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Ciência & Saúde

Apneia do sono e os danos na massa branca do cérebro: entenda a relação

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Um estudo publicado em maio no periódico especializado Neurology encontrou uma correlação entre casos graves de apneia do sono obstrutiva e comprometimento da chamada massa branca, um tecido que provê sustentação, nutrição e isolamento elétrico aos neurônios.

O estudo analisou 140 idosos saudáveis, com idade média de 72 anos. Nenhum deles apresentava nenhum problema cognitivo ou sinal de demência. 34% dos participantes tinham apneia leve, 32%, moderada e 34%, grave.

Quem tem a forma grave da apneia passa menos tempo no sono profundo – o estágio anterior ao sono REM, que é a etapa em que sonhamos. Os níveis de oxigênio caem e as leituras de dióxido de carbono, pressão arterial e frequência cardíaca pioram, o que leva a um efeito dominó de consequências deletérias para a saúde. 

“Todas essas mudanças levam ao aumento da inflamação no corpo e no cérebro e à ativação de hormônios do estresse que aumentam nossa pressão sanguínea e afetam nosso metabolismo. O sangue pode ficar mais espesso”, afirma à CNN americana Diego Carvalho, um dos pesquisadores que assina o estudo.

“O suprimento insuficiente de sangue para o cérebro pode causar morte de neurônios ou comprometimento da substância branca, o que pode contribuir para o declínio cognitivo”.

No cérebro dos idosos que participaram do estudo, os cientistas identificaram pequenos pontos brancos, chamados hiperintensidades da massa branca. São eles que mostram o grau de dano a que o tecido foi submetido.

Para cada redução de 10% no tempo passado em sono profundo, houve um aumento de hiperintensidades da substância branca no cérebro equivalente ao efeito de ser 2,3 anos mais velho.

Anormalidades assim têm sido associadas ao aumento no risco de doença de Alzheimer e outros tipos de demência (ainda que não sejam, evidentemente, garantia de que esses problemas ocorrerão), bem como a chances maiores de apresentar depressão, ansiedade e irritabilidade.

Apneia: sintomas e tratamentos

Estima-se que 1 bilhão de pessoas acima de 30 anos – quase um sétimo da população mundial – sofram de apneia do sono. A respiração se interrompe total ou parcialmente durante a noite por segundos ou, em casos mais graves, minutos.

Ela vem em dois tipos. A obstrutiva é a mais comum: ocorre quando há uma barreira física impedindo a entrada do ar. A central é mais rara, e ocorre quando o cérebro interrompe a respiração acidentalmente, ainda que não haja nenhum obstáculo. 

Um sinal clássico de apneia é um ronco ruidoso entremeado por silêncios repentinos, que correspondem aos momentos em que não há ar passando. O barulho pode incomodar cônjuges e familiares, mas o dorminhoco também não dorme direito, e acaba ficando sempre cansado. A exaustão contínua, naturalmente, compromete segurança, vida profissional e relacionamentos.

Atualmente, o principal tratamento para a apneia obstrutiva é usar um aparelho conhecido pela sigla CPAP (em inglês, continuous positive airway pressure, “pressão positiva constante nas vias aéreas”), que ajusta a pressão do ar inspirado para facilitar sua entrada nos pulmões. Para alguns casos, também há a opção cirúrgica.

O problema do CPAP é que a aceitação é baixa. Como o tratamento é incômodo – é preciso pegar no sono com uma máscara similar às usadas para inalação – algo entre 8% e 15% dos pacientes desistem na primeira noite, e metade largam o equipamento em até um ano. 

Fonte: abril

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