociações
Uma vez que isto ficou estabelecido, iniciam-se os negócios. Um país rico que quisesse produzir mais por meio da sua indústria compraria, em forma de títulos, o direito de um país pobre de emitir seus gases. No final das contas, o que não foi emitido pelo país pobre, foi emitido pelo rico e, portanto, deu zero! Foi trocar seis por meia dúzia! Até este momento, identificamos o alto grau de picaretagem do esquema, mas qual foi a grande armadilha?
Se o truque não ficou bem elucidado, deixemo-lo mais escancarado. O país rico produziu, gerando mais divisas e empregos, enquanto que o pobre não produziu, não gerou riqueza, desenvolvimento e, o pior de tudo, não se tornou mais independente, porque terá que efetuar as suas compras nos países que mantiveram seu poderio industrial. Máquinas, computadores, remédios e até parafusos virão de fora! Fica óbvio que a conta não fecha!
Como era esperado, para a questão climática, nada aconteceu, porque ninguém viu nenhuma “mudança climática” pelo efeito “Kyoto”
A situação ainda piora. Isso porque o suposto dinheiro recebido para não se fazer nada terá que ser investido em aparatos de alta tecnologia (e baixo rendimento), como, por exemplo, mudança de formas de geração de energia, por meio do emprego de outro dispositivo de “Kyoto”, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, que de limpo não tem nada. O objetivo desta outra parte, além de garantir mais dependência tecnológica dos países mais pobres (lembre-se, eles não podem produzir e ter fábricas) ainda supostamente alcançaria uma redução da emissão de CO2 gradativamente a valores cada vez mais baixos para os já ultrapassados anos de 2008 a 2012, com a finalidade de se criar uma certa “escassez” de CO2 no mercado e não de reter o “aquecimento global”.
Mais de dez anos se passaram e o tiro saiu pela culatra, pois lá naquele tempo a tonelada de CO2 chegou a valer apenas US$1,50, não valorizando, mas perdendo seu rendimento. Mesmo assim, no auge da coisa, bilhões de dólares foram trocados pelo mundo. Como era esperado, para a questão climática, nada aconteceu, porque ninguém viu nenhuma “mudança climática” pelo efeito “Kyoto”, pois CO2 nunca teve nada a ver com o clima.
De fato, a única coisa que ocorreu foi o enriquecimento de espertalhões pelo mundo, incluindo Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos. Como a expectativa que tais papeis se valorizassem com o passar do tempo não aconteceu, “Kyoto” acaba malogrando. É justamente neste ponto que surgem as novas “correções”, com o Acordo de Paris, forçando que as metas sejam cumpridas, não por causa de clima, pois nunca foi, mas para que os tickets climáticos continuem a subir devido à escassez de CO2 cada vez mais crescente, agora determinada como compromisso global para remediar uma emergência inexistente!
Projetos para aquecer esse mercado no Brasil
É justamente por isto que surgem todos esses projetos de lei. Criar a escassez devida para valorar títulos de créditos de carbono, com o sacrifício da nação. O PL 412/2022, cujo relator é Tasso Jereissati (PSDB-CE), pretende regulamentar o chamado Mercado Brasileiro de Redução de Emissões (MBRE), objetivando regular a compra e venda de créditos de carbono no país. Vejam que a palavra-chave é “redução”.
Projetos semelhantes estão elencados no Senado Federal, como o PL 3.606/2021, do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), que institui o marco regulatório para o MBRE; o PL 2.122/2021, do senador Weverton (PDT-MA), que define regras para ativos financeiros associados à mitigação das emissões de gases de “efeito-estufa”, portanto uma gama maior de gases; e o PL 4.028/2021, do senador Marcos do Val (Podemos-ES), que estabelece diretrizes para regular o mercado de carbono no Brasil, segundo a Agência Senado.
A cegueira é o mal deste século e o pior é ser guiado por cegos
Vemos o quanto o Senado está empenhado nesta “causa”, como se não houvessem prioridades essenciais ainda ao Brasil. Com isto, além de conseguirem alguma espécie de mecanismo que valore os tickets na bolsa (até o fechamento deste artigo, o ticket Créditos de Carbono Futuros – CFI2Z3 para dezembro de 2023 estava cotado a € 87,51, com alta de 2,10%). Também conseguem tirar o quinhão governamental, aplicando taxas e impostos, o que garante os orçamentos vultuosos deste país e, é claro, salários cada vez maiores aos poderes do Estado.
Enquanto isto, a China e Índia continuam com seus projetos, abrindo plantas energéticas a carvão e petróleo e não estão nem aí para as tais metas de redução, simplesmente participando do teatro desse mercado, sem de fato levar a cabo tais perspectivas.
Só quando as condições piorarem ao extremo é que alguém perceberá a armadilha suicida em que o país caminha? O embuste já está armado. Resta a nós o que mais, se tudo já foi esclarecido ao extremo? A cegueira é o mal deste século e o pior é ser guiado por cegos. Se depender do legislador brasileiro, a adoração muda de deus. Sai Gaia e entra Mamon. No fim dá no mesmo. Desviaram a adoração ao verdadeiro Senhor.
Leia também: “A hipótese do ‘aquecimento global’ está errada também quando o assunto é furacões”
Fonte: revistaoeste