O ex-secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Rasmussen, afirmou nesta quinta-feira, 8, que um grupo de países membros está disposto a enviar soldados para a Ucrânia caso não não sejam dadas garantias de segurança tangíveis a Kiev durante a cúpula da aliança em Vilnius.
Rasmussen, que tem atuado como uma espécie de conselheiro do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre o futuro da Ucrânia no contexto da segurança europeia, tem viajado pela Europa e Estados Unidos para avaliar a mudança de humor dos aliados antes do início da cúpula, em 11 de julho.
Para ele, as garantias de segurança precisam incluir o compartilhamento de inteligência, treinamento conjunto em território ucraniano, produção aprimorada de munição, interoperabilidade da organização ocidental e um suprimento de armas suficiente para impedir a Rússia de um novo ataque.
Segundo o atual chefe da Otan, Jens Stoltenberg, a cúpula de Vilnius vai abordar as garantias de segurança à Ucrânia, mas, de acordo com o artigo 5 da aliança, só é permitido fornecer garantias de segurança plenas aos membros do bloco.
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“Se a Otan não conseguir chegar a um acordo sobre um caminho claro para a Ucrânia, há uma possibilidade clara de que alguns países possam agir individualmente”, comentou Rasmussen.
Ele afirmou ainda que a Polônia, já empenhada em prestar assistência concreta à Ucrânia, pode se envolver ainda mais fortemente e “ser seguida pelos estados bálticos, incluindo talvez a possibilidade de soldados no terreno.”
“Os poloneses considerariam seriamente formar uma coalizão de voluntários se a Ucrânia não conseguir nada em Vilnius. Os poloneses sentem que, por muito tempo a Europa Ocidental, não ouviu suas advertências contra a verdadeira mentalidade russa”, acrescentou o ex-secretário.
Alguns membros da Otan são favoráveis às garantias de segurança para evitar uma discussão sobre a adesão plena da Ucrânia à aliança.
Mas, mesmo que um convite de ingresso não seja feito na cúpula de Vilnius, existe a possibilidade de que os Estados membros comecem a discutir uma possível adesão no contexto da cúpula do ano que vem, que ocorrerá em Washington.
Fonte: Veja